A expressão “nada de bom cresce nos extremos” deve advir da polaridade inerente ao Globo terrestre, já que nestas regiões inóspitas só os animais mais adaptados sobrevivem.
Excluindo os referentes geográficos, o extremismo é também bastante fecundo em avanços, e alguns retrocessos também, sociais. Muitas das causas que movem sociedades para a frente são extremistas.
Sejam o voto feminino, o movimento anti-xenofobia, ou a luta contra as alterações climáticas, estas têm início numa opinião polarizada que contraria o status quo. Podem parecer descabidas, extemporâneas, ou simplesmente erradas na altura, mas a verdade é que contribuem para o progresso civilizacional.
São também reféns desta constante evolução, tendo necessidade de se reinventar a cada vitória. Definindo-se pelo negativo, por equiparação, já que só existe um extremo se houver um meio, são muitas vezes temporárias e contextuais obrigando a um reposicionamento daquilo que defendem, i.e, como surgem contra algo, definem-se apenas por oposição.
Quando essa oposição desaparece ou é vencida, o objectivo passa para outro lado. Estas posições extremadas correm então o risco de passarem ao esquecimento, uma vez que as causas batalhadas foram já vencidas.
Deixando de nos preocupar com o assunto estas deixam de ciclicamente gerar atenção.
Isto representa um perigo para a sociedade como um todo, já que pode cair nos erros do passado.
Havendo hoje em dia razões para temer o aumento do divisionismo e do proteccionismo, numa sociedade global que procura entrincheirar-se e preparar-se para uma cada vez mais polarizada tomada de opinião, é na memória fresca da causa certa e na razoabilidade de argumentação que estará o cerne para o desenvolvimento social.
Porque às vezes os extremos até se tocam e no meio é que está a virtude.