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Qualquer adepto que goste de desporto tem a noção que um derby é um jogo que traz à flor da pele a velha rivalidade entre dois clubes. São, a priori, jogos vibrantes, disputados com grande intensidade e com incerteza no resultado. Foi precisamente isso que aconteceu, no passado sábado, no pavilhão da Gândara, quando a Sismaria recebeu e venceu a Juventude do Lis.
Quem se deslocou ao 'caldeirão da Estação', como é carinhosamente apelidado pelos locais, teve a oportunidade de assistir a um jogo e a um ambiente que em nada defraudou as expectativas. Bem pelo contrário, acabou mesmo por trazer à memória os grandes duelos disputados no velhinho pavilhão de Leiria. Mas lá chegarei…
Apesar da superioridade global da equipa comandada por Pedro Violante, os pupilos de André Afra venderam cara a derrota. Foi um jogo bem disputado, mas decidido nos minutos finais, com a Sismaria a puxar dos galões e da experiência, e a carimbar a vitória por 21 – 19. Golos, defesas, "agressividade", exclusões e muito público.
O 'caldeirão da Estação' contou com casa cheia. Foram entre três a quatro centenas de pessoas, que deram colorido e alma às bancadas. Estiveram reunidos todos os elementos necessários, e maisalguns, para reviver um derby à moda antiga, capaz de fazer corar muitos pavilhões de equipas da 1.ª Divisão.
Foi de encher o olho, foi um hino ao andebol em Leiria, foi um jogo que prestigiou o desporto na cidade. No fim da partida, a gigante ovação vinda da bancada foi a prova disso mesmo. E foi embrulhado nesta bonita moldura humana, que, inconscientemente, recuei até ao meu velhinho pavilhão de Leiria. Perdão, ao nosso. Casa onde, curiosamente, alguns dos intervenientes deste jogo deram os primeiros toques na bola.
Regressei, por momentos, a um espaço com mística, estrategicamente colocado no coração da cidade e que funcionava como um agregador de muitas gerações em torno de um desporto. No sábado, depois de assistir a um derby no 'caldeirão', voltei a sentir o efeito da poção mágica. Voltei a respirar andebol. Voltei a perceber que o cheiro da resina parece perfume, que o som das sapatilhas fazem os acordes de uma bela música e que o barulho ensurdecedor das bancadas nos faz regressar aos tempos da infância e juventude. Tanto para aqueles que ainda pisam a quadra, como para os outros – como eu – que agora se sentam na bancada. O andebol tem destas coisas… Foi um derby à moda antiga.
