As férias são momentos relaxantes, que devem ser aproveitadas para retemperar forças e aproveitar para fazer o que mais se gosta. É unânime para jovens e para adultos que a pausa no ano lectivo ou no trabalho deve ser usufruída de modo a tirar partido de tudo aquilo que a correria do dia-a-dia e os compromissos em catadupa impedem de concretizar.
A verdade é que as férias escolares de Verão são extensas e quando chega o final de mais um ano lectivo começam as dores de cabeça para os pais, que têm de encontrar um local para deixar os filhos em segurança e com o tempo ocupado, de preferência, de forma construtiva.
Dificilmente algum pai/mãe conseguirá tirar o período de férias de dois meses e meio, até porque a maioria dos trabalhadores por conta de outrem tem direito a apenas 22 dias úteis. Talvez esta nem fosse a solução ideal, porque poderiam ser dias intensos entre pais e filhos sem direito a descanso uns dos outros.
Aliás, como referiu o psicólogo José Morgado ao Observador, o tempo em família é fundamental, mas os exageros devem ser evitados: “nem pais a menos nem pais a mais”.
Admitindo que as férias são momentos que permitem que os pais compensem alguma ausência ao longo do ano, devido aos afazeres laborais, o psicólogo e docente no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) adverte, contudo, que “se um pai se sente culpado por ter pouco tempo para a criança, pode aproveitar as férias para interagir mais com o miúdo, mas não pode ser tudo na vida dele”.
Para o psicólogo, as crianças são autónomas e, tal como os adultos, precisam de espaço próprio, por isso, “se os pais forem muito insistentes, os miúdos vão abominar passar férias com eles”.
Mas com o fim das aulas – entre 15 e 22 de Junho para os jovens que não têm exames – muitos pais defrontam- -se com o eterno problema: o que fazer com os filhos? Ficar em casa (quando têm idade que o permita) pode não ser a melhor solução, porque muitas vezes limitam-se à televisão ou computador e até acabam por se aborrecer poucos dias depois. Avós ou familiares e amigos nem sempre estão disponíveis para dar uma ‘mãozinha’, pelo menos durante os cerca de dois meses e meio que duram as férias escolares.
Para ocupar todo este período a solução parece passar por pagar programas de férias, conciliando com a disponibilidade dos avós e das férias dos pais. A verdade é que na maioria dos casos, as férias são sinónimo de mais gastos para o agregado familiar, mesmo tendo o apoio familiar por perto.
É o caso de Dora Silva, mãe de uma menina de 10 anos. Durante o período lectivo a família consegue gerir os horários e ir buscá-la assim que termina as aulas sem necessidade de frequentar o ATL. No entanto, quando chegam as férias são precisas outras soluções. “Como o centro social de Regueira de Pontes começou a dar resposta às crianças, ela costuma ficar no ATL e até tem actividades interessantes, algumas ligadas aos idosos”, conta.
[LER_MAIS] Esta solução é um acréscimo ao orçamento do agregado familiar. Dora Silva entende que as férias são também para “brincar livremente” e “não estar sempre fechada”. Por isso, sempre que possível, a filha fica um período com os avós.
“Tentamos conciliar isto tudo ainda com as nossas férias. A solução mista será a melhor.” Esta é também a opção utilizada por Filipa Sousa. Mãe de dois meninos de 7 anos e de 18 meses tem na sua mãe um dos principais apoios. “Mas não a posso sobrecarregar, até porque tem ainda mais três netos do seu companheiro a quem dá apoio.”
Por isso, durante uma parte das férias tem de desembolsar mais dinheiro para pagar as actividades extra do ATL e infantário. “Tem de haver muita coordenação entre todos. É importante que eles fiquem com os avós, onde brincam livremente, mas também considero ser fundamental manter a rotina por um período curto no ATL, onde se mantêm as regras e podem socializar com outras crianças.
As duas filhas de Sandra Pereira, de 9 e 15 anos, costumam ficar com os seus pais, até porque entende que “os avós são referências” para os netos e durante as férias conseguem fazer programas diversificados que incluem praia e piscina. “Este ano a paróquia da Caranguejeira criou o trabalho voluntario para crianças e a mais velha vai experimentar”, conta Sandra Pereira. Já a irmã vai para o ATL.
“É um valor acrescido ao orçamento familiar, mas é importante que não passe tanto tempo sozinha sem outras crianças por perto.” Esta mãe refere que é precisamente para a fase da adolescência, que faltam ofertas para as férias. Sem terem 16 anos não podem trabalhar e os jovens de 15 anos “não gostam nada de ir para o ATL”.
Durante as férias maiores, as duas filhas de Diana Silva, com 10 e 15 anos, integram alguns dos programas de Verão que estão disponíveis em Alcobaça. “Às vezes passam uns dias em casa, mas não queremos que fiquem o tempo todo sem fazer nada.”
Mas esta opção da família tem um custo elevado e, neste caso, a multiplicar por duas. “São programas caros, porque incluem muitas atividades fora, com custos de entradas em museus e outros locais”, explica Diana Silva.
Uma parte das férias são também passadas com os avós. “Eles gostam e também precisam deste convívio.” No entanto, existem mais netos a precisar de atenção e todos juntos seria um peso para os avós. Por isso, a opção por soluções diferentes, onde existe ainda espaço para conciliar com as férias dos pais, é a preferida desta família.