A tradição vai voltar a cumprir-se em Mira de Aire. Quando, da torre da Igreja Matriz se ouviram as badaladas das 19 horas do próximo dia 24, será acendida a tradicional fogueira de Natal, que ficará a arder até ao Ano Novo.
Manda também a tradição, cujas origens se perdem no tempo, que, nessa noite, a fogueira seja o local de congregação da comunidade local, que aí se junta depois da Consoada, para celebrar a quadra natalícia.
“A ida à fogueira sempre fez parte da tradição de Natal da minha família e da generalidade dos mirenses”, conta Magda Reis, que integra a comissão responsável pela organização da edição deste ano da Festa de Nossa Senhora do Amaro, na qual está integrada a tradição da fogueira.
Madga Reis adianta que, à semelhança do que aconteceu em edições anteriores, depois do acender da fogueira, haverá a chegada do Pai Natal, com a distribuição de presentes.
Após esse momento, faz-se uma pausa nos festejos, para que as pessoas possam ir comemorar a Consoada em suas casas. Segue-se a celebração da Missa do Galo.
[LER_MAIS]No final da eucaristia, a fogueira volta a ser o ponto de encontro da população, que aí assiste ao fogo de artifício. Nos dias seguintes, a fogueira vai sendo alimentada pela comissão de festas e “amigos”, com o recurso ao stock de lenha que, ao longo do ano, é oferecido pela população.
“Há uma escala de serviço para assegurar que o lume não se apaga ”, refere Magda Reis, que reconhece que tal exige “alguma logística” porque, frisa, “são oito dias”.
Mas “nem sempre foi assim”, nota Carlos Alberto Jorge, de 67 anos, contando que, como antes “o combustível era mais escasso”, a fogueira resumia-se aos três dias da Festa de Nossa Senhora do Amparo.
“Havia mais dificuldade em arranjar lenha”, refere o morador, que recorda os tempos de criança em que assistia, com “muita alegria”, ao reboliço que, por esta ocasião, se vivia no centro da vila.
“A miudagem ia para o largo da Igreja assistir ao frenesim da chegada dos carros de bois carregados com lenha. Às vezes, punhase um pinheiro ao alto, preso com cepos, para que a chama fosse a mais alta possível”, recorda.
Tal como manda a tradição, o programa das festas contempla também a celebração de missa pelos ausentes, que terá lugar no dia 26, pelas 16 horas. É, explica Carlos Alberto, o momento de “lembrar os que já morreram ou aqueles que estão fora e que não podem passar esta quadra com a família”.