Um jantar de empresa foi o que levou Ana Sofia Cardoso, de 33 anos, e o marido Nelson Borges, de 35, a procurarem pela primeira vez, há cerca de três anos, uma babysitter para cuidar da filha Maria. Sem possibilidade de levarem a menina, na altura com dois anos, e sem outra solução, o casal da Marinha Grande decidiu recorrer ao babysitting ao domicílio.
Encontrar a babysitter ideal não foi difícil. Afinal, trabalhava na creche frequentada pela pequena Maria. “As educadoras deram-me muito boas referências da Filipa e decidimos falar com ela. Nessa noite deixámos o jantar preparado e a Filipa deu-lhe a refeição, tomou conta dela, deitou-a. Permitiu-nos ter a possibilidade de irmos ao jantar”, conta Ana Sofia.
Dessa primeira experiência recorda-se de ter estado sempre em contacto com a babysitter. Acima de tudo, para saber como estava Maria e se tudo estava a correr bem. O final da noite veio a revelar que não podia ter deixado a filha em melhores mãos. “É natural haver sempre uma preocupação nas primeiras vezes. É como deixá-los nas escolas. Na primeira semana estamos sempre mais receosos e depois já nos abstraímos”, refere.
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Há dois anos o casal aumentou a família, e a Maria juntou-se o pequeno Miguel. Muito dado e bem-disposto, facilmente se rendeu à babysitter, que conheceu quando já tinha um ano e meio. Se para os “pimpolhos” é uma alegria cada vez que Filipa entra em casa da família, para os pais é um descanso saberem que ficam bem entregues.
“De vez em quando a Maria já nos pergunta quando é que vamos os dois jantar fora, para a Filipa poder vir aqui para casa”, conta Ana Sofia entre risos.
Casais procuram manter momentos a dois
Ana Sofia é responsável financeira numa empresa de moldes e Nelson é engenheiro de produção. Recorrem à babysitter de forma pontual, quando têm compromissos profissionais, mas não só. Reconhecendo a importância de manterem os convívios com amigos e os momentos a dois, o casal não deixa também de usufruir desses pequenos prazeres.
“É importante o casal pensar também em si. As crianças exigem muito tempo, e não deixa de ser fundamental termos também estes pequenos momentos em que nos abstraímos do dia-a-dia”, defende Ana Sofia, garantindo que “ter uma babysitter de confiança é um verdadeiro descanso”.
Também Carina Pedroso, de 37 anos, não dispensa os momentos a dois e as idas ao teatro. Amante de musicais e de comédias, quando tem essa oportunidade, recorre a Filipa para ficar com os filhos Ilda e João, de 4 e 3 anos, respectivamente.
“Antes recorríamos aos avós e acabávamos por estar dependentes das disponibilidades deles. Como também não os queremos sobrecarregar, sobretudo quando temos algum compromisso durante a semana à noite, saber que podemos contar com a Filipa é um descanso”, salienta Carina.
E foi precisamente num dos dias mais importantes da vida da família, no casamento de Carina e Ricardo e baptismo dos filhos, a 11 de Setembro de 2021, que a “aventura” com a babysitter teve início. Face à necessidade de ter alguém que tomasse conta dos filhos, e após lhe terem recomendado Filipa, decidiu contactá-la.
“Na creche onde a Filipa trabalhava, e onde a minha filha andava, disseram-me que a Filipa também era babysitter. A recomendação foi muito importante, porque no fundo estamos a confiar os nossos filhos a alguém que não conhecemos”, refere Carina.
No final desse dia, Carina percebeu logo que tinha feito “uma excelente escolha”, pois os filhos criaram uma forte empatia com a babysitter. De tal modo que a experiência se veio a repetir, desta feita em casa da família.
Quis o destino que Filipa e os filhos de Carina se aproximassem ainda mais, quando passou a ser educadora de infância do pequeno João. “Já faz parte da família. Os meninos adoram-na e ficam sempre entusiasmados quando ela vem.”
“Nasci para isto”
Ana Sofia e Carina são apenas dois exemplos de mães que confiam os seus filhos a Filipa Silva, de 29 anos. Licenciada em Educação Básica e mestre em Educação Pré-Escolar, Filipa iniciou em 2018 o seu percurso como educadora de infância.
O babysitting surgiu depois, como uma forma de ganhar algum dinheiro extra e para apostar ainda mais naquilo que tanto gosta: tomar conta de crianças. “Desde os meus 10 anos que sempre disse que queria ser educadora de infância. Já nasceu comigo”, refere.
Não é, por isso, de estranhar que as crianças façam poucas ou nenhumas birras com Filipa. “O segredo está em ter paciência e saber levá-los. É fácil dar-lhes a volta. Quando não dá para brincar com uma coisa, brinca-se com outra, dando asas à imaginação”, diz Filipa, sem esquecer também a importância das regras.
“Não é por naquele momento estar eu no lugar dos pais que deixa de existir uma rotina e regras”, explica a babysitter.
Residente na Maceira, Filipa presta serviços de babysitting na zona de Leiria e Marinha Grande, durante a semana à noite e aos fins-de-semana, mediante marcação. Geralmente os pais deixam as refeições prontas, ficando a cargo de Filipa alimentar as crianças, brincar, dar banho e deitá-las.
Uma regra que não dispensa sempre que surgem novos contactos é marcar um encontro com as famílias, nas suas residências. “Não gosto de cair de ‘pára-quedas’ em casa das famílias. O meu foco são sempre as crianças e é importante ter um primeiro contacto com elas, para depois não estranharem a minha presença. Além disso, não deixa de ser uma medida de segurança para ambas as partes. Não só a família pode ganhar alguma confiança comigo, como eu com eles”, explica.
Digital é montra, mas passa-palavra prevalece
Foi através da criação de uma página no Facebook que Filipa começou a divulgar os seus serviços de babysitting. O objectivo era alcançar mais famílias e, recentemente, começou a dedicar-se também ao Instagram.
É também através do online, mas no WhatsApp, que Filipa mantém o contacto com os pais. “Há pais que gostam de ir recebendo fotografias dos filhos, pelo que vou enviando dos momentos em que estão a comer, a brincar ou quando os deito. É uma forma de os deixar mais tranquilos.”
Foi também através do online que a nazarena Diana Amaro, de 26 anos, se aventurou no mundo do babysitting. Primeiro inscrevendo-se na plataforma Babysits, e depois através de partilhas no Facebook. “Acabou por ser precisamente através do Facebook que recebi o primeiro contacto de uma pessoa da Nazaré”, recorda.
Licenciada em Educação Básica e mestre em Educação Pré-Escolar, recebeu esse contacto quando frequentava ainda o mestrado, tendo-lhe sido pedido que ficasse a tempo inteiro com um bebé de três meses.
Oito meses depois, quando surgiu a oportunidade de trabalhar numa creche de Leiria, deixou de trabalhar a tempo inteiro para essa família. Foi quando começou a trabalhar como educadora, há já três anos, e decidiu alargar a sua área de actuação para Leiria, que surgiram mais oportunidades.
“Graças ao passa-palavra, começaram a aparecer várias famílias interessadas. Nesta área, em que é preciso confiança, o boca a boca é muito importante”, salienta Diana.
A maioria das famílias com as quais Diana trabalha são oriundas de Leiria, onde “existe uma maior necessidade”. “Na Nazaré, por exemplo, há muito o hábito de os netos ficarem com os avós. Em Leiria, que acaba por ser um concelho mais jovem, os pais recorrem mais ao babysitting. Até porque muitos casais não têm família perto ou têm os avós ainda a trabalhar”, refere Diana, dando como exemplo uma mãe que trabalha por turnos, para quem o babysitting é a única solução.
“Sempre que faço um serviço, não só fico feliz porque gosto muito de crianças, como me sinto bastante útil, porque é bem visível no rosto das pessoas o alívio em saberem que os filhos ficam bem entregues.”
Pais em teletrabalho recorrem ao babysitting
Com unidades em Leiria e noutros pontos do País, a Care For You é uma empresa que assegura também serviços de babysitting, não só pontuais, como também contínuos.
De acordo com a proprietária e directora técnica da unidade de Leiria, esta é uma área que tem registado “cada vez mais procura”, sobretudo por pais que trabalham por turnos e em teletrabalho.
“Para quem não tem uma rede de apoio, o babysitting surge como uma óptima solução. Temos casos de pais que, estando em regime de teletrabalho, recorrem ao nosso serviço para terem alguém a tomar conta dos filhos em casa, enquanto eles estão a trabalhar”, conclui Rita Lopes.