Falta de ramais impede utilização de rede de saneamento em Mira de Aire

Em 2012, Carlos Alberto Rosa, administrador das Grutas de Mira de Aire, então membro da Assembleia Municipal de Porto de Mós, prometeu ir a pé a Fátima “de marcha-a-atrás” quando ficasse concluída a rede de saneamento na freguesia. Agora, o morador admite que dificilmente cumprirá a promessa. Não por falta de vontade, mas por a obra continuar longe da conclusão.

“Morro sem ir a pé a Fátima por esse motivo”, desabafou na última reunião de câmara descentralizada realizada na freguesia, durante a qual um outro morador lamentou que parte da “pouca” rede já executada não esteja a ser utilizada .

É o que acontece com o colector principal, que atravessa a vila através da avenida General Humberto Delgado, mas que que não recolhe as águas residuais dessa zona por falta de ramais de ligação.

“É um desperdício. O colector podia ter muito mais utilização se houvesse ramais. Assim, quem vive ou tem escritórios na avenida continua a ter de usar o sistema de fossas”, constata João Pereira, que critica o arrastar do problema, que tem mais de uma década. “Quando construiram o colector, deviam ter feito os ramais. Agora, vão ter de abrir, de novo, a estrada e, depois, pavimentar outra vez”, reforça.

O morador chama ainda a atenção para o facto deste subaproveitamento do colector se reflectir no funcionamento da ETAR de Minde, construída para servir também Mira de Aire e que podia ter maior utilização.

Frisando que este é um problema que vem de anteriores executivos, o presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, admite que pode, inclusive, ser necessário substituir algumas condutas executadas e que ainda não foram usadas.

“Estamos a fazer uma avaliação da qualidade das condutas. Se não estiverem capazes, teremos de as mudar”, assume o autarca, admitindo que a conclusão do saneamento de Mira de Aire exigirá um investimento superior a dez milhões de euros. “É uma obra muito complicada, devido às características do solo. É tudo pedra.”.

Neste momento, o município tem em curso uma grande empreitada na área do saneamento, que representa um investimento na ordem dos 3,3 milhões de euros. Iniciados em Setembro último, os trabalhos decorrem ao longo da EN8, abrangendo os lugares de Cumeira, Albergaria, Cruz da Légua e Boieira, e tem um prazo de execução de 730 dias.