A pêra rocha é a fruta que o distrito de Leiria mais exporta. Este produto já segue para cerca de 36 países, e agora pode também ser vendido para o México. Na semana passada, o Ministério da Agricultura anunciou a abertura de mais este mercado, o sexto que conseguiu para este fruto.
Os primeiros contentores, num total de 40 toneladas de pêra rocha, já seguiram para este país sul-americano, “depois de o Governo ter concluído todo o processo de controlo fitossanitário”.
“O mercado mexicano constitui um dos mais importantes do continente americano, com cerca de 128 milhões de consumidores para os produtores e empresas de fruticultura nacional”, aponta o gabinete de Capoulas Santos.
“É sempre muito importante haver mais alternativas, porque isso diminui a pressão nos mercados existentes”, diz Domingos dos Santos, presidente da Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP), a propósito da abertura do México.
Para já, o Brasil é o principal destino da pêra rocha vendida pelo distrito de Leiria. No ano passado as exportações para este mercado somaram 22,7 milhões de euros. Seguem-se o Reino Unido, França, Espanha e Alemanha. Leiria exportou 39,3 milhões de euros de pêra rocha, montante que representa 41,2% das exportações nacionais deste fruto, que totalizaram 95,3 milhões de euros, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística.
Nesta campanha (2017/2018), só o Lidl Portugal deverá assegurar 10% das exportações de pêra rocha (cerca de oito mil toneladas), aponta Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh.
Estas duas entidades estabeleceram há quatro anos uma parceria para dinamizar as exportações nacionais, no âmbito da qual o projecto com maior peso é precisamente a venda de pêra rocha para a Alemanha, através do Freshfusion, agrupamento complementar de empresas que reúne 14 organizações de produtores.
Actualmente, todas as três mil lojas Lidl na Alemanha vendem pêra rocha. Em 2014, quando arrancaram com a comercialização do produto português, apenas 240 espaços a vendiam. “Penso que poderá ser possível e desejável replicar este caso de sucesso, acrescendo outros produtos, com outros grupos noutras geografias”, acredita o dirigente.
Quanto à abertura do México às exportações portuguesas de pêra rocha, Gonçalo Santos Andrade lembra que este mercado tem uma importância relevante, com um “enorme potencial de consumidores”. E a pêra e a maça “são as frutas mais consumidas pelos mexicanos, o que pode garantir uma maior procura por parte dos grossistas e retalhistas desta geografia”.
[LER_MAIS] No ano passado, de acordo com os dados do INE, as exportações portuguesas de fruta somaram 640,5 milhões de euros, número que traduz um crescimento de 27,3% face a 2016. As exportações de fruta do distrito de Leiria cresceram 32,2%: em 2017 somaram 54,3 milhões de euros, em 2016 tinham-se ficado pelos 41,1 milhões.
O segundo produto mais exportado pelo distrito é a maçã, cujas vendas somaram no ano passado 6,5 milhões de euros, um crescimento de 72,7% face aos 3,7 milhões de 2016. Jorge Santos, presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA), explica que nos anos em que a produção cai a exportação também cai. Esta campanha (2017/18), as vendas de maçã para fora deverão pesar cerca de 30% do total da produção.
Inglaterra e Irlanda são “mercados históricos”, mas o Brasil, até devido à relação com a pêra rocha, “é já um destino interessante” para a Maçã de Alcobaça. “Também já há experiências interessantes e com volume nos mercados árabes”, aponta o dirigente, que acredita que este produto “vai conseguir competir”, em qualidade e preço, com os países que mais exportam.
Vendas para o exterior valem mais de 1470 milhões
Em 2017, as exportações de frutas, legumes e flores (produtos abrangidos pela Portugal Fresh) atingiram os 1472 milhões de euros, o que traduz um aumento de 12,4% face ao ano anterior. “Desde 2010, quando surgiu a Portugal Fresh e o sector exportava 780 milhões de euros, que se regista um crescimento médio anual ligeiramente acima de 10%”, aponta Gonçalo Santos Andrade.
“Este crescimento deve-se à dinâmica das empresas portuguesas do sector, que souberam ler a oportunidade de mercado existente, profissionalizaram-se e adaptaram a sua produção e comercialização às exigências dos clientes internacionais”. Por outro lado, “a promoção conjunta dos nossos produtos, nos principais eventos internacionais, garantiu visibilidade e notoriedade de Portugal como uma geografia importante e diferenciada de produção”.
Para que esta evolução se mantenha, frisa o dirigente, “importa definir estratégias para ser possível ultrapassar os grandes desafios que o sector enfrenta”. “Há que agilizar processos no recrutamento de mão- de-obra estrangeira, garantir disponibilidade de água e acesso e apoio ao investimento. Se não ultrapassarmos estes desafios podemos colocar em causa o aumento das exportações”.