Lara Ferreira e Ana Estrelinha, ex-funcionárias da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) da Nazaré, pediram palavra na última reunião de câmara, para informar sobre a situação em que se encontra a instituição, interrogação que, nos últimos meses, também tem sido colocada pelos vereadores da oposição.
“Não é verdade, como aqui foi afirmado, que o funcionamento irregular da CPCJ teria a ver com duas funcionárias, que extrapolaram as suas funções”, expuseram, frisando que, em pouco tempo, foram sete os funcionários que deixaram a instituição.
Recordam que, em finais de 2022, durante eleições para a presidência da CPCJ da Nazaré, depois de os candidatos mais votados terem recusado exercer funções, na repetição do acto eleitoral, veio a assumir a presidência Graça Pereira, que era até então secretária.
“Desde o início deste mandato [LER_MAIS]e em consonância com alguns indicadores anteriores, verificou-se que a CPCJ seguiu o seu caminho de isolamento da comunidade”, realçaram as ex-funcionárias. Desde a sua integração na CPCJ, inicialmente como secretária, e posteriormente como presidente, “saíram sete técnicos e uma administrativa, ambos em rota de colisão com a sua forma de liderança autoritária”.
“O município desde início de 2023 tem conhecimento formal de que algo está errado na CPCJ e que a resposta para a comunidade estava comprometida”, referiram.
De acordo com as duas ex-funcionárias, estas terão sido afastadas desta instituição porque, em diferentes momentos, perante a indisponibilidade da presidente, tomaram decisões urgentes para garantir a segurança de crianças.
Tendo as ex-funcionárias criticado a “inércia” e a “aliança” entre a presidente da CPCJ da Nazaré e o actual executivo, Manuel Sequeira, presidente da autarquia, considera que a situação tem de ser reportada à Comissão Nacional. “Há aqui graves acusações”, notou.
Orlando Rodrigues, vice-presidente da câmara, salientou que, no caso de Ana Estrelinha, não houve despedimento, mas antes uma não renovação de contrato. Explicou que se tornou membro da comissão alargada da CPCJ da Nazaré, por “dever cívico”.
“Não consigo tolerar que misturem questões partidárias com a minha posição de cidadão”, declarou. E, na medida em que estão a ser transmitidas “informações sigilosas”, Orlando Rodrigues disse equacionar apresentar o caso ao Ministério Público.
O JORNAL DE LEIRIA tentou, sem sucesso, ouvir Graça Pereira.