O design enquanto acção/verbo, do inglês – to design, significa planear algo e é comum a disciplinas ligadas à prática de projecto, como a arquitectura ou a engenharia.
Ou seja, um projecto que envolve o design de algo, seja uma praça pública, um centro de artes comunitário ou um vaso em cerâmica, promove o planeamento, futuro, do contexto em que existirá, sendo este económico, cultural ou meramente material.
Nesta perspectiva, já que o projecto incide sobre um problema, oportunidade ou necessidade que foi encontrada, desejada ou determinada por um grupo de pessoas, e que se procura que se mude, o design enquanto actividade está mais presente nas nossas vidas do que possamos pensar.
Sobretudo em contextos de cocriação, onde a comunidade é chamada a intervir, opinando ou agindo sobre o projecto em questão, todos são designers.
Disto é um bom exemplo a plataforma de desenvolvimento comunitário OpenIDEO da agência criativa e de inovação social IDEO, que lança continuamente desafios a comunidades locais e globais para em conjunto pensar em soluções simples mais desafiadoras.
A exposição das comunidades a ferramentas de inovação social, como as redes sociais ou o crowdfunding, provoca inequivocamente a mudança sustentada e apoiada, já que une pessoas que estariam à partida impossibilitadas [LER_MAIS] de se comunicarem.
Como consequência, causas comuns, como o movimento #metoo ou o Ocean Clean Up project, têm mais ressonância global e tornam os seus proponentes em activistas.
Apesar do activismo ter tido historicamente uma conotação negativa, empregando tácticas de boicote ou bloqueio e da crítica por si só ser vista como infrutífera, tenho assistido a uma mudança de mentalidades na aceitação de causas fracturantes, sejam ambientais ou sociais.
Neste sentido, o design pode contribuir decisivamente para as mudanças da sociedade, como diz Ezio Manzini, não apenas fazendo reivindicações mas criando ferramentas e contextos propícios e dispô-los ao alcance da comunidade.
*Director criativo
paulo.sellmayer@vicara.pt