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Home Opinião

Dicionário improvisado XXV

Paulo Kellerman, escritor por Paulo Kellerman, escritor
Abril 4, 2024
em Opinião
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Asas 
As duas meninas estão sossegadas num canto do parque, sentadas no chão; partilham um brinquedo e parecem felizes juntas. Brincam em silêncio, mas há um momento em que começam a falar; primeiro tranquilamente, depois com maior intensidade. “Estás a mentir, as pessoas não têm asas. Ninguém tem asas, e tu também não.” “Tenho, tenho.” “Não tens.” “Tenho.” “Não tens.” “Tenho.” “Mostra.” “Estás a olhar para elas.” “Não vejo asas nenhumas.” “Então olha melhor.” “Mas onde estão?” “Nas orelhas. As minhas asas estão nas orelhas.” “Então voa até ao cimo daquela árvore.” A menina fecha os olhos e diz: “Já está.” “Mentira. Não te estou a ver em cima da árvore.” “Não tenho culpa de teres a imaginação avariada.” “Então quer dizer que podemos ter asas onde quisermos?” “Claro.” “Pensava que tinha de ser nas costas.” “Isso é para os pássaros.” “Estão bem. Vou pensar onde quero ter as minhas asas.” “Ok. Depois ensino-te a voar.” 

Azul 
Que se saiba, apenas aconteceu uma vez em toda a história do mundo; e foi feio, muito feio. Aconteceu que numa manhã de Primavera o azul do mar começou a discutir com o azul do céu sobre qual dos dois era o verdadeiro azul. Discutiram muito, durante todo o dia, de forma intensa e agreste, cada vez mais exaltados, mais furiosos, mais frustrados; incapazes de chegarem a um entendimento, a um consenso. Até que anoiteceu e ambos os azuis desapareceram, indistinguíveis no negro da noite. Calaram-se, finalmente; e não voltaram a discutir enquanto houve noites.

Cobertor 
Por vezes, vencemos o tempo; basta vivenciar algo que o baralhe e o faça fugir, confuso e embaraçado. Para onde foge o tempo, quando precisa de fugir? Não sabemos, mas é certo que por vezes desaparece e nos deixa entregues a nós próprios. Um exemplo. Num domingo à tarde deito-me num sofá e adormeço; mas sete segundos antes de adormecer, sinto a aproximação da minha mãe; silenciosamente, pousa um cobertor sobre mim; aconchego-me e só então adormeço. Tenho quarenta e nove anos, e não nove. O tempo fugiu, levando consigo quarenta anos; assustado por um cobertor.

Contabilidade 
Nos últimos meses morreram trinta e uma mil pessoas em Gaza. E se fosse dado um abraço a cada uma delas? Dez segundos. Dez segundos de abraço por pessoa. Seriam necessários trezentos e dez mil segundos. Oitenta e seis horas. Uma eternidade. Mas agora é demasiado tarde para abraços.

Desprendimento 
Por vezes, sentia-se feliz. Um momento, um simples momento; e a súbita consciencialização: ah, estou a sentir-me feliz. Aqui, agora, feliz. Neste momento. Mas precisou de anos – muitos anos – para entender e aceitar que é da natureza de cada momento passar. Aqui, agora, feliz; puff, passou. Precisou de anos – muitos anos – para entender e aceitar que tentar agarrar-se a um momento feliz é tão absurdo como tentar pegar uma nuvem com as mãos e abraçá-la, para que não se vá embora. 

Etiquetas: abraçoasasazulcontabilidadecontocrónicadesprendimentodicionárioescritagazaLeiriaopiniãoPaulo Kellermanregião de Leiria
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