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Home Entrevista

Fernando Tordo: “Não me levo muito a sério, é uma maneira de sobreviver”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Janeiro 14, 2022
em Entrevista
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Fernando Tordo: “Não me levo muito a sério, é uma maneira de sobreviver”
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Que espectáculo é que o público pode esperar em Leiria?
O que vai acontecer, com certeza, é a apresentação das canções que fiz ao longo de muitos anos com o José Carlos Ary dos Santos, com o enriquecimento que é eu contar as histórias de como algumas delas foram feitas pelos dois. Muita gente tem pouca ou nenhuma informação acerca desse processo de trabalho. E o meu, com ele, era um processo de trabalho muito especial, muito complexo. São milhares de horas de contacto, de música e de texto. Essencialmente, o que conto são as partes mais engraçadas.

De todas as canções, qual tem a história mais curiosa?
Às vezes, uma mesma canção recorda uma história ou recorda outra história ou outra história. Algumas são muito interessantes e o público fica fascinado, porque ouve uma canção durante uma série de anos sem fazer ideia. É muito divertido. Neste caso, com a orquestra, que é sempre uma mais-valia.

A relação de trabalho e amizade que mantinha com o José Carlos Ary dos Santos continua por substituir?
Continua, claramente. O trabalho com o Ary dos Santos elevou muito a fasquia. Foram anos muito especiais, a começar em 68 e por aí fora. As motivações, as mudanças, as coisas surpreendentes. Foram muito vivos. Aproximadamente 90 ou 95 por cento do trabalho do Ary dos Santos foi feito comigo e conseguir passar essa experiência, para mim, é particularmente importante, porque quando eu desaparecer não está ninguém para contar.

Há dois anos lançou com o José Jorge Letria o livro Não Houve Geração Mais Rica do que a Nossa. Que sentidos é que este título contém?
Nasci em 48. De algum modo, esta geração teve a felicidade de assistir, à escala nacional e mundial, a muita coisa. A guerra colonial, a do Vietname, o Maio de 68… vivemos transformações incríveis, a ciência a avançar, a exploração do espaço, tudo isso. É uma geração riquíssima. E para mais, aqui no nosso País, a minha geração de músicos. Uns miúdos que andavam na escola, no liceu. E de repente começa a surgir esta música vinda de Inglaterra e vinda dos Estados Unidos, que nós ouvíamos com sofreguidão. Quem trabalhava na TAP normalmente encarregava-se de trazer os discos que tinham saído naquele dia em Londres. Era um País com um atraso de 40 anos mas que em certas coisas estava actualizado. De facto, a nossa geração foi a mais rica de todas, sem dúvida.

Desse tempo são as edições do Festival da Canção em que o Fernando Tordo brilhou. Quais as principais diferenças para o actual concurso?
Antes do 25 de Abril, a única hipótese de uma canção ser dada a ouvir pelo público em geral era concorrer ao Festival, porque não conseguíamos lá chegar de outra maneira. E é aí que a partir do ano de 66, 67, em simultâneo, está esta geração sôfrega pela música, de compositores, cantores, enfim, malta que já está ligada ou que se quer ligar à música, que é muito jovem, que é criativa. E, portanto, o Festival tem uma qualidade nesses anos 60 e 70 que não voltou a ter, só esporadicamente. Eu, por exemplo, em 71 cantei o Cavalo à Solta: estavam 6 milhões e 500 mil portugueses a ver. O Festival tinha uma importância louca.

A noção da dimensão do palco do Festival da Canção levava-vos a olhar para ele para além da esfera artística e a querer passar uma mensagem?
Com certeza. Veja o que aconteceu em 73: cantei a Tourada. Canto a Tourada há 48 anos. É através das canções que se marcam determinados períodos sociais e políticos no nosso País. A Tourada é uma coisa absolutamente bombástica, porque a guerra colonial estava no auge. A dilaceração que a guerra colonial ia provocando em Portugal, e em todos nós, é uma coisa brutal. O país está completamente estraçalhado e de repente aparece um tipo na televisão a cantar uma cantiga daquelas. Esse é um momento fulcral da nossa história. A minha geração é feita muito através da televisão. A RTP criou a minha geração e a minha geração criou a RTP.

Falta vontade de intervir na canção portuguesa de hoje?
Falta vontade porque o nosso País é um País muito pobre ao nível dessa informação. A malta nova hoje não imagina o que é o acervo da canção deste País. Se não formos os mais avançados, estamos nitidamente no grupo da frente. A nossa malta nova hoje não faz a mais pequena ideia, mas a culpa não é dela, a culpa é de quem vai assumindo o poder, de quem vai estando no poder, porque também não sabe. Fala-se com qualquer ministro da Cultura ou secretário de Estado, também não faz ideia do que aconteceu. Já gravei duas vezes no estúdio mais famoso do mundo e os portugueses não sabem. Tenho dois discos gravados em Abbey Road. O nosso povo não é um povo muito vocacionado para se informar sobre essas coisas.

Aos 73 anos, canta por gosto ou porque precisa de trabalhar?
Pelas duas coisas. Mas, principalmente, canto porque posso cantar. Canto com muito gosto. E há um público que ainda gosta muito disso, porque tem a sua formação, a sua vida, a sua família, os seus amigos, o seu pensamento muito ligado a um determinado tipo de canção em Portugal. Eu levantei-me eram cinco e meia da manhã. E tenho estado a pintar. Agora a seguir vou pegar na música. A minha vida é isto. Tenho as minhas telas, pinto, tenho os meus instrumentos, vou tocando, tenho os meus papéis, vou escrevendo, vou fazendo canções e vou fazendo quadros, não posso desejar melhor para mim.

Admitiria voltar ao exílio num cenário político em que extrema-direita pudesse influenciar o governo do País?
Não tenha dúvidas nenhumas. Eu decido por mim. E portanto faço a mala quando me apetece e vou-me embora. Sou de uma geração que com 20 anos ou 21 ganhavam muito dinheiro, ganhavam muito bem, e trocaram tudo, de coração feito, de peito aberto, por uma revolução, pelo 25 de Abril, e pelo que poderia trazer. A traição a isto é uma coisa terrível.

Nesse ano em que foi para o Brasil, o João Tordo escreveu a Carta ao Pai em que dizia “Pouco importa quem é o homem; isso fica reservado para a intimidade de quem o conhece”. Há uma grande diferença entre o que o Fernando Tordo artista dá a conhecer e o que Fernando Tordo é na intimidade?
Não, não há. Às vezes, nem é muito inteligente, ser tão espontâneo. Mas acho muito interessante a espontaneidade, porque se transmite às pessoas. A carta do meu filho João é uma carta muito bonita e de algum modo também surpreendente. A minha saída para o Brasil é uma saída que já tive oportunidade de explicar várias vezes. Se alguma coisa parecida com aquela acontece no meu País ao nível da governação, vou-me embora outra vez.

O João também escrevia nessa carta: “Eu conheço-o: é um tipo simpático e cheio de humor”. O que é que lhe retira a boa disposição?
Não me levo muito a sério, é uma maneira de sobreviver. Com o avançar da idade estou desprendido de muitas coisas. Estou desprendido de ambição, de querer ser rico, do dinheiro, da fama, da fotografia no jornal, porque tive isso ao longo de toda a minha vida e sou muito grato. O sentido de humor é uma sequência de eu ter vivido. Se critico o tipo vaidozinho, no fundo, estou a lembrar-me de fases da minha própria vida. É importante a gente não se levar muito a sério, muito importante, porque dá mais uns anos de vida.

São 57 anos de profissão.
Conto a partir do momento em que ganhei o primeiro cachê. Eu tocava num conjunto que se chamava Deltons, foi o meu primeiro conjunto. E isso aconteceu no liceu Charles Lepierre, creio que numa festa de final de ano.

Uma carreira tão longa penaliza demasiado a família?
Não, a família está muito integrada. Não sou uma pessoa diferente no palco do que sou fora. Acho muita graça, por exemplo, quando vão os netos. Estar a ver como é que eles reagem quando esta figura está colocada no palco.

É uma vida na rua, de alguma maneira?
No fundo é. O simples facto de estar num sítio qualquer, vem uma pessoa e pede um autógrafo. Sou sistematicamente afável em relação a essa atitude, porque a acho muito bonita. Os meus filhos e netos muitas vezes estão presentes e noto na reacção deles que consideram isso como uma coisa já normal. Mas não é nenhuma idolatria. Eles não são netos do artista, são netos do avô Fernando.

Quase 60 anos de carreira trazem muitos amigos ou alguns momentos de solidão também?
Hoje, o mais antigo com quem mais me dou, com quem mantenho relacionamento e amizade, é o Paulo de Carvalho. São presenças na nossa vida que são muito importantes porque crescemos juntos, na paixão pela música, na entrega, na dedicação, na generosidade, muito na generosidade. Não trocámos nada por dinheiro. Uma pessoa que tenha uma profissão durante muito tempo tem uma responsabilidade social e uma responsabilidade humana que se sobrepõe completamente à responsabilidade artística.

Esteve 28 dias internado com Covid-19. Como é que vê o debate em torno das vacinas e os argumentos dos movimentos anti-vacinas?
Não tem discussão. É para levar a vacina, não vale a pena a inventar. A minha experiência foi muito má, muito penosa.

Etiquetas: Fernando Tordo
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