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Home Opinião

Dicionário improvisado (VI)

Paulo Kellerman, escritor por Paulo Kellerman, escritor
Junho 9, 2022
em Opinião
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Autoconsciência
Há um palhaço que não sabe que é palhaço. Faz palhaças, e não percebe que são palhaçadas. Será que o melhor palhaço é o que não sabe que é palhaço?

Embate
Os pensamentos não obedecem a direcções definidas ou previsíveis; e os melhores são os que surpreendem, aqueles que surgem subitamente em contramão: embatem nas nossas certezas e forçam-nos a seguir numa nova direcção.

Jardim
A borboleta, que sempre viveu num jardim, vê o mar pela primeira vez. E deslumbra-se. Voa sobre as ondas, livre. A borboleta, que sempre viveu num jardim, não sabe que no mar não existem flores onde pousar.

A borboleta voa. E deslumbrada, morre. Mas antes de morrer, pergunta por que motivo não existem jardins no mar; e imagina como seriam esses jardins, se existissem. Imagina como seriam as flores do mar.

Segunda-feira
O momento em que as primeiras gotas de água tocam a pele parece-lhe quase mágico: como se esse toque sinalizasse o início de uma libertação.

A água do chuveiro cai no peito, nos braços, nos ombros, e é como se se sentisse abraçada; não por uma pessoa, mas pelo próprio universo. Um universo que apesar de não ter forma, pode abraçar.

Depois, aproxima-se uns centímetros do chuveiro e a água toca novas partes da sua pele, como se atraísse o seu corpo para um abraço mais profundo.

Fecha os olhos e deixa-se embalar pelo toque, pelo calor, pelo conforto, pela serenidade. Gosta de escutar o som do pingar, parece-lhe uma música hipnótica que a transporta para algo de primordial, para uma remota ligação à matéria, ao universo; uma ligação que antecede e transcende a sua própria humanidade.

Sente-se leve e solta. Acolhida e protegida. Poderia permanecer assim uma infinidade de tempo, a sentir o corpo; e através desse sentir do corpo, a vivenciar uma espécie de espiritualidade muito particular: uma ligação a algo externo, uma sensação de pertença a algo maior e inexplicavelmente simples. Um abraço que não é físico. Uma libertação através do toque.

Claro que virá o momento em que algo a fará abrir os olhos: geralmente um som; talvez um vizinho, talvez um cão, talvez um pássaro.

Abrirá os olhos e sorrirá, feliz por regressar ao seu próprio corpo. Tocar-se-á, sentindo a pele molhada com os dedos, sem conseguir perceber de imediato onde começa a pele e termina a água: sentindo o que há de mais concreto em si, que é também o mais efémero.

Decidirá que irá contar até cem, e quando lá chegar desligará a água. Começará a contar: um dois três quatro cinco seis sete oito nove e distrair-se-á com um qualquer pensamento inesperado.

Os pensamentos entrelaçar-se-ão uns nos outros, levando-a atrás; e apenas muito tempo mais tarde se lembrará que era suposto estar a contar até cem. Irá rir, e num gesto súbito que se confundirá com o riso fechará a água.

Ficará a escutar os últimos pingos a cair, a água a fugir pelo esgoto; e depois de não haver o que escutar, ficará a recordar o som dos últimos pingos, o som da água a fugir pelo esgoto.

A escutar a água a fugir pelo esgoto, mas a sentir a vida agarrada à pele.

Etiquetas: opiniãoPaulo Kellerman
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