Na última campanha foram colhidas 200 mil toneladas de pera rocha e 60% desta produção foi vendida nos mercados internacionais, com Marrocos a liderar, seguindo-se o Brasil e a Inglaterra. De Janeiro a Novembro de 2019, as exportações renderam 90 milhões de euros, um crescimento de 16% face ao ano anterior.
Os dados foram revelados pela Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP), que na semana passada promoveu um encontro no Bombarral para dar a conhecer alguns dos resultados do projecto de promoção deste fruto nos mercados internacionais. Entre 2017 e 2019 a associação levou a cabo 15 iniciativas de promoção deste fruto em sete mercados estratégicos.
É esta aposta de promoção nos mercados externos, a par do traballho das centrais fruteiras, que tem permitido o crescimento das vendas lá fora, considera Domingos Santos, presidente da ANP, que diz ser difícil nesta altura fazer previsões quanto aos valores das exportações de 2020. Neste momento é o Brasil quem lidera a procura, absorvendo 40% das exportações.
O dirigente adianta ao JORNAL DE LEIRIA que a área de produção tem crescido ao longo dos anos – os cinco mil produtores associados da ANP têm agora 11 mil hectares de pomar, o equivalente a 85% de toda a área de cultivo da Pera Rocha do Oeste – mas lamenta a “grande estagnação” verificada nos preços.
Para aumentarem as margens os produtores teriam de reduzir custos, “mas não é fácil quando todos os factores de produção sobem”. Pela via do aumento da eficiência também pouco há a fazer. “Já chegámos a um ponto de eficiência tal que não é por aí que vamos conseguir”.
Para aqueles valores de exportação contribuíram as mais de dez mil toneladas de fruta exportadas através do Lidl Internacional para os seus hipermercados na Alemanha, França, Espanha, Luxemburgo, Áustria e Inglaterra. A parceria com a multinacional alemã, que obrigou 14 empresas a organizarem-se num consórcio, começou em 2014.
Nesse ano foram exportadas duas a três mil toneladas e desde então as exportações têm sempre vindo “a crescer de forma sustentável”, disse o director de frutas e legumes da cadeia em Portugal, Jorge Silva, citado pela Lusa. Por semana, 32 camiões transportam pera rocha do Oeste para supermercados Lild.
[LER_MAIS] Com vista a aumentar as vendas lá fora, o sector tem apostado na promoção externa, tendo investido nos últimos três anos 430 mil euros num projecto de promoção na Alemanha, Brasil, Espanha, França, Reino Unidos, Peru e China. Entre outros aspectos, deu a provar a pera em 1.730 voos da companhia aérea TAP com destino à Alemanha, França, Reino Unido e Espanha e levou a cabo uma campanha publicitária na capital francesa, com 700 ‘mupis’ colocados de forma estratégica.
Ao fim dos três anos, num inquérito realizado a maioria das centrais fruteiras considerou que o projecto de internacionalização trouxe um impacto positivo para a empresa e para toda a fileira, valorizou a fruta, facilitando os contactos comerciais e impulsionando as exportações, avança a Lusa.
A Pera Rocha do Oeste foi reconhecida em 2003 como Denominação de Origem Protegida (DOP), selo da União Europeia que certifica a qualidade e tradição de produtos alimentares e agrícolas. “O selo garante que a produção se faz apenas nos 29 concelhos da região [entre Mafra e Leiria, sendo os concelhos do Cadaval e do Bombarral os que mais produzem] e que todo o seu processo se rege por regras e saberes certificados”.