A mais recente descoberta jurássica da Serra de Sicó vai ser apresentada no XI Congresso Nacional de Geologia, que decorrerá na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, entre os dias 16 e 20 de Julho.
Trata-se de uma pegada de um animal que, acreditam os cientistas, se deslocava em duas patas, com três dedos cada.
Silvério Figueiredo, paleontólogo no Instituto Politécnico de Tomar, fez a descoberta.
Explica que a nova pegada foi encontrada na sequência de uma deslocação ao local, no concelho de Pombal, onde, há dois anos, o Grupo de Protecção Sicó já havia identificado uma pegada que revelaria ser de um dinossauro terópode, um animal bípede provavelmente carnívoro, percursor das actuais aves.
[LER_MAIS]Desta vez, o investigador crê que, embora não se trate de uma pegada directa, mas de uma marca de pressão no solo criada pelo animal, a impressão deverá ser de um ornitópode herbívoro.
“Descobrimo-la na mesma formação da anterior, a apenas alguns metros de distância da outra, mas talvez não na mesma camada”, conta.
Ambas datarão de há 168 milhões de anos e do Jurássico Médio.
Naquele tempo, o que é hoje a Serra de Sicó faria parte das margens de um mar pouco profundo, que acabaria por rasgar o super-continente Pangeia em dois.
Nesta zona litoral, a existência de lama calcária margosa e de areias finas contribuiria para a preservação das pegadas de vários tipos de animais que frequentavam aquelas margens.
“Esta nova pegada é mais um registo que aumenta o nosso conhecimento. É um animal diferente e dá-nos mais informação sobre a paleo-biodiversidade deste período”, explica Silvério Figueiredo.
O cientista admite que haja mais registos fósseis à espera de serem encontrados nesta zona, contudo, o terreno, a vegetação cerrada e a fragilidade da rocha tornam a investigação difícil.
O paleontólogo acredita ainda que o emprego de técnicas como o LiDAR, tecnologia óptica de detecção remota que usa luz reflectida para obter informação sobre um objecto e da Inteligência Artificial poderão ajudar a fazer um retrato daquilo que a Sicó esconde.