“Em política nunca se morre definitivamente”. A frase é de um antigo deputado e ex-dirigente do PSD de Leiria, a propósito do futuro político de Feliciano Barreiras Duarte, que se demitiu do cargo de secretário-geral do PSD depois das polémicas em que se viu envolvido.
Ainda mal tinha aquecido o lugar, quando surgiram suspeitas de falsificação de elementos do seu currículo, que estão a ser investigadas pelo Ministério Público num caso denunciado pelo jornal Sol.
Surgiram depois outras controvérsias, com notícias de que o deputado terá recebido indevidamente ajudas de custo e despesas de deslocação do Parlamento. Barreiras Duarte acabaria por se demitir, justificando a saída com a “violência inusitada dos ataques” e com os efeitos destes para si e para a sua família.
"Sei que o combate político é duro, mas não vale tudo", escreveu no comunicado onde anunciou a renúncia ao cargo de secretário-geral. Mantém- -se, contudo, como deputado na Assembleia da República, embora esteja a ser substituído na Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho, à qual preside, e como presidente da Assembleia Distrital do PSD.
A polémica acontece num momento em que Feliciano Barreiras Duarte, jurista natural do Bombarral havia chegado a um dos cargos mais importantes no partido no qual milita desde a juventude. Aos 20 anos tornou-se presidente da JSD do Bombarral e ainda antes dos 24 anos chegaria a vereador.
Foi depois adjunto do ex-governador civil Francisco Coutinho e, quando Passos Coelho passou a liderar a JSD, integrou a comissão nacional da 'jota'. No seu currículo político conta ainda com uma larga experiência como deputado, tendo também desempenhado funções de secretário de Estado nos governos de Durão Barroso e de Passos Coelho, de quem foi chefe de gabinete.
Um percurso que é agora ensombrado pela forma como deixou o cargo de secretário-geral do PSD. Ficará irremediavelmente perdido ou, como aconteceu com outros políticos que voltaram após se verem envolvidos em escândalos até de outra gravidade, Feliciano Barreiros Duarte regressará à ribalta política?
[LER_MAIS] Para o politólogo José Adelino Maltez, não há muitas dúvidas de que, “se tiver pachorra, vontade de continuar e não se sentir suficientemente injustiçado” pela situação, Barreiras Duarte vai continuar a sua carreira. “Este tipo de político só é político porque tem sete vidas”, diz, convicto de que a polémica vai passar.
“O episódio não liberta Barreiras Duarte de uma certa infantilidade, mas não dou como vencedor do caso quem o decidiu liquidar”, acrescenta o politólogo. “Feliciano Barreiras Duarte vai voltar e em força. Aliás, nem sequer vai sair. Continuará, commenos visibilidade no curto prazo, porque não lhe vão dar tanto palco, mas nunca vai deixar a política”, antevê um antigo deputado do PSD eleito por Leiria, autor da frase com que começa este texto.
Um outro ex-dirigente do PSD distrital, que já teve várias vezes do lado oposto a Barreiras Duarte, também não acredita na morte política do ex-secretário-geral do PSD. “Isto não é, de todo, o fim. Vai fazer tudo para voltar à ribalta política e tentar ser candidato a deputado nas próximas legislativas”, afiança esta fonte, que, apesar das divergências, reconhece Barreiras Duarte como um político “astuto e competente”, que “não se vai deixar abater” pelos episódios recentes.
Embora acredite no regresso, um antigo dirigente da JSD distrital não prevê que tal aconteça no curto prazo, nomeadamente nas legislativas do próximo ano. “Acho que não será candidato a deputado. Ele próprio se auto-excluirá. O que aconteceu foi um rombo para o partido e custou- lhe muito a ele e à família”, nota esta fonte, frisando que, neste momento, Barreiras Duarte está “muito condicionado e diminuído”, razão pela qual entende que o deputado “não tem condições” para se manter a presidir a Assembleia distrital do PSD.