O País, nomeadamente o SNS, está preparado para operacionalizar o plano de vacinação contra a Covid-19?
Acreditamos que sim. Temos três grandes objectivos na vacinação. O primeiro é diminuir a pressão sobre os serviços de saúde, reduzindo a doença, a morbilidade e a mortalidade. Um segundo objectivo passa por proteger os cidadãos mais vulneráveis, nomeadamente minimizando a possibilidade de surtos em contextos em que tal é favorável. Por último, pretende-se também manter o tecido económico e social. Há sempre grande ruído à volta destes planos, mas o SNS está vivo e recomenda- se. E o plano de vacinação será a expressão disso mesmo.
Os profissionais de saúde, através de organizações que os representam, já vieram avisar que os recursos não serão suficientes para operacionalizar o plano.
Temos 140 mil profissionais de saúde, entre os quais 29 mil médicos e 40 mil enfermeiros. É uma questão de organização mas, se for necessário reforçarmos os meios para efeitos de vacinação obviamente que o faremos. Vamos adequando o plano à medida que a situação vá evoluindo.
A vacinação vai ser feita exclusivamente nos centros de saúde?
Numa fase inicial, por uma questão de controlo, de coordenação e de monitorização, será feita através do SNS, nomeadamente dos centros de saúde. Nas duas primeiras fases, utilizaremos a força e a capacidade do SNS. Posteriormente, poderemos ter outras estratégias, com recursos a pontos de proximidade para uma vacinação mais massiva, a realizar, por exemplo, em escolas ou pavilhões. Há uma parte do plano, a da produção [de vacinas], que não depende de nós. Só quando as vacinas estiverem na nossa posse,ficaremos com o total controlo do processo. Na fase inicial, acreditamos que o número será relativamente reduzido. Pelo que, será mais fácil direccionar a acção para os grupos prioritários, que estão definidos no plano.
Não haverá o risco de termos vacinas e de não haver condições práticas para as administrar?
Com certeza que não. O SNS está preparado para executar o plano de vacinação definido.
A ministra da Saúde já admitiu que o primeiro desafio será o de gerir a escassez de vacinas, o que o senhor secretário de Estado também reconhece. É uma forma de gerir as expectativas ou já estão a precaver os portugueses para algo que possa correr menos bem?
Temos tido a preocupação de gerir as expectativas para as pessoas perceberem que não nos podemos vacinar todos ao mesmo tempo. A vacinação vai ser feita de forma progressiva e gradual, em função das quantidades de vacinas que vão chegando e de acordo com os grupos prioritários que estão bem definidos no nosso plano de acção.
O processo estará concluído dentro de um ano?
Acreditamos que sim. Era importante que vacinássemos o maior número de pessoas no menor tempo possível. Gostaríamos de, durante o primeiro semestre, com 11 milhões de doses, vacinar cerca de 3,6 milhões de pessoas, ou seja, entre 30 a 40% da população. Será uma boa meta, assim tenhamos a quantidade de vacinas necessária. O facto de a aquisição ter sido feito em conjunto com a União Europeia dá uma confiança grande ao processo. Mas, não podemos esquecer que estamos sempre sujeitos à questão da produção, processo que está a montante do nosso plano.
Teme que haja resistência na adesão à vacina, por receio quanto à sua segurança?
O mecanismo europeu é um garante dessa segurança. O apelo que fazemos é que as pessoas se vacinem, que tenham confiança no processo e adiram à vacinação, de acordo com as fases definidas. Temos um grande histórico de vacinação em Portugal, com taxas elevadíssimas de que nos devemos orgulhar. Felizmente, os movimentos anti-vacinação não têm expressão em Portugal. [LER_MAIS]Tudo leva a crer que com um bom plano, como aquele que temos, e com uma boa execução, os portugueses vão vacinar- se.
Uma das críticas feitas a este plano é a de não incluir doentes oncológicos no primeiro grupo a vacinar. É uma situação que o Governo admite rever?
Os doentes oncológicos estão incluídos de acordo com as diferentes fases. Um doente oncológico com insuficiência cardíaca ou renal, com doença coronária ou com DPOC [Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica] está incluído na fase inicial, o mesmo acontece se esse paciente se encontrar integrado numa ERPI [Estrutura Residencial para Pessoas Idosas]. Na segunda fase estão incluídos os doentes com neoplasias malignas activas entre os 50 e os 64 anos. E usamos esse critério porque não está provado que antes dessa idade um doente oncológico com Covid tenha uma maior mortalidade.
Depois de uma primeira fase em que o País foi considerado um exemplo no combate à pandemia, na segunda vaga os resultados pioram muito.
A doença tem uma evolução própria. Isso aconteceu em todos os países da Europa e até com expressão bem diferente do que aconteceu em Portugal. O que temos feito é responder com medidas certas e no tempo certo a essa evolução, procurando que a situação tenha o menor impacto nos serviços de saúde, nomeadamente sobre as enfermarias e as Unidades de Cuidados Intensivos. Criámos uma rede de expansão inter e intra-regional, para que nenhum doente ficasse sem cuidados, garantindo que, dentro ou fora da sua região, havia lugar para cada doente. Tanto na primeira como na segunda vaga respondemos com as medidas certas. A prova disso é que os serviços de saúde onde tanta gente antecipava o colapso ainda hoje estão a dar resposta, com taxas de ocupação entre os 80 e os 85% ou até mais, muitas vezes com lotações completas, mas sempre com resposta garantida noutro hospital. Agora, temos de trabalhar para que não haja mais nenhuma vaga.
O surgimento da vacina e a tendência de diminuição de novos casos, registada nos últimos dias, pode criar a sensação de que o pior já passou. Neste contexto, não é arriscado levantar as restrições no Natal?
Não é pelo facto de termos passadoo pico e de estarmos numa fase decrescente, embora com incidências altas, que devemos mudar comportamentos. É natural que haja uma tendência para isso, em resultado da fadiga pandémica, mas temos de continuar com muita cautela e prevenção, porque o vírus vai continuar por aí. Esta abertura no Natal é acompanhada de um apelo forte que fazemos à consciência individual para obtermos o sucesso colectivo. Ao fim de tantos meses de pandemia, queremos estabelecer um bom equilíbrio entre o controlo da pandemia e o bem-estar das pessoas. Ao fazê-lo, estamos convictos de que o sucesso deste processo depende do comportamento individual e da consciência de cada um e de todos. O nosso apelo é que os cuidados de distanciamento social, de uso de máscara e de arejamentos dos espaços se mantenham no Natal. Que se festeje, mas com menos gente em casa e seguindo as orientações da Direcção-Geral da Saúde [DGS]. Será o Natal possível numa pandemia como esta.
O Governo delegou nos os portugueses a responsabilidade de controlar o risco de contágio.
Não estamos a demitir-nos do nosso dever. Sempre que fizemos essa delegação de responsabilidade, tivemos bons resultados.
Tendo em conta a fadiga pandémica e a expectativa criada pela chegada da vacina, não estaremos a criar um cocktail perigoso?
Esperamos que não e estamos a fazer todos os esforços para que tal não aconteça. Temos tomado medidas mais restritivas, de acordo com os mapas de risco definidos, e o plano definido para o Ano Novo também aponta para mais restrições. O que houve no Natal foi a tentativa de equilibramos o controlo da pandemia com o bem-estar dos portugueses, não só físico, mas psicológico. É um voto de confiança aos portugueses.
Que conselhos dá às famílias para organizarem o seu Natal em segurança?
Que se evite o cruzamento de bolhas, que se tenha o menor número possível de pessoas em casa, que se escolham espaços arejados, que se use máscara e que se mantenha o distanciamento. Pensamos que os portugueses já têm esta mensagem bem adquirida. Em família, mas num núcleo mais restrito. Há famílias que terão menos gente à mesa neste Natal, pelas razões que todos conhecemos.
Que ajustamentos vai fazer ao seu Natal?
Será um Natal a três: eu, a minha mulher e a minha filha. Costumávamos ser mais, porque a minha mulher tem uma família muito grande. São cinco irmãos, com os respectivos agregados. Seria sempre um Natal muito diferente.
Tem havido muitos alertas para as consequências de, em determinado momento, o SNS se ter focado no combate à pandemia, com o adiamento de milhares de consultas, cirurgias e exames complementares de diagnóstico. Não era, de todo, possível fazer de outra forma?
Não há nenhum serviço de saúde no mundo que aguente uma pandemia descontrolada. Temos essa consciência e estamos focados em três grandes objectivos: combater a pandemia, combater as consequências da pandemia e combater os défices estruturais que a pandemia destapou e expôs. Tivemos de nos focar essencialmente no combate à situação pandémica, mas entre as duas vagas fomos tentando recuperar a actividade assistencial programada não Covid. E fizêmo-lo com êxito.
Quanto tempo vai demorar essa recuperação?
Não lhe consigo dizer. Temos planos robustos de recuperação da actividade assistencial, mas na incerteza da pandemia não é possível definir uma data concreta. Desde Maio, quando a actividade programada foi retomada, temos vindo a recuperar o que foi adiado. E estamos a fazê-lo não só com a capacidade do SNS, mas, de forma complementar e supletiva, como prevê a Lei de Bases da Saúde, recorrendo aos sectores social e privado.
Esse recurso aos sectores social e privado não deveria ter acontecido mais cedo?
Foi no tempo certo. Não podíamos antecipar com esses sectores uma disponibilidade que depois podia não ser necessária. Não fazia sentido ter uma cama programada em Maio para utilizar em Novembro. No tempo certo, os sectores social e privado estiveram presentes, não só na actividade não Covid, como ainda estão, mas também no cuidado aos doentes Covid. Recorremos a estes sectores no momento em que eles foram, de facto, necessários. É assim que deve ser. Os planos devem estar oleados e agilizados no momento em que são necessários.
A pandemia veio pôr em evidência um dos problemas crónicos do SNS: a falta de recursos humanos. No que aos médicos diz respeito essa é uma carência real ou um problema de má distribuição?
Temos um País heterogéneo. Há sempre uma tendência de os médicos ficarem nos grandes centros e não se fixarem nos territórios de baixa densidade. O que temos tentado fazer é criar medidas que possam incentivar os médicos a irem também para esses territórios, nomeadamente com vagas carenciadas que prevêem estímulos acessórios, quer do ponto de vista remuneratório quer de qualidade de vida. Ainda assim reconhecemos que é muito difícil, porque os médicos procuram os grandes centros para terem outras oportunidades. Muitas vezes tentam-se fazer habilidades com o número de médicos. Se compararmos o total em Novembro com o dia de 1 Janeiro, dará sempre um número inferior, porque os médicos se vão reformando. Se comparar com 31 de Dezembro do ano anterior, o número é superior porque no início de Janeiro entram mais 2000 médicos. Não vale a pena fazer este tipo de habilidades. A realidade é que temos hoje no SNS mais médicos, mais enfermeiros e mais técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica. Em Janeiro de 2020, entraram para a formação geral 2.063 médicos. Este ano, tivemos para formação especilizada 1.818 vagas. Contratámos, na primeira época, 287 médicos em medicina geral e familiar, 24 em saúde pública e 594 especialistas. E ontem [dia 11] abrimos concurso para mais 462 vagas: 140 para medicina geral e familiar, 307 para especialidades hospitalares e 15 para saúde pública.
O Governo prometeu um médico de família a todos os portugueses. É uma meta atingível até ao final da legislatura?
Em 2015, tínhamos 1,3 milhões de portugueses sem médico de família. No ano passado, eram 700 mil e agora temos 800 mil. Como os concursos estão a decorrer, iremosatribuir médico a mais um conjunto grande de portugueses. A legislatura termina em 2023 e o objectivo mantém-se.
O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) tem-se queixado, ao longo dos anos, de alguma discriminação na atribuição de médicos. São reclamações legítimas?
Trabalhei mais de 30 anos no CHL, pelo que conheço bem a realidade da instituição. Este ano contratámos, a termo resolutivo certo, mais de 7.500 profissionais de saúde no âmbito da Covid-19 e temos o compromisso de converter 2.995 trabalhadores para contrato sem termo. Leiria acompanhou este reforço. Foram contratados para o CHL mais 42 enfermeiros e sete técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, tendo já feita a conversão de alguns destes contratos. Ao nível médico, no concurso de primeira época deste ano foram abertas 26 vagas, tendo sido ocupadas 15. E vamos abrir no concurso de segunda época. Comparando com 2015, o CHL tem mais 344 profissionais.
É recorrente as vagas abertas para o CHL não serem preenchidas. Que explicação encontra para isso, atendendo a que não estamos a falar de um território de baixa densidade?
Os profissionais não chovem. Temos aqueles que as universidade vão formando. Eles fazem as suas opções e temos de as respeitar. Todos os anos abrimos mais vagas do que aquelas que são preenchidas. Tentamos incentivar a colocação fora dos grandes centros, por exemplo, com incentivos remuneratórios e com projectos, convictos que um bom projecto é sempre um estímulo para cativar e reter profissionais de saúde. Acreditamos que a situação vai melhorar, mas também reconhecemos que o sector privado tem retirado alguns profissionais ao SNS. A competição do sector privado é sempre muito difícil, mas ainda assim estamos a fazer um esforço para, através de projectos, da oferta de uma carreira e do melhoramento das condições dos locais de trabalho, tentar reter médicos no SNS.
Que SNS espera que saia desta pandemia?
O SNS vai sair desta pandemia muito mais preparado, resiliente e resistente. Neste período, duplicámos a nossa capacidade de ventilação mecânica. Passamos de 6,4 camas por 100 mil habitantes para 9,3 e queremos chegar à média europeia (11,5 por 100 mil habitantes). Também duplicámos a capacidade da actividade laboratorial. Estamos a falar de capacidade instalada que é estrutural. Ou seja, vai ficar no pós-pandemia. A capacidade de ventilação mecânica é estrutural, o investimento na área laboratorial também vai ficar, os recursos humanos também são estruturais.
Não fez o percurso político mais tradicional, tendo entrado na política já com uma carreira profissional consolidada. Isso foi uma vantagem ou uma desvantagem?
Tem sido um desafio enorme. Tenho, neste momento, a mesma motivação com que entrei. Ser profissional de saúde e conhecer o terreno, para mim, é uma vantagem. Conheço os colegas e o SNS e, mesmo estando agora fora do terreno, percebo muito bem esforço enorme que esses profissionais estão fazer. Agradeço a todos – médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, assistentes técnicos, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica – o esforço que têm empenhado nesta luta. Acredito que no conjunto – Ministério da Saúde -, profissionais e sociedade civil, vamos conseguir ultrapassar este grande combate, que é a pandemia.
Esta sua experiência governativa ficará, sem qualquer dúvida, marcada pela pandemia. O que tem sido mais difícil de gerir?
Houve momentos muito, muito difíceis. Os óbitos são sempre uma questão muito complicada de gerir. E estamos todos muito cansados. São muitos dias. Mas, nunca desistimos e recomeçamos sempre a cada momento.
Quando chegavam de Espanha e Itália relatos de médicos que tinham de optar entre quem salvar, temeu, em algum momento, que isso viesse a acontecer nos nossos hospitais?
Acreditei sempre muito na nossa capacidade, mas tememos sempre. As nossas fragilidades humanas têm sempre esse receio. Olhamos para os outros e vemo-nos ao espelho. Se calhar, beneficiámos um pouco da décalage no tempo em que a pandemia entrou em Portugal. Preparámo-nos o melhor possível e tentámos tomar as medidas certas. Penso que isso foi fundamental para se evitar aquilo que aconteceu noutros países. Custou-nos ver essas situações e estamos solidários com quem passou por elas, mas isso deu-nos também alguma preparação do ponto de vista da capacidade do SNS, da preparação e da organização do trabalho, da expansão da rede hospitalar, que tem funcionado muito bem. Felizmente, isso [escolher quem salvar] nunca aconteceu cá. O SNS respondeu sempre, também em colaboração com o sector privado e social. Não houve nenhuma situação em que tivéssemos de fazer opções do tipo que houve em Itália. Estamos a fazer um esforço enorme para que isso não aconteça. Obviamente que tal depende também muito do comportamento das pessoas. Têm de perceber que, se não tiverem comportamentos adequados, a pressão sobre o SNS irá aumentar.
Muitos portugueses ainda se lembrarão da emoção com que, no dia 3 de Agosto, comunicou a não existência de qualquer vítima mortal. O que o fez ter aquela reacção?
Vínhamos de uma fase com alguns óbitos. Queríamos que os números baixassem. Aparece um zero. Finalmente um zero, depois de muitas horas, muitas dias e muitas semanas de combate. Estamos agora numa fase de aumento de óbitos. Após o pico de infectados, que ocorreu na semana de 20 de Novembro, duas semanas depois dá-se um pico de internamentos e cinco semanas depois o pico de mortes. Estamos a antecipar essas fases.
Porquê?
Não consigo dizer. Pensávamos que o pico de mortalidade ocorresse mais perto do Natal. Do ponto de vista da percepção social seria trágico. Imagine-se o que é, nessa época, haver menos uma pessoa à mesa? Estou convencido que o pico de mortalidade acontecerá duas semanas antes do que prevíamos. Temos de repetir os apelos à prevenção, porque o vírus vai continuar a circular. Não pode haver uma libertação dos comportamentos das pessoas. Percebemos que, pela evolução, podíamos abrir um pouco no Natal. Mas, se as pessoas quiserem ter um comportamento normal, será mau. Mesmo depois de serem vacinadas, as pessoas devem manter as mesmas atitudes e comportamentos: uso de máscara, distanciamento e arejamento dos espaços. A imunogenicidade não se produz no mesmo dia em que se toma a vacina. O que não pode, de todo, acontecer é as pessoas alterarem comportamentos, Durante o ano de 2021 continuaremos muito condicionados, até que consigamos atingir a imunidade de grupo, que andará entre os 60 e os 70%. Se conseguíssemos vacinar no primeiro semestre 30 a 40% da população, a juntar aos 10 a 15% de pessoas já imunizadas, ficaríamos próximos dos 60%, o que seria relativamente favorável em termos de imunidade de grupo e nos daria algum descanso.
As autarquias da região de Leiria têm defendido a ampliação do Hospital de Santo André [HSA], com a construção de uma nova torre. É uma aspiração concretizável no curto prazo?
É uma matéria que tem de ser ponderada. No âmbito da designada bazuca europeia haverá fundos para fazer face a um conjunto de situações. Esse dinheiro tem de ser optimizado, fruto sempre de uma ponderação e de uma reflexão profunda. Não basta criar estruturas, é preciso que sejam adequadas às necessidades.
No caso do hospital de Leiria, estará em causa uma necessidade. Estamos a falar de uma estrutura hospitalar projectada para responder a uma determinada população e cuja área de abrangência foi sucessivamente alargada.
É verdade que hoje o CHL tem já uma área de referenciação de 450 mil habitantes. Estou convencido que, depois de uma análise e se corresponder às necessidades, essa situação será, com certeza, ponderada. Mas ainda é cedo. O dinheiro ainda não chegou.
Há anos que é apontada a necessidade de construiu um novo hospital no Oeste. Como está o processo?
A informação que tenho do Centro Hospital do Oeste é que houve uma parceria entre a instituição, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e a Comunidade Intermunicipal do Oeste para que a Universidade Nova fizesse um estudo técnico. Entretanto, houve uma moção da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha no sentido de esse processo ser por concurso público. O que foi acatado, tendo já sido aberto concurso a elaboração desse processo técnico. Estamos ainda no âmbito da decisão técnica. Só depois se fará a ponderarão política.
O distrito terá, no próximo ano, as primeiras 12 camas para cuidadas paliativos. Serão suficientes para a dimensão do distrito?
A falta de cuidados paliativos no distrito é, de facto, um problema, mas estamos empenhados em colmatar essa lacuna com a nova unidade no hospital de Alcobaça, que está em fase de conclusão. Penso que será aberta durante o primeiro trimestre de 2021. Se são suficientes? É um começo. Entretanto, foram criadas outro tipo de repostas importantes. É disso exemplo a unidade de hospitalização domiciliária do CHL.
Que mensagem deixa aos leirienses neste Natal?
Este será um Natal muito diferente. Quando o Governo deu este voto de confiança aos portugueses, levantando as restrições, fêlo porque acreditamos que as pessoas serão responsáveis e quererão, mais do que ninguém, proteger os seus familiares, nomeadamente os mais vulneráveis. Não queremos voltar a fechar escolas ou a cancelar visitas aos idosos nos lares e temos consciência de que a economia precisa de respirar. Pelo que, o apelo que faço aos leirienses e aos portugueses em geral é que tenhamos o Natal possível, cumprindo com as regras definidas.
A emoção é, garantem os amigos, “um reflexo do que é” António Sales, médico e agora secretário Estado que tem sido, a par da ministra da Saúde e da directora-geral da Saúde, o rosto da informação sobre a evolução epidemiológica em Portugal. Durante meses, entrou, quase diariamente, pela casa dos portugueses através das conferências de imprensa sobre o ponto da situação da pandemia.
António Lacerda Sales nasceu em Caldas da Rainha, mas foi no Bombarral que cresceu, entre os estudos, o escutismo e o futebol, primeiro nas ruas e depois nos escalões de formação do Bombarralense, onde jogou como lateral direito. Licenciou-me em Medicina pela Universidade de Coimbra, tendo-se especializado em Ortopedia.
Durante “mais de 30 anos”, exerceu no Hospital de Santo André, em Leiria, tendo também estado ligado ao sector privado (Centro Hospitalar São Francisco, em Leiria, e consultório privado).
A entrada na política aconteceu quase “sem querer”, como já admitiu, com um convite para integrar uma candidatura à Assembleia de Freguesia de Leiria, com a promessa que iria nos últimos lugares da lista. Seguiu-se a filiação no PS, a liderança da concelhia de Leiria do partido e a presidência da federação distrital dos socialistas.
Em 2015, foi eleito, pela primeira vez, deputado do PS por Leiria na Assembleia da República, assumindo, entre outras funções, a coordenação do Grupo Parlamentar socialista na Comissão de Saúde. Voltou a ser eleito para o Parlamento nas últimas legislativas, mas não assumiu o lugar, porque, entretanto, António Costa convidou-o para integrar o Governo, como secretário de Estado da Saúde.
Em Setembro último, subiu um degrau na hierarquia do Ministério, quando, no âmbito da remodelação governativa levada a cabo pelo primeiroministro, foi nomeado secretário de Estado Adjunto e da Saúde, substituindo Jamila Madeira.