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Home Viver

Dos tempos de Artur Agostinho ao futuro incerto como hotel e museu

Daniela Franco Sousa por Daniela Franco Sousa
Janeiro 20, 2018
em Viver
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Começou por ser uma serração, mas cumpriu uma série de outros papéis ao nível da cultura, do ensino e até da religião, que fizeram dele muito mais do que uma zona de actividade económica.

O Parque do Engenho, da Marinha Grande, teve escolas, capela, cooperativa, recebeu peças de teatro e até o saudoso Artur Agostinho apresentou ali um Serão de Trabalhadores, difundido através da Emissora Nacional.

Propriedade do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o recinto acabou por ser encerrado ao público há um punhado de anos, sem que nenhuma decisão fosse tomada quanto ao seu futuro.

Mas agora o velhinho Parque do Engenho volta à agenda política, depois do incêndio florestal que arrasou o Pinhal de Leiria a 15 de Outubro. Cidália Ferreira, presidente de Câmara da Marinha Grande, juntamente com a secretária de Estado do Turismo e com o secretário de Estado das Florestas, trabalham na recuperação daquele que se tornou num símbolo da Mata. Transformá-lo no Museu Nacional da Floresta, com uma unidade hoteleira acoplada, são as possibilidades em estudo.

Enquanto se esboçam novas vidas para o Parque, o JORNAL DE LEIRIA recupera algumas memórias deste ex libris da Marinha Grande.

Engenho mais antigo que a “Fábrica Velha”

No Elucidário do Pinhal do Rei, publicado no ano passado por Gabriel Roldão, o investigador da Marinha Grande explica que o Parque do Engenho deve as suas origens à instalação de um engenho de serrar madeira, movido a energia eólica, inspirado nos moinhos, que foi ali criado em 1724 por engenheiros holandeses, por iniciativa de D. João V.

Para compreender a antiguidade do engenho na Marinha Grande bastará perceber que a própria “Fábrica Velha”, à volta da qual viria a crescer a vila, só viria a ser criada vários anos depois, com a transferência da Real Fábrica de Vidro de Coina para a Marinha Grande, sob administração de John Beare em 1747.

Construído em madeira, o engenho incendiou-se várias vezes. Foi consumido pelas chamas uma última vez, em 1774, mas acabou por se transformar numa referência toponímica, passando a identificar o casario que cresceu à volta desse espaço industrial. A zona passou a chamar-se primeiro Engenho da Madeira. Presentemente, denomina-se apenas Engenho.

“Depois do incêndio final do 'engenho', o Parque com o mesmo nome, passou a concentrar uma intensa actividade não só administrativa, como social, religiosa e lúdica em aproveitamento do bonito espaço que o envolvia”, explica Gabriel Roldão.

Em 1867 foi construída a estrada que liga o lugar ao centro da freguesia. E ao longo desta estrada circulou primeiro o Comboio Americano e depois o Comboio de Lata, mais evoluído, que escoavam madeiras serradas no Engenho e em Pedreanes.

Além do recinto ter recebido instalações administrativas da Administração Florestal, contou com uma fábrica de madeira e uma fábrica de produtos resinosos. Para ládo seu relevante papel económico, o Parque passou a cumprir também outros papéis de índole educativa, social e cultural, realça Gabriel Roldão.

Teve uma Escola de Resinagem e uma Escola de Guardas Florestais; o Grémio Florestal, que prestava apoio cívico e cultural aos trabalhadores florestais; também uma cooperativa alimentar; diversas repartições; foi ainda viveiro de plantas e árvores destinado à reflorestação de novas espécies, uma inovação criada no período administrativo do engenheiro Frederico Varnhagem, em 1826; e integrou uma Lutuosa destinada a suprir necessidades dos trabalhadores e das suas famílias em caso de infortúnio (ao género do que será hoje a Segurança Social).Chegou até a integrar uma capela, destruída aquando das invasões francesas, em 1810. 

 [LER_MAIS] Uma das curiosidades relacionadas com o Parque é o facto de poder ter sido o primeiro a ter água canalizada do distrito de Leiria, salienta Gabriel Roldão. “Em 1851, por ordem da Administração do Pinhal de Leiria, foi recolhida água de uma nascente junto ao Ponto da Boa Vista que foi encanada com tubos de chumbo até ao Parque do Engenho. Esta água passou a regar o arvoredo ali plantado e a abastecer as casas do Parque, a partir de 1851”, aponta o investigador.

Dos piqueniques às estreias de teatro

Com uma área de 25 mil metros quadrados, vastos jardins e frondoso arvoredo, o Parque do Engenho era frequentemente escolhido para ser palco para os mais diversos eventos. Recebeu festas em honra dos santos populares, também piqueniques e gincanas, espectáculos de teatro, serões de música e quermesses.

No Elucidário do Pinhal do Rei, Gabriel Roldão faz referência às tradicionais Festas a S. João, que se organizaram no Parque do Engenho de 22 a 24 de Junho de 1929, com as filarmónicas de Pataias e do Paião e ainda com a actuação Rancho da Vieira, evento que se fez notar também pelo fogo de artifício.

O investigador salienta ainda o contributo do engenheiro Arala Pinto para a dinâmica cultural do Parque. A ele se deve a peça de teatro O Pinhal Real, que foi levada a cena pela primeira vez em 1936 no Parque do Engenho. Os cenários deslumbrantes tinham sido pintados por João Correia e por Alberto Nery Capucho, ambos com larga experiência nesta arte, sublinha Gabriel Roldão. João Correia tinha sido inclusive cenarista no Teatro D. Maria I em Lisboa.

O investigador escreve ainda que, na sede do Grémio Florestal, no mesmo Parque, foi apresentado um espectáculo de teatro de revista popular, levado a cena em 6.ª sessão. Corria o ano de 1953. Era uma revista de José Martins Pereira da Silva intitulada Aqui é Ordem, que foi representada pelo Grupo de Amadores da Sociedade de Beneficência e Recreio 1.º de Janeiro da Ordem. O espectáculo teve a colaboração da Orquestra Os Pinantes e contou com a música de Francisco Correia Moita.

Um dos mais emblemáticos serões de música realizado no Parque do Engenho terá sido o Serão Para Trabalhadores, organizado pela Emissora Nacional, nos anos 50 do século XX, e apresentado pelo saudoso Artur Agostinho, realça o investigador.

Portão da “Inquisição” deve abrir-se à comunidade

Por que razão se afastou o Parque da comunidade, depois de uma tradição secular de abertura às gentes da Marinha Grande? Gabriel Roldão tem várias justificações para esse fenómeno, e todas elas passam pela chegada da “modernidade”.

O investigador recorda que a relação do Pinhal de Leiria com a população sempre sempre foi uma relação de “bondade”. A população podia retirar da mata a lenha que necessitava para cozinhar, podia retirar caruma para as estrumeiras dos animais de criação, e até chegou a ser criada uma vacaria no Pinhal, de onde era extraído leite e produzida a manteiga para abastecer a população, exemplifica o investigador.

Essa abertura também existia nos seus tempos de meninice, recorda Gabriel Roldão, de 82 anos. Sendo administrado pelas Matas, o Parque do Engenho era um dos espaços mais utilizados pelas famílias, que ali chegavam a pé para merendar e ficar durante a tarde, conta o historiador. A maior parte das pessoas deslocava-se a pé – só uma pequeníssima minoria tinha automóvel – pelo que era necessário escolher pontos de convívio que ficassem perto da vila, lembra Gabriel Roldão.

À medida que mais pessoas foram adquirindo automóvel e puderam deslocar-se a outros locais mais distantes, o Parque do Engenho foi perdendo visitantes.

Por outro lado, na viragem do século XX, acabou-se a figura do guarda florestal e as instalações do Parque deixaram de ser utilizadas, salienta o historiador.

Questionado sobre o projecto do Museu Nacional da Floresta com unidade hoteleira acoplada, que está a ser equacionado de forma a reabilitar as instalações do Parque do Engenho, Gabriel Roldão concorda com a criação do museu, que deverá ser público, e discorda com a criação do empreendimento turístico e com a apropriação privada do espaço.

O investigador salienta que até o portão verde de ferro forjado do Parque, que foi trazido dos escombros do Tribunal do Santo Ofício de Lisboa, após o terramoto de 1755, “que poderia fazer recordar os hediondos crimes perpetrados pela 'Inquisição' no passado”, foi, pelo contrário, “porta franca para receber de braços abertos, o povo e as suas tradições”.

É nessa linha, e pela defesa do património que é da Marinha Grande, que Gabriel Roldão defende a criação do espaço museológico e rejeita a criação de uma unidade hoteleira.

Recorde-se que, depois do incêndio de 15 de Outubro, a presidente da Câmara da Marinha Grande requereu a intervenção da secretária de Estado do Turismo e do secretário de Estado das Florestas para dar conta das suas “preocupações com o Parque do Engenho, para aí ser instalado o Museu Nacional da Floresta, com as casas das matas que podem ser utilizadas como unidades de alojamento turístico ou para instalação de serviços educativos, com os pontos de vigia”.

Embora existisse há muito um projecto para a criação do museu naquele Parque, a ideia nunca se concretizou e o Parque tem estado encerrado ao público por falta de recursos humanos.

Depois de muito tempo parado, parece que o projecto torna a avançar. Já na semana passada, em reunião de Câmara, a presidente Cidália Ferreira anunciou que as negociações em torno do Parque estão em curso e que o propósito da Autarquia é candidatar as obras (museu e hotel acoplado) ao Programa Revive, ficando para breve a constituição da Comissão Instaladora do Museu Nacional da Floresta.

O JORNAL DE LEIRIA solicitou em Novembro do ano passado, ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, uma visita ao Parque do Engenho, para a qual ainda não obteve resposta.

Etiquetas: gabriel roldãohistóriaMarinha Grandeparque do engenho
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