Economia deriva do grego, oikos+nomus que, na sua origem significava governar, gerir a casa. Ecologia, do grego oikos+locos, surge bastante mais tarde e significa, à letra, o estudo e o conhecimento da nossa “casa”.
Economia e ecologia estão pois ligadas ao conhecimento e à boa gestão da “casa” que é o mundo em que vivemos. Têm a mesma matriz, são da mesma família, mas o economista não figura no ranking das mais importantes profissões “verdes”.
E no entanto foi a economia que primeiro pôs o dedo na ferida, defendendo e teorizando o princípio do poluidor pagador ao chamar a atenção para as externalidades cuja expressão maior é a poluição.
Há externalidades negativas quando a produção ou o consumo causam custos adicionais a outras entidades sem que esses prejuízos sejam suportados por quem está na sua origem.
As externalidades, tanto negativas como positivas, geram ineficiências, traduzem-se em falhas de mercado e perturbam, por isso, as noções de racionalidade e de equilíbrio tão gratas aos economistas.
A defesa do ambiente tem sabido dar a volta por cima e hoje pode dizer-se que melhorar a qualidade de vida é um bom negócio: nenhum outro sector de actividade regista índices de crescimento tão favoráveis como a suposta defesa do ambiente.
O desenvolvimento económico dito capitalista (haverá outro?) tem ocorrido algumas vezes sem preocupações de natureza ambiental. Não é possível garantir sucesso económico durável e preservar tanto a eficiência como a equidade sem relevar os custos ecológicos e definir claramente quem os deve suportar.
No meio de alguma incerteza e indefinição, alguma coisa há-de sobrar quase sempre para o Estado, que é como quem diz, para o contribuinte.
Por outro lado, o Estado regulador, que devia ser [LER_MAIS] supletivo, esquece-se do seu papel e embarca na ganância da obtenção de receitas a todo o custo, o que é condenável. Mas também é condenável a posição fundamentalista de certas pessoas e grupos relativamente à defesa do ambiente e da qualidade de vida.
Uma coisa é esclarecer, lembrar, consciencializar. Outra é fomentar sentimentos generalizados de insegurança, de inquietação e mesmo de pânico, de forma injustificada.
É que as coisas têm a sua oportunidade e devem ter em conta as necessárias proporções de peso e medida. Vem isto a propósito do ministro do Ambiente e da Transição (Transação?) Energética que, há dias, deu implicitamente uma mãozinha às eléctricas desconcertando o sector automóvel tradicional ao afirmar que os carros a gasóleo dentro de quatro anos não terão valor de mercado. Nos híbridos (e eléctricos), nesses sim, é que está o futuro…
Noutro país qualquer tinha sido de imediato demitido, mas pelos vistos não lhe aconteceu nada.
Valha-nos ao menos o bom humor de algumas colunas sociais que logo lhe responderam que, dentro de quatro anos, quem não terá qualquer valor de mercado é o ministro e outros políticos (?) como ele.
E recomendava-se também que nas próximas eleições se deviam escolher “modelos” menos poluentes. Pouco lhe importará.
Querem adivinhar a transição/transacção que lhe está reservada? É só uma questão de meses.
*Economista