O Jardim da Almuinha, em Leiria, transformou-se, esta manhã, num palco multicultural, juntando perto de 12 mil pessoas, incluindo 7.500 jovens estrangeiros, oriundos de mais de 50 países, que participaram na missa campal presidida por D. José Ornelas, que se referiu ao evento como “a festa da juventude do mundo” em Leiria. Por todo o recinto, esvoaçavam bandeiras, com alguns dos jovens a trazerem também consigo elementos tradicionais dos seus países, dando ao espaço um colorido que se misturou com o verde do jardim.
“Este lindo espaço da nossa cidade sente-se muito honrado pela vossa presença, porque trazem uma beleza nova a uma beleza natural: a beleza de estarmos juntos no nome de Deus”, disse o bispo de Leiria-Fátima, dirigindo aos jovens participantes na Eucaristia, que decorreu em várias línguas. E, mesmo nos momentos em que, a partir do altar, se orava em Português, no recinto ecoava uma multiplicidade de idiomas, cada um rezando na sua língua.
A multiculturalidade foi, aliás, um dos temas da homilia proferida por D. José Ornelas. “Hoje, neste parque, não há cidadãos e estrangeiros: aqui todos somos irmãos e irmãs, para além da nacionalidade, cultura ou língua”, disse o bispo, que encara a JMJ como “a expressão da vontade e do compromisso de rejeitar todas as formas de racismo, de exclusão, de exploração, abuso”.
JMJ, “um laboratório do futuro”
“A JMJ é experiência de ser, em Jesus, uma mesma família, um laboratório do futuro, sonho de mundo novo, mais capaz de cuidar do planeta, mais fraterno, mais solidário, mais em paz”, reforçou D. José Ornelas que, partindo das leituras do Evangelho, apontou três atitudes “fundamentais” para viver a festa da JMJ: o escutar; o ser activo na Igreja e no mundo e o cuidar e servir.
Em relação ao primeiro ponto, D. José Ornelas sublinhou a importância do escutar, apontado a JMJ como “um tempo privilegiado para escutar a voz de Deus, na festa, no canto, na dança, nos novos conhecimentos e amizade, mas sobretudo no silêncio do coração”.
O bispo de Leiria-Fátima citou, depois, o Papa Francisco, que diz que a Igreja “tem de ser um hospital de campanha”, acrescentando que a Igreja precisa de ser “especialista em cuidar das fragilidades: da fragilidade do planeta em que vivemos, das crianças vítimas da fome e da guerra, dos que buscam caminhos para fugir à miséria, à fome e à injustiça, dos anciãos na sua solidão”.
“Não fiquemos no sofá do nosso egoísmo e comodismo”, exortou D. José Ornelas, que sublinhou a importância de estarmos “especialmente próximos daqueles que têm mais necessidade de um abraço amigo e solidário”.
Durante a tarde, estão a decorrer actividades em vários pontos da cidade, incluindo momentos de arte colaborativa, com a criação de uma escultura da paz, na Praça Rodrigues Lobo, e de um mural junto à Sé de Leiria.