A “criação de condições” com vista à instalação de uma Faculdade de Medicina privada, a construção do pavilhão multiusos em terrenos da antiga prisão-escola e o prolongamento da A19 entre o nó de acesso ao estádio e a zona industrial da Cova das Faias (Zicofa) são algumas das novidades da Estratégia Leiria 2035, que resulta da atualização do documento apresentado em 2021 e que foi coordenado por Carlos André.
“Quando se fala em pensamento estratégico, temos de ter a capacidade de fazer atualizações constantes”, explicou o presidente da câmara, durante a apresentação da nova versão do documento, que, segundo Gonçalo Lopes, “posiciona Leiria como um concelho inovador e empreendedor e, com qualidade de vida”, e com capacidade para se afirmar como “a força motriz de transformação do território da região”.
Focado em seis eixos – Economia e competitividade; Educação para o futuro; Viver melhor; Cultura, desporto e lazer; Leiria sustentável; Território em movimento e Marca e identidade -, o documento contém 23 participações externas (14 institucionais e nove particulares), além das contribuições de “todos os vereadores e dirigentes” do município.
Na área da economia e competitividade, o documento recupera o projecto para a transformação do topo Norte do estádio num pólo de empresas ligadas ao TICE – Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica, o Leiria Innovation Hub, que tem um custo estimado em 17 milhões de euros. Segundo Gonçalo Lopes, há cerca de um mês abriu-se a perspectiva de um financiamento na ordem dos 500 mil euros, pelo que, “se esse apoio se concretizar, avançará, porque é um investimento reprodutivo”.
Indústrias criativas no antigo IVV
Ainda neste eixo, o plano estratégico reforça a importância de transformar o antigo edifício da EDP, propriedade do município, num espaço de co-work, e de ampliar a Startup de Leiria para a torre nascente do edifício do mercado municipal. Já para as antigas instalações do Instituto do Vinho e da Vinha, na zona da Estação, está preconizado um espaço para a promoção das indústrias criativas – o Leiria Creative Station -, “na lógica do LX Factory”, em Lisboa.
No domínio da educação, surge uma das principais novidades deste documento: a defesa da criação de uma Faculdade de Medicina, que o presidente da câmara gostava que fosse possível a partir do Politécnico de Leiria, em processo de transformação na universidade, mas que admite poder de iniciativa privada. A concretização desta pretensão, “permitirá criar um ecossistema de saúde diferenciador, que nos ajudaria a vencer a crise [neste sector] mais cedo do que outros”, antevê Gonçalo Lopes, frisando, no entanto, que este é um projecto “que não depende apenas da câmara”.
Também condicionada por decisão de outras entidades está a proposta de construção de um pavilhão multiusos em terrenos do Estabelecimento Prisional de Leiria Jovens (antiga prisão-escola), para “servir a população e o Politécnico”, abrindo também caminho à instalação nessa zona da Escola Superior de Desporto, junto às futuras instalações da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, que está a ser projectada para o local.
“Aqueles terrenos estão subaproveitados. (…) Há uma faixa junto à avenida da Comunidade Europeia que deve passar para a câmara e para o Politécnico”, defende Gonçalo Lopes. A concretização do Aquapolis, o complexo de piscinas descobertas previsto para a zona do antigo Exelis, na Barosa, cujo projecto está em fase de conclusão, a extensão e requalificação do percurso Polis, bem com a sua ligação ao Parque Verde são outras das ideias defendidas na Estratégia Leiria 2035, que recupera ainda a proposta de criação de uma ciclovia entre a cidade e a foz do rio Lis.
Na área da mobilidade, o documento aponta como necessidade de requalificação e duplicação da EN242, que liga à Marinha Grande, o prolongamento da A19, entre o nó do estádio e a zona industrial da Cova das Faias, a construção de nós de acesso ao IC2 e do IC9 à auto-estrada do Norte (A1) e a abolição de determinação no troço da A8 entre Leiria e a Marinha Grande, que, “no imediato permitia resolver muitos dos problemas de trânsito das duas cidades”, alegando Gonçalo Lopes.