Férias passadas… férias presentes!

Com ele, novas esperanças e desejos são investidos em função de um novo patamar de aprendizagem dos mais novos, e das novas responsabilidades que recaem sobre os ombros dos mais velhos (pais/avós e professores) no sentido da criação das condições necessárias à preparação do futuro.

As férias terão sido uma oportunidade de novas experiências vividas nos contactos e desafios que proporcionaram, e que poderão (deverão) ser prolongadas no tempo e em diferentes espaços.

Reviver o passado, quer este tenha sido ou não vivido em comum, permite não apenas a sua vivência recordada e imaginada, como se constitui como fator de partilha e comunhão de ideias e sentimentos.

Pessoalmente sempre me fascinou o contacto com outras realidades, e sobretudo com as pessoas que “habitam” essas realidades diferenciadas, como sempre me agradou a posterior partilha do vivido.

Vem isto a propósito da imagem publicada na National Geographic de setembro que mostra um dos últimos pescadores do rio Li (província de Guangxi) que pescam com corvos-marinhos.

Esta realidade, experienciada por nós nos idos anos 90, faz parte da fabulosa viagem que tivemos oportunidade de realizar à China, em que se incluiu o percurso de barco no rio Li entre as cidades de Guilin e Yangshuo.

O rio espraia-se por entre um soberbo relevo cársico rompendo da terra (com mais de 70 mil picos) e que nos aparece como uma paisagem de outro mundo (de resto utilizada como cenário para a filmagem de um dos episódios da famosa série Star Wars).

Ao longo do percurso tivemos oportunidade de observar os pescadores nas suas jangadas de bambus e os seus corvos-marinhos.

 [LER_MAIS] À ordem do pescador, o corvo-marinho mergulhava, trazendo o peixe (que só não engolia por ter um anel/laço na parte final do papo). Com frequência nos cruzámos com pequenas manadas de búfalos de água, uns pastando nas margens, outros nas águas do rio Li, muitas vezes apenas com a cabeça fora de água. De vez em quando as cabeças imergiam para procurarem alimento no fundo do rio, alimento que depois ruminavam.

Ou com a ajuda das fotografias e dos pequenos vídeos realizados, ou apenas através do diálogo, as conversas sobre estas férias fluem e expandem-se para intermináveis e repetidas histórias contadas e recontadas, de cada vez mais enriquecidas com as perguntas, dúvidas e novas tentativas de compreensão mais alargada e aprofundada, em função dos interesses diferenciados dos diferentes participantes e suas idades.

Partilhar é seguramente das experiências mais agradáveis e enriquecedoras quer para os mais novos quer para os mais velhos. Ao partilharmos as vivências do passado, o conhecimento transmite-se de forma natural, a memória se aviva, e a imaginação se enriquece, enquanto os valores essenciais se transmitem às novas gerações.

O futuro vai-se construíndo com referências às experiências e vivências passadas, atualizadas e reconstruídas.

* Psicólogo
Texto escrito de acordo com a nova ortografia