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Home Entrevista

Eduardo Marçal Grilo: Em Portugal, há uma burocracia que é muito “empecilhante”

admin por admin
Novembro 19, 2023
em Entrevista
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Eduardo Marçal Grilo: Em Portugal, há uma burocracia que é muito “empecilhante”
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Há semanas, num encontro em Leiria, com empresários e academia, a propósito dos 50 anos do 25 de Abril, alguns dos presentes queixaram-se que, hoje, muitos licenciados, embora referidos como “os mais preparados de sempre”, demonstram muitas deficiências em conhecimentos, curiosidade e até incapacidade de agir e de reagir. Qual é a sua opinião?

Depende dos cursos e depende da formação que as pessoas tiveram. O problema que temos é, ao preparar os diplomados, seja em que área for, com a preocupação de os estudantes serem, sobretudo, proactivos. Hoje, as empresas precisam de pessoas que tragam valor acrescentado e que não venham para perguntar “o que é que eu devo fazer?”. Devem vir e dizer, “eu quero fazer isto ou aquilo. Eu tenho aptidão para inovar, para provocar a mudança e acompanhar os novos desafios.” Isto tem a ver, com a preparação científica e boa formação de base. E essa boa formação de base não se adquire somente nos cursos do ensino superior. Adquire-se desde o primeiro ano de escolaridade, até se entrar na vida activa. Aliás, hoje, entra-se na vida activa e continua a estudar-se. Ninguém, hoje, aspira, como era no meu tempo, a fazer um curso e uma parte académica, depois uma parte profissional e, por fim, reformar-se. Isso deixou de existir! Há dias, um empresário de uma grande empresa internacional dizia-me que, quando selecciona pessoas, nas entrevistas, está mais interessado nas perguntas que lhe fazem do que nas respostas às perguntas que ele possa fazer. Há uma certa diferença entre aquele que entra para fazer o que lhe mandam fazer e aquele que entra a pensar pela sua própria cabeça e que contribui para a melhoria do funcionamento, que aumenta a produtividade, que é capaz de inovar, que é capaz de melhorar e tem gosto em fazer diferente. Percebo a preocupação dos empresários, pois, se isso está disseminado como avaliação e conclusão, é porque alguma coisa não está a funcionar nas academias. As componentes essenciais da formação, são a formação científica de base, a atitude e o comportamento, ou seja, a maneira como a pessoa encara a liderança, a responsabilidade, o trabalho em grupo e a proactividade e os valores, o sentido de colectivo, a solidariedade e o respeito pelos outros. Se, de facto, os empresários avaliam negativamente as pessoas que contratam e as pessoas não trazem nenhuma mais-valia, os cursos têm de ser repensados. O problema pode não ser o currículo, mas as metodologias utilizadas, as experiências que cada um tem e o contacto que o curso tem com a realidade empresarial.

Nos últimos anos, a ideia de que Portugal poderia ser uma espécie de “Silicon Valley da Europa” ganhou peso, contudo, estamos a deixar fugir o nosso talento e não estamos a atrair novos cérebros. Para ter startups, precisamos destas pessoas…

Não sou tão maximalista nessa análise. Há muita gente de fora a trabalhar em Portugal. Por exemplo, na área da investigação, temos instituições que atraem imensos estrangeiros. No Instituto Gulbenkian de Ciência ou no IMM, metade são estrangeiros, e há investigadores que estão lá há muitos anos. No caso dos nómadas digitais, pessoas que, neste momento, trabalham aqui, depois trabalham ali, ligadas a empresas através de teletrabalho, o valor acrescentado para Portugal é relativamente pequeno, porque eles estão a trabalhar para empresas externas. Quanto aos cérebros saírem todos, saem muitos, mas fica cá muita gente. O que é preciso é formar pessoas com qualidade.

E a falta de apoios para as ideias das startups?

Falta-nos uma competência de venture capital, o capital de risco. Há um esforço grande a fazer por parte das instituições financeiras no sentido de apoiar o grande risco, porque uma startup envolve sempre um certo risco. O País é muito heterogéneo e temos exemplos de coisas muito boas e de coisas menos boas, de boas ideias que não foram apoiadas e foram levadas e floresceram noutros sítios. Mas a minha visão negativa é do funcionamento da administração e da política. Em Portugal, há uma burocracia e um conjunto de autorizações e de ministérios envolvidos; um que se pronuncia sobre uma coisa e o outro sobre não sei o quê… que é muito “empecilhante”. Em Espanha, um empresário que queira criar, por exemplo, uma unidade hoteleira, demora dois ou três anos. Cá, demora sete ou oito! É uma coisa muito enrolada, pois a administração pública não é expedita.

Isso faz com que o investimento fuja?

Não atrai tanto quanto deveria. Há muito investimento estrangeiro em Portugal e os últimos anos foram de grandes investimentos estrangeiros, o problema não é esse. O problema é que, os empresários desesperam com tanto problema, tanta pergunta, tanto papel, tanta coisa necessária. E quem governa passa a vida a criar condições especialíssimas para que esses investimentos se façam. Desde a Autoeuropa, até coisas mais recentes, tudo é feito com meios especiais, um bocadinho ad hoc, para ir ultrapassando e desbloquear os condicionamentos.

Em Junho, disse ao jornal i que continuamos a ser um país de baixos salários e que essa é uma das suas maiores preocupações. Como saímos dos baixos salários se produzimos bens com pouco valor acrescentado?

Precisamos de criar valor. Por exemplo, exportamos muito combustível, mas o valor acrescentado é muito baixinho. Há outras áreas onde o valor é alto, mas há que fazer um grande esforço em dois sentidos; em melhorar a produtividade, pois ela é muito baixa, facto relacionado com o funcionamento das empresas e da administração pública e, por outro lado, temos de melhorar a formação das pessoas. Dizemos muitas vezes que o País nunca teve uma geração tão qualificada. É verdade! Mas estamos longe de ter a mão-de-obra altamente qualificada de um país que quer ser muito inovador. Por exemplo, na área das engenharias, estamos a formar engenheiros de altíssima qualidade. O Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a Universidade do Minho, a Universidade da Aveiro, estão a formar gente de topo. Todos os anos a Alemanha vem a Portugal “rapar” não sei quantos gestores e não sei quantos engenheiros para as suas empresas. Termos aqui centros de racionalidade, de inovação e investigação é algo que pode dar um bom incremento à atracção do investimento estrangeiro. Não há varinhas de condão para isto, pois são processos muito lentos, mas eles podem e devem ser acelerados. Há uma responsabilidade inerente à forma como a administração pública funciona e em tudo onde somos especialistas em criar um sistema muito complexo! Tudo é difícil e não é só para os empresários, também para os cidadãos. Eu sei que se tem feito algum esforço para simplificar-se, mas não é uma coisa que esteja na cultura dos departamentos do Estado.

Qual é a sua posição sobre a questão de os politécnicos quererem ser universitários?

Sou um defensor da existência de escolas de doutoramento, as “escolas doutorais”. Contrapus sempre com a ideia de os institutos politécnicos, conjuntamente com as universidades, ou só politécnicos e só universidades, as criarem. O País precisa de um choque, com a criação de uma rede de centros autónomos em relação aos politécnicos e universidades, que fizessem investigação científica, até com entidades externas e universidades estrangeiras, pois o doutoramento está a banalizar-se e bem. Por volta de 1978, teríamos à volta de 2.500 doutorados em Portugal e, hoje, o País produz cerca de três mil por ano. Neste momento, não pode haver investigação de nível nacional. A investigação ou é de ponta e de nível internacional ou não é investigação. A criação de escolas doutorais permitirá colocá-las em zonas que não têm instituições deste tipo. Não precisamos de 40 estabelecimentos destes espalhados pelo País, mas de uma rede que solucione problemas em áreas diferentes, uma vez que os desafios, hoje, não são os mesmos que eram há 20 anos. Há que ser inovador naquilo que se pode eleger como grande objectivo ou missão de uma instituição como esta.

Recentemente, numa entrevista, referia que o Governo era muito “fechado sobre si próprio, fechado no partido e fraco”. Foi premonitório?

Este Governo foi, de certo modo, único e surpreendente pela forma como foi constituído. Isto é, um Executivo de maioria absoluta, onde o primeiro-ministro tinha uma possibilidade de recrutamento enorme, mesmo na sociedade civil, fechou-se um bocadinho sobre si próprio. Os seus membros eram uma espécie de núcleo onde a única verdadeira vedeta era o primeiro-ministro. Não estou a desvalorizar pessoas de muito valor que estão no Governo, como o doutor Fernando Medina, que é uma pessoa que produziu um magnífico orçamento muito equilibrado e a pensar no futuro, sobretudo baseado numa coisa importantíssima que estes governos deixaram, que é a ideia de que a dívida e o controle do défice são prioritários. Passou a ser parte do pensamento estrutural dentro do Ministério das Finanças e isso é um dado adquirido, que não será rompido daqui para a frente. Não podemos voltar a ter défice excessivo ou crescimento da dívida em relação à percentagem do PIB. Temos de continuar a fazer este esforço enorme para reduzir a dívida, porque o País vive muito de empréstimos externos, e temos de ter a dívida controlada. Temos de fazer perceber, sobretudo às empresas de rating, que são quem controla este sistema dos financiamentos e taxas de juros, que somos um país fiável. Este foi um dos aspectos mais relevantes da governação dos últimos anos. No ranking dos países mais devedores, progredimos muito e temos uma credibilidade externa enorme, coisa que não tínhamos há dez anos. Apesar disso, o Governo poderia ter sido muito mais activo, mais inovador e reformador.

Como vê os próximos tempos?

Estou preocupado com o futuro. Estou muito preocupado. Com a ida para eleições, a partir de 10 de Março, o País pode entrar numa situação complicada, do ponto de vista da estabilidade política. Evidentemente, em democracia, há sempre soluções, mas há umas que são melhores do que as outras. Neste caso específico, espero que a decisão do Presidente da República, que foi muito amadurecida e pensada, não se transforme numa espécie de pesadelo, após 10 de Março. A estabilidade é um bem em si mesmo e o Presidente da República sabe isso melhor do que nós.

Perfil
Vida dedicada à formação, educação e engenharia

Eduardo Marçal Grilo, natural de Castelo Branco, nasceu em 1942. É licenciado e doutorado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa.


Foi ministro da Educação entre 1995 e 1999, no Governo de António Guterres. Foi administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, director-geral do Ensino Superior e consultor do Banco Mundial.

Assumiu ainda os cargos de presidente da Conferência Regular para os Problemas Universitários do Conselho da Europa e de presidente do Conselho Nacional de Educação.

É autor ou co-autor de diversos livros, relatórios e artigos nos domínios da engenharia, ajuda ao desenvolvimento e da educação e formação.

Em Abril de 1986 foi feito Comendador da Ordem da Instrução Pública, em 1994 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Mérito e, em 18 de Janeiro de 2006 foi agraciado com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.

Etiquetas: apoiosburocraciacérebrosdoutoradosEduardo Marçal Griloensinoentrevistaescolas de doutoramentofinaciamentoformaçãogoverno incompetentestartups
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