Ah sim. Então, no outro dia ouvi a Filomena a dizer que afinal já não quer tocar baixo, diz que é uma pessoa polifónica e custa-lhe focar-se só numa ideia. Diz que agora é guitarrista. Não é fácil dizer-lhe que ela toca bué mal guitarra. Dizes-lhe tu?
Curto bué cantar, estás a perceber? Gosto daquela cena de estar em palco. E tenho músicas, que eu faço. Queres ouvir? As minhas letras são bué autobiográficas, custa um bocado depois cantar, mas ya, tento ser sempre sincera. Mas preciso duma banda que me apoie, que me entenda, a cena que eu quero dizer, sabes?
A mensagem é tudo. O que importa é seres tu, entendes? A Filomena é polifónica. Tudo bem, é a cena dela, o caminho que ela tem de fazer, mas fico com pena, entendes-me? Porque é boa baixista. Pá, ela tem de saber o que quer, já tem 26 anos.
[LER_MAIS] Se não queria abraçar o monofónico a tocar baixo na banda, tinha de ter dito antes, não é com dois concertos marcados que se lembra que agora é guitarrista. Conheces alguém que toque baixo para desenrascar? Se calhar nem faz sentido continuar sem a Filomena. Eras tu ou ela quem fazia as músicas? Não interessa, são nossas, ya.
Eu sinto bué a cena em palco convosco, sempre idealizei ter assim uma banda. Eu respeito a polifonia, sou bué open mind, a sério, mas sempre tive um fascínio pelo mono, tudo o que é mono, e desde miúda que descobri que o meu caminho havia de passar pelo mono.
Tive uma fase poli (quem nunca, né?) mas depois evoluí. Pá, o caminho de cada um é o caminho de cada um, tá tudo, mas a Filomena, a meu ver, está a desperdiçar-se, entendes? É bué triste ver isso assim à nossa frente sem poder fazer nada.
Mas ya, ela é que sabe, só espero continuar amiga dela, tento sempre separar as coisas, tás a ver, respeito bué o caminho de cada um. Há quem diga que a polifonia é o futuro, eu não acho, mas ya, as pessoas só vão saber as cenas quando passarem por elas. Tens ganza?
*Músico