Para proteger a fauna e flora únicas do bioparque da Charneca, em Pombal, ambientalistas e investigadores propõem a classificação do espaço como reserva natural.
Uma análise leve ao espaço levou cientistas a concluir a existência de uma riqueza ímpar em biodiversidade.
Foram identificadas mais de 250 espécies de fauna e de flora, muitas delas raras e ameaçadas, ou pelo menos, raras na região.
Destacam-se plantas carnívoras, como a orvalhinha (Drosera intermedia) ou a pinguícula (Pinguicula lusitanica), e outras espécies, típicas de turfeiras, como urzes, juncos e carriços.
No dia 21, Os Amigos do Arunca/GPS organizaram uma visita à área com o ecólogo Jael Palhas, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária de Coimbra, e o geógrafo Miguel Geraldes, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa e do Greifswald Mire Centre (Alemanha).
Os investigadores consideraram o bioparque como “uma das áreas com maior valor para a conservação da natureza na região”.
Além das 120 espécies singulares de flora, identificaram “muitas outras raridades de relevo internacional, algumas delas em perigo de extinção nos Livros Vermelhos das floras vasculares de Portugal e Espanha”.
É o caso do carriço-dos-brejos (Rynchospora modesti-lucenoi) e um cardo endémico de solos turfosos, o cardo-dos-brejos (Cirsium welwitschii).
“O cardo-dos-brejos tem aqui, provavelmente, a sua maior população conhecida em todo o mundo”, sublinha Emanuel Rocha, d’Os Amigos do Arunca/GPS.
“Quanto às plantas não vasculares, a presença de musgos do género Sphagnum veio trazer ainda mais interesse para a conservação desta área”, adianta.
Perante estas descobertas, o próximo passo poderá ser a criação de uma reserva natural no Vale de Degolaço.
Jael Palhas e Miguel Geraldes afirmam que esta “é uma zona húmida de conservação prioritária, protegida ao nível da União Europeia e por outras Convenções Internacionais que Portugal assinou e ratificou”.
Na reunião, estiveram a vereadora Catarina Silva e o presidente da câmara Pedro Pimpão, que se comprometeram com o esforço de classificar a área e candidatá-la à integração na Rede Nacional de Áreas Protegidas.
“Pombal poderá assim apresentar mais uma jóia do seu património natural na celebração do Dia Internacional das Zonas Húmidas”, acredita Emanuel Rocha.