PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Opinião

Etc.

Paulo Kellerman * por Paulo Kellerman *
Outubro 1, 2017
em Opinião
0
Etc.
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

No princípio, quando vieste depositar-me no lar, quase não saía do meu quarto; sentava-me junto da janela e olhava o céu, via as nuvens passarem durante horas e horas e horas; depois, de repente, deixava de as ver, apesar de continuar a olhá-las: os olhos enchiam-se de imagens, que desfilavam lentamente perante mim (dentro de mim), envoltas em nostalgia e saudade, em melancolia.

Até que certo dia me cansei de chafurdar no passado e comecei a sair mais; dava umas voltas pela rua do lar, devagarinho, olhando isto e aquilo, tentando esquecer as nuvens, não as espreitar. Caminhar, sem destino nem objectivo, sem esperança de encontrar nada mas também sem sentir que fugia a algo, a alguém; andando, apenas. Consumindo os últimos passos, gastando o tempo, a energia, a impaciência; disfarçando o vazio; e etc.

Percebes? E etc. O futuro é sempre um etc. Mas antes do futuro, está o presente. Problemas concretos do presente; por exemplo: como ocupar o tempo? A sala de convívio – convívio? – do lar nunca me pareceu uma opção aceitável; incomodava-me (não: assustava-me) toda aquela imobilidade e desinteresse, aquele silêncio resignado e complacente, aquela espera paciente e tranquila, plácida; perturbava-me, especialmente, a sensação de que quando olhava para alguém, para qualquer um daqueles velhos estáticos e petrificados, estava verdadeiramente a olhar-me num espelho; como se ali não existisse individualidade, apenas repetição.

Os passeios surgiram, então, como única alternativa à clausura claustrofóbica do meu quarto; e, lentamente, foram-se expandindo, prolongando. Sabia-me bem o cansaço, o suave protesto do corpo que distraía a alma de outras dores.

 [LER_MAIS] Também gostava de observar a indiferença das pessoas com quem me cruzava, das pessoas que passavam apressadas e rígidas, alheadas; olhava-as, curioso e fascinado com o grau de concentração em si próprias que revelavam, como se afastassem e excluíssem o mundo das suas preciosas vidas, como se fossem auto-suficientes e plenas.

Pensava como também eu fora assim, um dia; e sorria. Quase nunca pensava em ti, apesar de por vezes me perguntar distraidamente por que motivo não me visitarias (telefonemas, apenas no início; depois, também cessaram); sim, sentia saudades: mas não te criticava o distanciamento, o desinteresse; limitava-me (e, na realidade, até isso era raro) a perguntar porquê; não especulava respostas, não arriscava teorias.

Limitava-me apenas a esperar que um dia destes (num feriado, talvez; ou numa manhã de natal; no etc.) aparecesses, sorridente e apressada. E então poderia (não significa que o faça; mas ainda me é permito fantasiar, suponho) perguntar-te porquê. Mas voltando aos problemas concretos do presente.

Caminhar, sem destino nem objectivo, sem esperança de encontrar nada mas também sem sentir que fujo a algo, a alguém; andando, apenas. Consumir os últimos passos, gastar o tempo, a energia, a impaciência; disfarçar o vazio; sem etc.

*Escritor

Etiquetas: opiniãoPaulo Kellerman
Previous Post

Não é por “ACASO” que temos um “Nariz”

Próxima publicação

Guardiões de segredos – a autenticidade

Próxima publicação
Guardiões de segredos – a autenticidade

Guardiões de segredos – a autenticidade

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.