Cerca de 90 pessoas viveram uma manhã de sábado diferente, ao entrarem no Regimento de Artilharia n.º4 (RA4), em Leiria, para praticarem exercício físico com uma vertente militar. À chegada, pelas 9:30 horas, um militar de altifalante em punho já fazia todos os participantes andar “a passo de corrida”, uma das expressões utilizadas dentro da unidade para colocar as pessoas a correr.
O Bootcamp Military Challenge, promovido pelo ginásio Phive, regressou ao quartel com uma junção de exercícios militares e funcionais que visaram, sobretudo, fomentar o convívio entre sócios e, ao mesmo tempo, dar a conhecer parte do treino que estes militares enfrentam na carreira.
Após a divisão de equipas, os participantes começaram por aprender algumas regras básicas associadas à disciplina militar, seguidas de um aquecimento que, por ele próprio, deixou-os já a demonstrar algum cansaço.
Era para isso que ali estavam e passaram para os exercícios de equipa. Diferentes estações introduziram exercícios militares, que incluíram a corrida com coletes que pesavam entre 10 a 12 quilos, subida a uma corda, puxar uma viatura ou mesmo a simulação de transportar uma vítima numa maca por debaixo de arame, que não era farpado.
As actividades exigiam um grande esforço físico mas, mais do que resistência e técnica, o ingrediente essencial para aquela manhã foi mesmo boa disposição, sentimento partilhado também pelos militares que dirigiam as actividades.
“Acaba por ser interessante ver a dinâmica e a forma bem-disposta como interagem connosco. Muitas delas ficam surpreendidas pela forma como nós interagimos com eles”, confessou o sargento-ajudante Rui Leal, responsável do RA4 pela organização do bootcamp.
Júlio Santos, de 56 anos, foi um dos repetentes que não perdeu a oportunidade de regressar ao RA4. Esteve na primeira edição e, na segunda experiência, garantiu que voltou a ser “espectacular”. Cumpriu serviço militar em Abrantes e, mais do que reavivar memórias, participa na actividade pelo “bom espírito de convívio que existe”. “Consegue-se perceber a parte da disciplina e de trabalhar em equipa. Aprende-se bastante aqui, visualiza-se e, acima de tudo, é uma boa experiência”, reforça.
Por sua vez, Isabel Saldanha acredita que “todas as pessoas deviam ter esta experiência”. Aos 52 anos, juntou-se à iniciativa pelo “convívio” e, sobretudo, por ser doente oncológica e acreditar que o exercício físico é “meio caminho andado” para melhorar a saúde.
Antes de ser chamada para um dos exercícios, Mariana Cerejo também frisou o convívio que caracteriza os bootcamps dinamizados pelo Phive. “Acabamos por ser mais grupo, mais unidos.”
A directora do Phive, Elsa Dinis, realça que o intuito do clube é levar as actividades para “fora de portas” e, o facto de o feedback ser tão positivo, leva-a a adiantar que o intuito é “chegar a uma terceira edição, eventualmente a uma quarta”.
Esta foi uma das actividades que demonstra a vontade do RA4 em abrir as portas à comunidade. Com o desporto como um dos pilares desta instituição, a unidade militar está disponível para receber mais actividades semelhantes. “Este pode não ser o público-alvo directamente recrutável, mas acaba por ser uma divulgação”, adianta Rui Leal.
Fica, sobretudo, o sorriso no rosto de cada participante à saída do regimento.