Foi a primeira a ser criada no País e, no primeiro ano em que oranking dos estabelecimentos de ensino inclui também a área profissional, a Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal (ETAP) aparece na 14.ª posição entre 671 estabelecimentos do País que ministram este tipo de ensino de acordo com o ranking do Expresso.
A nível distrital, a ETAP surge na liderança do ranking que integra 36 escolas públicas e privadas. A propósito destes dados, o JORNAL DE LEIRIA foi conhecer parte do trabalho que se faz na ETAP, onde a estratégia principal passa por “compatibilizar os sonhos dos alunos com a realidade”.
O objectivo é “tentar que este seja um espaço de oportunidades e de crescimento para os alunos” e que, ao mesmo tempo, disponibilize uma oferta formativa “linkadacom as necessidades da região”, concretiza Jorge Silva, director da instituição, que faz de cicerone nesta visita, acompanhado de outros profissionais da escola. “Este é um trabalho de equipa. Não de uma só pessoa”, justifica.
A primeira paragem é numa das salas de mecatrónica, onde vários alunos trabalham nos seus projectos de aptidão profissional. Numa das mesas, repara-se uma máquina de fazer peças de dominó, concebida na escola há quase dez anos e que agora precisa de afinação.
Ao lado, André Luís e Filipe Dias dedicam-se ao AFFA Robotic, um braço robótico que estão a desenvolver para alunos com necessidades educativas especiais (NEE). Os jovens contam que o projecto, finalista do Prémio Ilídio Pinho, surgiu de um desafio lançado pelo Agrupamento de Escolas Gualdim Pais, de Pombal. Quando estiver finalizado, o braço permitirá às crianças com NEE “manobrartablets e outro tipo de ecrãs de forma mais autónoma”, explicam.
“Procuramos que os projectos de aptidão profissional tenham utilidade para a comunidade”, nota o director da ETAP. O AFFA Roboticé apenas um exemplo. Mas há mais, como uma máquina para cravar fibra óptica concebida na escola em parceria com uma empresa da região ou um carregador solar para telemóveis que, durante a última época balnear, esteve de serviço na praia de Osso da Baleia.
Ainda em fase de desenvolvimento, encontra-se um robotde combate a incêndios, projectado para “fazer uma primeira intervenção no caso de fogos em unidades industriais”.
[LER_MAIS] A ligação com a comunidade, nomeadamente, com o tecido empresarial reflecte-se também no corpo docente, com a escola a contar com a colaboraçãode profissionais de várias empresas como professores.
Essa ligação tem ainda permitido dotar o estabelecimento de ensino com equipamento que “recria” contextos de trabalho. Foi assim que a ETAP conseguiu abrir, em 2014, o primeiro curso profissional do País na área da transformação de polímeros, com equipamento de injecção cedido pela Iber-Oleff, empresa de Pombal que integra o grupo Iberomoldes.
Na zona de oficinas da escola é, aliás, comum encontrar maquinaria cedida por unidades industriais da região. Esta é, apenas, uma das faces visíveis das parcerias que a ETAP tem com mais de 400 empresas e instituições, que garantem a colocação dos alunos em estágios.
A terminar o curso de técnico auxiliar de saúde, Ângela Santos realça as vantagens da formação em contexto de trabalho, que permite “explorar outras áreas” e “expandir horizontes”. No seu caso, criou-lhe até um dilema.
Quando ingressou no curso profissional, já tinha a expectativa de prosseguir estudos na área da enfermagem. Agora, está indecisa entre esse curso e o de nutrição e dietética. Seja qual for a opção, a jovem acredita que os conhecimentos que tem adquirido, “sobretudo os práticos”, serão muito vantajosos.
Indissociável da preparação dos alunos para o mercado de trabalho, está o acompanhamento individual dos estudantes e das suas famílias, garante Patrícia Ferreira, uma das duas psicólogas da ETAP. Segundo a técnica, esse trabalho reflecte- se na redução da taxa de insucesso e de abandono escolares, nomeadamente, nos cursos de educação e formação.
“Muitos jovens chegam-nos completamente descrentes da escola. A nossa missão é conseguir envolvê-los no processo de identificação do seu percurso, trabalhando também com as famílias”, refere a psicóloga.
Esse tipo de intervenção permitiu que as taxas de abandono sejam “ínfimas”, com a “maioria” dos alunos a prosseguir estudos depois de concluírem esse curso, realça o director da escola, para quem “o melhor ranking é o sucesso dos alunos”.