Escola Superior em Pombal pode ‘desviar’ curso de Desporto e Bem-Estar de Leiria

A polémica estalou na semana passada quando se soube da possibilidade da licenciatura em Desporto e Bem-Estar da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais se autonomizar e trocar Leiria por Pombal.

O assunto, tornado público pelo presidente da Câmara Municipal de Leiria, Gonçalo Lopes, através das redes sociais, ainda está a ser discutido internamente pelos diferentes órgãos do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), mas uma certeza existe: o presidente Carlos Rabadão pretende criar uma escola superior no concelho de Pombal.

Com ou sem curso de Desporto, só mais tarde se saberá. Para já, o que se sabe, é que a autarquia leiriense se propôs oferecer melhores condições ao IPL, para manter a licenciatura em Leiria.

“O assunto está em discussão nos órgãos próprios, que estão a avaliar a estratégia científica, pedagógica e de investigação. Portanto, não deve haver interferência externa”, explica Carlos Rabadão ao JL.

Para o responsável, “é estratégico para a instituição ter um polo de formação forte a norte da região de Leiria, onde estão seis concelhos”, e, havendo falta de oferta formativa no desporto, a nível nacional, Pombal surge como “um potencial de elevado crescimento”, evolução que não será possível concretizar na futura ESECS, em Leiria, que “não foi desenhada a pensar no crescimento do Desporto”.

Neste sentido, o interesse estratégico do IPL alinha-se com a pretensão da Câmara de Pombal, que já assumiu a vontade de ter ensino superior no seu concelho e sempre se disponibilizou para criar condições para acolher a formação do Politécnico.

Também contribuiu para a criação de uma residência com 42 camas. A criação da escola superior em Pombal foi apreciada pela Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), da qual Gonçalo Lopes é presidente, e na equipa criada para elaborar o estudo do projecto está “o secretário-executivo da CIM”, recorda Carlos Rabadão.

No entanto, o presidente da Câmara de Leiria veio a público criticar o presidente do IPL, acusando-o de não ter falado com ele antecipadamente sobre o tema. E pediu uma reunião de emergência, onde, entre outras coisas, prometeu disponibilizar gratuitamente as instalações desportivas para fins lectivos, a possibilidade de instalar uma futura escola de ensino em desporto no topo Norte do estádio e a criação de uma estrutura multifuncional adaptada a eventos desportivos e académicos, para consolidar a cidade “como um centro de excelência no ensino superior na área do desporto”.

A proposta agora apresentada por Gonçalo Lopes será analisada pelo Conselho Académico do IPL, mas a sua entrega neste momento não deixa de causar uma certa perplexidade a Carlos Rabadão: “Agora, a Câmara de Leiria também diz que nos pode dispensar do pagamento, mas andamos há sete anos a pagar pelas instalações desportivas para formar jovens numa cidade em que o desporto é muito importante”.

Na última reunião da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes sublinhou que enquanto líder da CIMRL, empenha-se-á “para que seja promovido um consenso que fortaleça o desenvolvimento regional”, evitando um “qualquer tipo de leilão entre municípios, que possa criar divisões”.

O autarca considera que “o esforço colaborativo será essencial para garantir as melhores soluções para o desenvolvimento do ensino superior na região”. “Defendemos a valorização do desporto no contexto do ensino superior no concelho de Leiria, seja através do reforço das competências e condições já existentes na ESECS, seja, no futuro, através de uma eventual autonomização desta área”.

Para o presidente da câmara, “a criação de uma nova estrutura não deve penalizar as existentes” e garante que está disponível para “contribuir para o crescimento harmonioso do ensino superior na região”.

O processo para a criação da Escola Superior de Desporto, Natureza e Bem-Estar está a ser debatido nos conselhos técnico-científicos e no Conselho Académico do IPL, que emitirão pareceres não vinculativos.

Cabe depois a Carlos Rabadão elaborar uma última proposta para apresentar ao Conselho Geral, que terá a decisão final. Contudo, a criação de uma nova escola – com ou sem desporto – dependerá sempre da aprovação do Ministério da Educação, Ciência e Inovação. Pedro Pimpão, presidente da Câmara de Pombal, prefere, por enquanto, manter-se à margem da polémica. “É uma questão interna do Politécnico. Parece-me mal andarmos a pronunciar-nos sobre este tipo de assuntos. Preferiria que a nossa região se mantivesse unida em torno da importância do IPL para o desenvolvimento estratégico do nosso território”, afirmou na última reunião do executivo.

Na terça-feira da semana passada, o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, e o vereador do Desporto, Carlos Palheira, pediram uma reunião no Politécnico de Leiria e “demonstraram também a abertura para apoiar o desenvolvimento do desporto”.

O autarca criticou o presidente do Politécnico de Leiria de não ter falado com ele antecipadamente. No entanto, a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Leiria, que é presidida por Gonçalo Lopes, já se tinha pronunciado sobre a criação de uma escola em Pombal e na equipa do estudo da instituição “estava o secretário-executivo da CIM”.

O Município de Leiria apresentou uma proposta a Carlos Rabadão em que disponibiliza gratuitamente as instalações desportivas para fins lectivos, a possibilidade de instalar uma futura escola de ensino em desporto no topo Norte do estádio, criar uma estrutura multifuncional adaptada a eventos desportivos e académicos, “consolidando a cidade como um centro de excelência no ensino superior na área do desporto” e, até lá, o novo pavilhão Carlos Neto, com capacidade para cerca de 850 lugares “pode servir de apoio às actividades do Politécnico”.

No documento a que o JORNAL DE LEIRIA teve acesso, Gonçalo Lopes pede ainda ao presidente da instituição que reconsidere a deslocalização do curso de desporto.

A proposta foi enviada para o conselho académico, que iria reunir na quinta-feira. No entanto, um dia antes, Gonçalo Lopes pronunciou-se nas redes sociais contra a saída da licenciatura de desporto de Leiria, cujo curso não tem – nem terá na nova escola – as instalações adequadas para o seu funcionamento. Na cidade do Lis, os alunos utilizam as diferentes infra-estruturas municipais e de clubes, mas pagam, o que não sucederá em Pombal. “Agora, a Câmara de Leiria também diz que nos pode dispensar do pagamento, mas andamos há sete anos a pagar pelas instalações desportivas para formar jovens numa cidade em que o desporto é muito importante”, critica.

Os pareceres emitidos pelos órgãos do Politécnico que estão a ser auscultados não são vinculativos. Cabe a Carlos Rabadão elaborar uma última proposta para apresentar ao Conselho Geral, que terá a decisão final. Contudo, a criação de uma nova escola – com ou sem desporto – dependerá sempre do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, que pode sempre vetá-la.

A escola de Pombal idealizada por Carlos Rabadão alia o “desporto, o bem-estar, a sustentabilidade, a saúde, mas numa óptica de prevenção”. A oferta formativa prevê quatro licenciaturas, quatro ou cinco mestrados e o mesmo número de TeSP, cursos relacionados com o desporto de alto rendimento, a gestão desportiva, desportos radicais, entre outros ligados à natureza. “Num horizonte de cinco anos projectávamos ter uma escola com 12 a 15 cursos e que poderia chegar aos mil estudantes. Não é pegar nos cursos que estão em Leiria e transferi-los para Pombal. Queremos é potenciar aquela área para quadruplicarmos o número de alunos ou multiplicarmos por 5.”

Com ou sem desporto, o objectivo é avançar. No entanto, o presidente reconhece que a licenciatura de Desporto e Bem-estar seria “uma âncora muito grande”, que poderia abrir portas para outras formações. O Município de Pombal assumiria o custo da construção do edifício e da gestão logística. “Também tem em marcha a construção de um pavilhão multidesportivo.”

Segundo o responsável, a saída do curso de desporto de Leiria não seria um problema para a ESECS, uma vez que os politécnicos deverão passar a ter a possibilidade de formar professores do ensino secundário, algo que o actual Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior não permite. “A ESECS vai ter o desafio de poder oferecer novas ofertas formativas e até na área do desporto, na formação de professores de educação física.”

A Câmara de Pombal apresentou há cerca de um ano o Plano Estratégico Educativo Municipal de Pombal, que destaca a relevância da presença de uma instituição de ensino superior no concelho “como um motor de atracção de investimento, fomento do empreendedorismo e inovação”, lê-se na proposta da criação da Escola Superior de Desporto, Natureza e Bem-estar a que o JORNAL DE LEIRIA teve acesso e que está a ser debatida nos conselhos técnico-científicos das diferentes escolas e no conselho académico. “Os objectivos estratégicos do concelho de Pombal encontram-se alinhados com os objectivos e plano orientador” do Politécnico.

Carlos Rabadão explica que ao receber o plano estratégico de Pombal criou um grupo de trabalho, que apresentou, há cerca de dois meses, um projecto, que “identificou um conjunto de áreas que poderiam ter potencial para crescimento na zona de Pombal” e para “responderem às necessidades do território”.