No distrito, existem seis locais de risco grave de inundações. Os dados constam do relatório Avaliação Preliminar do Risco de Inundações em Portugal Continental, elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), segundo o qual, Alcobaça está entre os oito concelhos do País mais vulneráveis a cheias e galgamentos costeiros.
A nível nacional, o estudo – elaborado a partir da análise de todas as grandes inundações ocorridas em Portugal desde 2011 – identificou 71 áreas com risco elevado, 13 das quais se situam junto à costa.
Olhando para os dados distritais, o estudo identifica três locais críticos em Alcobaça – cidade, Benedita e São Martinho do Porto –, razão pela qual o concelho figura no grupo dos municípios com maiores vulnerabilidades.
A bacia hidrográfica do Lis, a cidade de Pombal e Caldas da Rainha estão também na lista das 71 áreas de risco potencial de cheias graves, sendo consideradas como tal as inundações que “pelos seus efeitos negativos podem provocar a perda de vidas, a deslocação de populações, danos no ambiente e no património cultural, ser prejudiciais para a saúde humana, comprometer o desenvolvimento económico e prejudicar todas as actividades da comunidade”.
De acordo com o levantamento agora apresentado, desde 2011, foram registados 303 eventos de cheias graves em Portugal, dos quais cerca de 40 afectaram, cada um, um número superior a 100 pessoas. Em mais de 20% dessas ocorrências, os impactos na população, quer pelos prejuízos provocados quer pelo número de pessoas atingidas, foram considerados “altos”.
[LER_MAIS] Entre as ocorrências identificadas estão os galgamentos costeiros e inundações ocorridas em Janeiro e Fevereiro de 2014, associadas às tempestades Hércules e Stephanie, que provocaram “danos parciais e destruição de inúmeros passadiços e apoios de praia” na região Centro, com Alcobaça, Leiria e Marinha Grande a figurarem entre os dez concelhos do País mais afectados. Foi também nesse ano, que houve galgamentos no rio Lis que, entre outros estragos, inundaram o spa das Termas de Monte Real.
O estudo adverte que, no futuro, a tendência será para “a concentração da precipitação em períodos mais curtos”, o que “deverá traduzir-se também num aumento da frequência de eventos extremos, com ocorrência de precipitações intensas mais frequentes (diminuição dos períodos de retorno) e eventualmente de maior intensidade”.
Esta situação representa “riscos acrescidos, quer no contexto das inundações de origem pluvial, por insuficiências nos sistemas de drenagem urbana para fazer face a estes eventos, quer das inundações fluviais, por insuficiente capacidade de drenagem nas linhas de água ou eventuais dificuldades na gestão de infra-estruturas hidráulicas a montante”.
Face a este cenário, impõe-se a adopção de medidas de “redução do risco” associado às inundações, “quer em termos de saúde e vidas humanas, quer em termos de bens materiais”. Pelo que, cada concelho deve agora avançar com a elaboração de planos de gestão de risco de inundação, “em conjunto com a Protecção Civil, devendo “a delimitação das áreas de inundação” ser feitas ao longo de 2019, “mediante a simulação de eventos de inundação”, pode ler-se no relatório da APA.