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Home Viver

Era uma vez, a noite, no Terreiro

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Outubro 21, 2021
em Viver
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Era uma vez, a noite, no Terreiro
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Aquela noite em 2003, no último ano do Arts, teve Zé Pedro em versão disc jockey.

A presença do guitarrista dos Xutos & Pontapés não foi anunciada, apesar de prevista, com direito a reserva no hotel Eurosol.

Na fotografia para a eternidade com o Keith Richards português, o dono do bar, no edifício onde agora existe um centro médico de diagnóstico, está em primeiro plano, com uma t-shirt que é uma espécie de legenda da atmosfera que ali se respirava: rock alternativo, boémia, artistas.

Noutra noite, provavelmente noutro ano, num espaço também gerido por Mário Brilhante, o Anubis, na actual sede da Caixa Agrícola de Leiria, duas mulheres beijaram-se na boca e “parou o bar todo”, recorda o dj Jorge Dias, que fala de “uma mudança social profunda”, a acontecer naquele instante, diante de olhares discretos e indiscretos.

Zé Pedro, dos Xutos, no Arts em 2003

A história de copos no Terreiro começa, no entanto, muito mais cedo, em 1987, mais precisamente, 14 de Março de 1987, umas semanas antes do Porto campeão europeu no calcanhar de Madjer, com a abertura da cervejaria e restaurante Os Filipes, no mesmo local onde ainda hoje se encontra.

Segundo Manuel Oliveira, Os Filipes não arrancaram, propriamente, a todo o gás, pelo contrário. “Passado um mês estive para fechar”, admite. “Não se passava nada em Leiria e esta era a zona mais morta”.

Seria o filho mais velho, Filipe, a inverter o rumo dos acontecimentos, com o gira-discos e a colecção de vinis. “Eu, nos meus 18 anos, achava que ia funcionar. E o meu pai lá cedeu”.

A música e o serviço de porta aberta – coisa rara, na época – colocaram Os Filipes de boca em boca. Numa questão de dias, a cerveja passou a sair como no calor do Verão.

Primeiros clientes, os amigos de Filipe Oliveira, entre eles, os atletas do andebol. Depois, os militares da Base Aérea 5, onde trabalhou. E também estudantes, sobretudo nas terças e quintas-feiras.

A expansão do ensino superior alterou, para sempre, a noite do Terreiro, onde se realizou a primeira semana académica.

Interior de Os Filipes, noutros tempos. Foto cedida por Filipe Oliveira

Havia mistura de públicos, mas, por outro lado, alguma separação. No ano seguinte à abertura de Os Filipes, surge no Largo Cândido dos Reis, ou Terreiro, em 1988, o Estrebaria, com frequentadores mais velhos. E “mais caro”, confirma o proprietário, Carlos Sousa, que se diz “agradecido” pelas tertúlias animadas por Acácio de Sousa, Francisco Figueiredo, Zé Oliveira ou Camilo Barata: “Aprendi muito”.

Os dois últimos colaboraram na organização de um concurso de caricatura, logo em 1989, que ajudou a lançar o negócio: “Trouxe as pessoas mais intelectuais de Leiria para o bar e a partir daí a noite foi-se fazendo”.

Não se fique, porém, com a ideia errada. Era “para estar à pinha” e “de pé”, explica Carlos Sousa, que via o Terreiro com “um potencial brutal” e ambicionava “quase uma cópia do que se passava em Albufeira” durante o Verão.

Carlos Sousa, fotografado esta semana por Ricardo Graça. Em cima, o antigo Estrebaria

Portugal atravessava o período Cavaco Silva, depois de aderir à CEE, a Comunidade Económica Europeia. Em Berlim, caía o muro e por cá sentia-se, igualmente, um clima de abertura à mudança.

Nos anos seguintes, surgem o Vicentes (depois Anubis), o Panaceia (mais tarde Seca Meca e Ozono), o Playstation (antecessor do Arts), o Sebentas (agora O Terreiro e antes O Corvo), o Santo Estêvão, entre outros.

No Anubis, Jorge Dias assiste, enquanto dj Cuts, a um concerto memorável de Bunnyranch e a uma sucessão de reinados na indústria, do rock alternativo ao britpop, do som de Bristol com Massive Attack e Portishead aos Chemichal Brothers, dos Black Rebel Motorcycle Club aos Strokes, sem esquecer, pelo meio, Sonic Youth e Rage Against The Machine.

E conclui: “A música é uma forma de perceber os movimentos”.

Entretanto, para desgosto de alguns empresários que resistiram à novidade, aparece no Anubis a garrafa mini, ideia inspirada numa manhã de casamento na aldeia, com Mário Brilhante a querer diferenciar-se da concorrência.

“Não se vendia mini na noite”, assinala. “Até que se tornou um mega-sucesso e mais tarde foi adoptada pelo país”.

A dada altura, eram os próprios distribuidores a garantir que o estabelecimento nocturno que mais minis negociava, em Portugal, era, precisamente, o Anubis.

Música ao vivo: uma noite emblemática nos Filipes. Foto cedida por Filipe Oliveira

Os anos 90 estabelecem o período de ouro do Terreiro, onde toda a gente se encontrava. “Milhares de histórias”, que “davam um livro”, diz Filipe Oliveira.

“Leiria teve uma força muito grande, até mesmo a nível nacional, porque tinha muita oferta”, considera Mário Brilhante, que lembra o “ambiente tremendo”, numa década “muito estimulante”.

“Pode parecer incrível”, concede Carlos Sousa, mas os clientes “vinham de Caldas da Rainha, de Pombal, de Coimbra, de Castelo Branco” e do Terreiro seguiam “para as discotecas, a Stressless, a Locopinha”. Ao sábado, “era uma loucura”.

Tanta gente na rua que “os carnavais em Leiria pareciam a Nazaré ou Torres Vedras”, comenta Jorge Dias. Estar no Terreiro era “parte do sentimento de pertencer a um Portugal europeu”, com “alguma esperança económica”.

É uma narrativa que não se escreve sem o Ozono, que se diferenciava, tanto na decoração como na música. Paulo Valente, um dos sócios, destaca “uma dúzia de festas estrondosas”, numa fase acelerada, mas enriquecedora.

“Uma experiência que me deixa saudades”, reconhece. “Alimentámos um conjunto de amizades e fizemos muito mais amigos do que se tivéssemos uma vida mais tranquila e menos borguista”.

Depois da viragem do milénio, encerraram o Arts, o Estrebaria e o Ozono, o Anubis passou para junto da Sé e recentemente fechou.

O mundo voltou a mudar, com o crescimento da oferta nas vilas e cidades à volta de Leiria, o combate à condução com álcool e ao ruído, a crise e a troika, o botellón, as licenciaturas de três anos, as redes sociais.

O que continua igual é o bar onde a noite do Terreiro começou, Os Filipes, com o Manel, os filhos e agora também os netos.

Etiquetas: AnubisArtsCorvoEstrebariaFilipesLeirianoiteOzonoPanaceiaSanto EstêvãoSebentasSeca Mecaterreiro
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