Depois de uma fase de grande fragilidade, causada pela pandemia, eis que as empresas do sector da pirotecnia estão a recuperar os níveis de trabalho pré-Covid 19. Alguns empresários do distrito de Leiria perspectivam um Verão bom, semelhante ao de 2023, outros antevêem até um crescimento assinalável face ao ano passado.
Essencial para que os próximos meses sejam proveitosos e sem contratempos é que as autoridades licenciadoras dos espectáculos pirotécnicos também actuem com “bom-senso”, sublinham os empresários do sector.
Denominada Louro Pirotecnia desde 2016, esta empresa familiar do concelho da Batalha remonta a 1927, quando o bisavô de Leonel Louro (actual gerente) se lançou na actividade. O actual proprietário explica que uma das fases mais difíceis da fábrica foi a da pandemia. Agora, que o negócio “está a voltar ao normal” e que foram adoptados artigos alternativos para abrilhantar as noites mais quentes de Verão, “se não houver condicionantes”, Leonel Louro prevê até um crescimento da sua actividade, “de 20% ou 30% face ao ano passado”.
O gerente explica que, para evitar paragens totais durante o período crítico de incêndios (entre 1 de Julho e 30 de Setembro), as empresas de pirotecnia desenvolveram as balonas, cuja cápsula que transporta o foguete acaba totalmente destruída, evitando a queda de material incandescente. Desde que não haja alerta vermelho, as balonas podem agora ser licenciadas, carecendo da autorização do município e da polícia local, refere Leonel Louro. E o material certificado para utilização livre do consumidor final também tem tido boa saída.
Assim sendo, e se este Verão não oferecer constrangimentos de maior, a expectativa é de um aumento de actividade [LER_MAIS]da empresa, antecipa o responsável.
Valter Cardoso, gerente da MemMakers, outra empresa da Batalha que se dedica à instalação de produtos de pirotecnia, também acredita que este poderá ser um Verão bom, em linha do que foi 2023. “Não queremos facilitismos. Mas trabalhamos todo o Inverno para ganhar o Verão e não nos podem ‘cortar as pernas’ de forma cega”, entende o empresário.
Valter Cardoso deseja que as acções de sensibilização que estão a ser levadas a cabo pela PSP, junto das autoridades licenciadoras e outros públicos, surtam efeito. Espera que a lei se cumpra e que, “com bom planeamento” e “bom-senso”, se ajudem as empresas a encontrar locais ou horários mais favoráveis para realizar espectáculos de pirotecnia nos dias mais quentes.
Marco Costa, um dos gerentes da HC&Filhos Pirotecnia, de Leiria, empresa familiar, activa desde 1932, também refere que o negócio está a crescer, a retomar a fasquia pré- Covid-19. “Esperamos manter as vendas de 2023, que já foi ano bom”, afirma o empresário, realçando que este tipo de espectáculo faz parte das tradições dos portugueses. Optimista, entende até que a pirotecnia está a deixar de ser um investimento sazonal para se manter todo o ano, em festas populares, religiosas, feriados e outras celebrações.
Aumento de exportações
Responsável pela Pirotecnia Bombarralense, fundada em 1934, João Martins também conta que a empresa recuperou a sua actividade em 2023, depois do “estrangulamento” vivido nos anos de pandemia. “Registamos hoje mais actividade do que em 2019, que já foi um ano bom. E também maior força de exportação. Temos muitos espectáculos agendados e temos comercializado material de venda livre, que o consumidor pode usar em segurança.”
João Martins manifesta-se satisfeito com as acções de sensibilização, de prevenção e segurança que têm colocado as diferentes entidades a par do que a lei exige, do que pode e não pode ser feito. E valoriza o facto de as empresas terem criado novos artigos pirotécnicos, que podem fazer espectáculos “dentro da lei e em segurança”.
“Nós nem vendemos foguetes convencionais durante o Verão para não dar azo a argumentos”, salienta o responsável. A “frustração” é se as entidades oficiais, em época de Verão, vierem a adoptar uma postura de “exagero”, comenta o responsável.