Desviar os veículos pesados do centro tradicional da Marinha Grande, medida que pode ser extensível a todo o trânsito automóvel, e criar um interface no antigo “largo da Feira” (junto à Avenida da Liberdade) são algumas das propostas do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável para o concelho, que Paula Teles e Jorge Brito apresentaram na última reunião de câmara.
Após uma primeira fase do plano, que consistiu na caracterização da cidade, a segunda fase do estudo encomendado pela Câmara da Marinha Grande apresentou agora a estratégia de intervenção, com várias propostas.
Ampliar e qualificar a pedonalização do centro tradicional e da malha antiga da cidade, promover a ampliação e requalificação de jardins, estudar a ferrovia e a rodovia de forma a que não criem “muralhas” na cidade, expandir a rede de transportes públicos urbanos, criar mais espaços cicláveis e evitar a circulação de pesados no centro são algumas das recomendações deste documento, que contém algumas indicações concretas.
Desviar o trânsito de pesados da Rua Bernardino José Gomes (lateral aos Paços do Concelho), através de um eixo de ligação a Poente do Parque da Cerca, criar mais zonas de estacionamento no centro da cidade e construir um interface no antigo “largo da Feira”, que congregue vários cais, cafetaria, balneários e outras soluções de conforto para os passageiros são algumas das propostas do documento, explicou Jorge Brito. Sendo que, frisou Paula Teles, em causa está um plano que não tem carácter obrigatório nem vinculativo.
Aurélio Ferreira, presidente da autarquia, elogiou a profundidade da pesquisa, salientando que tais intervenções não são algo que se consiga implementar no imediato, mas a médio e longo prazo. O estudo foi aprovado por unanimidade.
Tráfego “bloqueia” território
A sessão de apresentação foi também pautada pela caracterização da cidade, das funções que cumpre e do tipo de deslocações que se têm vindo a impor. Paula Teles referiu que se trata de um território “bloqueado” por tráfego; uma cidade industrial que tem vias sobre-dimensionadas, que dão azo a estacionamentos indevidos; possui ainda infra-estruturas que “fracturam” o território; é um município onde a maioria das deslocações quotidianas são feitas no interior do concelho (56%), com os percursos de automóvel (79%) a prevalecer sobre as caminhadas (12%) e sobre a utilização dos transportes públicos (5%) – dados dos Censos 2021.
É importante recuperar o hábito de andar de bicicleta – e a Marinha Grande já foi pioneira neste tipo de mobilidade suave, recordou a engenheira – e o costume de andar a pé. As crianças deixaram de o fazer, com implicações diversas, desde a saúde mental até, anos mais tarde, ao seu posicionamento no mercado de trabalho, observou a especialista. Actualmente, a maioria das deslocações feitas para fora do concelho são realizadas para Leiria, surgindo, num patamar secundário, os concelhos de Alcobaça, Pombal e Batalha. E a intervenção na ligação entre Marinha Grande e Leiria é também imperiosa, notou Paula Teles.