Num centro de reciclagem de lixo, quatro trabalhadores dão novo uso a todo o tipo de resíduos, que transformam em instrumentos para números musicais. É o momento inaugural da 41ª edição do festival Música em Leiria e chega de Espanha, protagonizado pelas companhias Yllana e Töthem.
Trash!, produção que junta comédia, movimento e percussão, vai a palco no Teatro José Lúcio da Silva, pelas 21:30 horas, nesta sexta-feira, 17 de Março. E oferece, também, um olhar sobre o excesso de consumo em algumas sociedades contemporâneas.
Depois do recital de violoncelo por João Pedro Gonçalves na apresentação pública do festival, no mês passado, e da pré-abertura oferecida pelo primeiro Ciclo de Órgão de Leiria, já em Março, a programação do Música em Leiria para 2023 arranca, gradualmente, nos próximos dias, com seis apresentações até quarta-feira, 23 de Março, duas delas com entrada livre.
“Trash! é um espectáculo internacional que vem na linha de programação que já iniciámos há alguns anos”, ou seja, “música clássica noutra perspectiva”, comenta António Vassalo Lourenço, director artístico do festival Música em Leiria.
O mesmo espírito descontraído e de desconstrução da seriedade na arte erudita encontra-se no espectáculo Ri-te como Jacques! – Uma Homenagem a Offenbach, agendado para sábado, 18 de Março, no Teatro-Cine de Pombal. Com encenação de Paulo Lapa, a Plateia Protagonista assinala os 200 anos do nascimento do compositor Jacques Offenbach (comemorados em 2019) e recupera o ambiente da ópera cómica e satírica com a soprano Marina Pacheco, o tenor Paulo Lapa, o barítono Tiago Matos e o pianista Pedro Costa.
“Neste concerto encenado é proposto ao público um grande desafio – viajar pela música como Offenbach viajou pela vida: a rir, rindo-se de si mesmo, rindo-se dos e com os outros”, lê-se na sinopse divulgada pelo Orfeão de Leiria, que organiza o Música em Leiria.
“Estes dois primeiros espectáculos têm um carácter mais lúdico”, explica Vassalo Lourenço.
O festival regressa a Leiria e ao Teatro José Lúcio da Silva no domingo, 19 de Março. O guitarrista Manuel de Oliveira traz o quarto disco de originais, Entre-Lugar, acompanhado por João Frade no acordeão e Sandra Martins no violoncelo.
Dedicado ao pai, o também guitarrista Aprígio Oliveira, Entre-Lugar é um álbum em que Manuel de Oliveira inclui tributos a José Afonso e Paco de Lucia e trabalha a partir da identidade ibérica para sobrevoar outras geografias, em que cruza o étnico com o urbano, a música africana com o fado e o flamenco com o tango, com a viola braguesa em destaque.
Depois, abre-se um ciclo dedicado à música de câmara. Na primeira semana do Música em Leiria, o festival propõe dois finais de tarde no Solar dos Ataídes, o edifício da Caixa de Crédito de Leiria no Terreiro, em ambiente mais intimista, com início às 19:30 horas e entrada livre, sujeita à lotação da sala.
Na terça-feira, estão em destaque três obras do compositor austro-húngaro naturalizado norte-americano Erich Wolfgang Korngold (1897-1957), considerado um dos pioneiros da grande música para cinema. “Música de muita qualidade, pouco tocada em Portugal”, salienta António Vassalo Lourenço. Serão protagonistas Bruno Monteiro (violino), Miguel Rocha (violoncelo) e João Paulo Santos (piano).
Na quarta-feira, o pianista António Rosado e o violoncelista Filipe Quaresma juntam-se no Solar dos Ataídes para tocar obras de Beethoven, Luís de Freitas Branco e Prokofiev.
O ciclo de música de câmara encerra na quinta-feira, 23 de Março, também às 19:30 horas, mas no Teatro Miguel Franco, com Nuno Pinto (clarinete) e Bernardo Soares (piano) a apresentarem A Volta ao Mundo em uma Hora, alinhamento que vai do barroco ao contemporâneo, passando pelo romantismo e pela world music.
Os três concertos de terça, quarta e quinta-feira constituem a oportunidade de ver ao vivo “músicos de primeiríssima qualidade”, que constituem “nomes de referência em Portugal”, assinala o director artístico do Música em Leiria, que procura, este ano, conferir mais destaque à chamada música de câmara. “Não é um género, dentro da música erudita, com muito impacto em Portugal, ao contrário de outros países da Europa”.
No lançamento do 41.º Música em Leiria, em Fevereiro, a equipa do Orfeão de Leiria mostrou-se convicta de que esta é uma edição mais rica, em qualidade e diversidade. Na programação encontram-se grandes compositores e obras novas, jovens promessas e artistas consagrados, numa combinação de música clássica, música contemporânea, música antiga e outros géneros musicais, ópera e bailado.
São 17 espectáculos em Leiria, Marinha Grande, Batalha, Porto de Mós, Pombal e Ourém. O encerramento, a 23 de Abril, reúne a cantora Maria Mendes e a Orquestra Filarmonia das Beiras. Depois, o festival segue para o norte do distrito de Leiria, com concertos didácticos sobre a temática da sustentabilidade, a realizar em Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande.
Sábado. Ri-te como Jacques! – Uma Homenagem a Offenbach, concerto encenado pela Plateia Protagonista, no Teatro-Cine de Pombal, 18 de Março, às 21:30 horas.
Domingo. Entre-Lugar, concerto pelo Trio Manuel de Oliveira, 19 de Março, às 18 horas, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria.
Terça-feira. Korngold – Música para Violino, Violoncelo e Piano, concerto por Bruno Monteiro, Miguel Rocha e João Paulo Santos, 21 de Março, às 19:30 horas, no Solar dos Ataídes, em Leiria.
Quarta-feira. Beethoven – Cello Sonatas & Variations, concerto por António Rosado e Filipe Quaresma, 22 de Março, às 19:30 horas, no Solar dos Ataídes, em Leiria.
Quinta-feira. A Volta ao Mundo em uma Hora, com Nuno Pinto (clarinete) e Bernardo Soares (piano), 23 de Março, às 19:30 horas, no Teatro Miguel Franco, em Leiria.