Adiado em 2020 por causa da pandemia e novamente em 2022 devido a compromissos de estúdio, o concerto vai, finalmente, acontecer. The Young Gods ao vivo em Leiria e com acesso gratuito. É já hoje, no Jardim Luís de Camões, depois das 23:30. Uma prenda da Fade In para o público do Extramuralhas, a cumprir a promessa anunciada há três anos.
Em palco, a liderar os acontecimentos, estará o cantor e compositor com quem, noutra vida, Carlos Matos trocou a t-shirt numa discoteca em Coimbra. A dele, compra de feira e improviso caseiro, inspirado no álbum L’Eau Rouge; a de Franz Treichler, retirada do próprio corpo (e do merchandising oficial) depois da actuação da banda suíça. “E passados 31 anos vou reencontrá-lo na minha cidade. É quase irreal”, comenta o presidente da associação que realiza o festival gótico, com início esta quinta-feira e a decorrer até ao próximo sábado.
Além dos Young Gods, que nos anos 90 assinaram êxitos como “Gasoline Man”, “Skinflowers” ou “Kissing the Sun”, e que deverão apresentar em Leiria uma espécie de best of, há outro desejo que se concretiza em 2023: os escoceses Walt Disco, inicialmente também negociados para 2020, trazem influências pós-punk e art-pop que já captaram a atenção da BBC e do New Musical Express. Carlos Matos acredita que têm tudo para se tornarem “alvo de culto”.
Destaque para a presença do projecto Clock DVA, fundado nos anos 70 em Inglaterra por Adi Newton; dos também históricos Leæther Strip (Dinamarca), Esplendor Geométrico (Espanha), Corpus Delicti (França) e Das Ich (Alemanha); ou ainda, do Reino Unido, os emergentes Ditz, que já abriram para os compatriotas Idles; da Alemanha, os Twin Noir, que Iggy Pop rodou recentemente no seu programa da Radio 6; da Finlândia, os apocalípticos Grave Pleasures; e, da Holanda, a escuridão dos Gggolddd.
A companhia Ultima Vez, fundada na Bélgica pelo coreógrafo Wim Vandekeybus, traz o espectáculo Hands Do Not Touch Your Precious Me, construído em parceria com a compositora catalã Charo Calvo e com o performer francês Olivier de Sagazan, naquele que, segundo a organização, é o maior investimento de sempre do Extramuralhas, até 2017 designado Entremuralhas. Só possível graças ao apoio financeiro do Teatro José Lúcio da Silva, e, indirectamente, da Direcção-Geral das Artes.
Pela primeira vez, a dança ganha o mesmo destaque do que a música. Outra novidade são os três DJ’s internacionais que vão fechar as noites na Stereogun e que inauguram uma nova linha de programação, dirigida aos melómanos mais jovens. “Queremos surpreender de ano para ano”, aponta Carlos Matos. “O festival é um organismo vivo”.
Em 2023, num cartaz com 20 nomes internacionais e dois nacionais, o Extramuralhas promove nove estreias em Portugal: Clock Dva, Ductape, Walt Disco, Lili Refrain, Leæther Strip, Denuit, Venin Carmin, Corpus Delicti e Girls in Synthesis.
Na décima segunda edição, 24, 25 e 26 de Agosto, em Leiria, estão anunciadas 22 apresentações ao vivo.
Metade do programa é gratuito, o que abrange todos os concertos no Jardim Luís de Camões e o momento de abertura na Igreja da Pena do Castelo de Leiria, esta quinta-feira, 24 de Agosto, pelas 18 horas, com a cantora, compositora e multi-instrumentista italiana Lili Refrain.
A quase totalidade das bandas e artistas contratados pela Fade In são exclusivos do Extramuralhas e Leiria é data única em Portugal, este ano. T
Teatro José Lúcio da Silva e Stereogun acolhem os eventos com entrada paga. O festival continua a ser um porto de abrigo para as estéticas e sonoridades mais extremas e alternativas, com predomínio da música gótica, electrónica, techno, industrial, pós-punk, art-pop, noise rock, new wave e dark wave, entre outros géneros.
Além dos portugueses Capela das Almas e I Am The Shadow, há nomes originários de 13 países diferentes: Suíça, Alemanha (três), França (três), Inglaterra (três), Espanha (dois), Bélgica, Dinamarca, Escócia, Finlândia, Itália, Países Baixos, Suécia e Turquia.
Fruto de muita “liberdade criativa” e “garimpagem” – “agimos de forma profissional mas não dependemos da Fade In para sobreviver” – a associação volta a reunir um alinhamento equilibrado entre clássicos e novos valores, que tornam a colocar Leiria, por três dias, como capital do gótico capaz de atrair gente de outras regiões e também do estrangeiro – “uma programacão exactamente como nós queremos”, garante Carlos Matos.
Este ano, nos materiais de divulgação de um festival quase sempre tingido por tons negros, a Fade In adopta a cor rosa e a frase “Igualdade e Respeito não têm género”.
O cartaz completo do 12.º Extramuralhas: The Young Gods, Clock Dva, Esplendor Geométrico, Grave Pleasures, Gggolddd, Ultima Vez, Das Ich, Leæther Strip, Corpus Delicti, Walt Disco, Capela Das Almas, I Am The Shadow, Denuit, Venin Carmin, Girls In Synthesis, Lili Refrain, Twin Noir, Ditz, Ductape e os DJ Eskil Simonsson, Lith Li e Melanie Havens.