Na passada sexta-feira, um extenso grupo de trabalhadores, ex-trabalhadores e amigos da Edilásio Carreira da Silva, juntou-se nas instalações da unidade, na Marinha Grande, para celebrar o mérito do fundador desta empresa e de todos aqueles que contribuíram para o seu crescimento ao longo de 75 anos de actividade.
Constituída na garagem do próprio Edilásio Carreira da Silva, a empresa rapidamente se expandiu, tornado-se numa forte fabricante de moldes, que deu origem a várias empresas do sector.
Joaquim Menezes, presidente do Grupo Iberomoldes, que adquiriu a Edilásio Carreira da Silva em 1978, comparava, orgulhoso: “Tal e qual Silicon Valley, onde as empresas grandes, que comandam o mundo hoje em dia, começaram todas numa garagem”. [LER_MAIS]Reconhecia o desempenho do fundador desta indústria e das equipas que a tornaram “uma referência no sector”.
O ano 2025 é, de resto, um ano de várias comemorações: 75 anos de Edilásio Carreira da Silva, em Janeiro; 80 anos da Aníbal H. Abrantes; e em Setembro, não só se assinalam os 50 da Iberomoldes, como o aniversário da Iber-Oleff. A fabricante de componentes para a indústria automóvel, sediada em Pombal, foi “o presente dos 20 anos da Iberomoldes”, recordava Joaquim Menezes.
Em representação da comunidade, Aurélio Ferreira, presidente do Município da Marinha Grande, agradeceu à Edilásio Carreira da Silva pela relevância internacional que deu à indústria e ao concelho. “Estamos num novo ciclo, que só nos vem dar força, para que as dificuldades nos tragam novas oportunidades”, frisava o autarca.
Intencional dependência do automóvel
Na Edilásio Carreira da Silva trabalham hoje cerca de 60 pessoas. A empresa exporta 85% a 90% do que produz, sobretudo para a Europa e Israel. Registou em 2024 um volume de negócios de 4,5 milhões de euros, o que representou um ligeiro crescimento face a 2023. Assumindo-se como um dos pré-históricos desta indústria, Joaquim Menezes encara a actual indefinição do sector automóvel com optimismo.
Para si, esta indústria contidas empresas não passa pela indústria aeronáutica”. “Como já sou dinossauro, acho que nos últimos 20 anos nos habituamos mal. Tivemos 20 anos mais ou menos estáveis e a crescer. Eu venho do tempo em que as crises eram de três em três anos”, recordava o empresário. “Temos que continuar na luta, agarrar na mala e descobrir novos clientes, tal como todos nós fizemos. Eu fiz isso durante muitos anos”, partilhava Joaquim Menezes. “
Se pensarmos o que o senhor Aníbal H. Abrantes fez em 1945, quando Portugal nem sequer estava descoberto para os moldes. Ele e outras pessoas em que se apoiou, tiveram de trabalhar muito para desenvolver a empresa e descobrir quem precisava de moldes. Eu fiz isso num mercado em particular, percorri Israel de ponta a ponta. Inclusive andei a conduzir na Faixa de Gaza”, salientava o empresário.
“Ainda hoje, o cliente mais antigo do grupo Iberomoldes é uma empresa de Israel. Não é porque nos encomendaram um molde em 1979. É porque todos os anos, desde 1979, nós temos projectos novos com eles. É uma parceria activa desde esses tempos”, exemplificava.
Quanto aos projectos de investimento, observou, “têm de ser constantes”. “A competitividade da indústria a que nós estamos submetidos, pelos nossos colegas chineses, nomeadamente, é altíssima e eu tenho de fazer em Portugal, em condições muito diversas, a custo muito diverso, aquilo que a minha concorrência faz.”