Vai levantar-se o pano para mais um Acaso – Festival Internacional de Teatro, levado a cabo pelo colectivo O Nariz. Será a 29.º edição, que contará com artistas de oito países (Portugal, Austrália, Brasil, Colômbia, Espanha, Cuba e Cabo Verde e Moçambique) e que decorrerá de 21 de Setembro a 27 de Outubro, em Leiria, Marinha Grande e Porto de Mós. Além de teatro, o programa contempla música, cinema e uma tertúlia, a propósito dos 50 anos do 25 de Abril.
Já este fim-de-semana, tem lugar o segundo momento de pré-lançamento do festival – o primeiro aconteceu na passada sexta-feira, com a peça Estação Paraíso, pela companhia espanhola La Maquiné –, com uma oficina de “coro de leitores”, dinamizada por Rodolfo Castro, contador de histórias argentino, a viver em Ourém, que começa amanhã, dia 13.
“É uma actividade para todos, independentemente da idade, profissão ou literacia. Em vez de ser uma pessoa a contar uma história tradicional, isso será feito a várias vozes, em uníssono. É como se fosse um coro”, explica Pedro Oliveira, coordenador do festival, que espera que, desta experiência, fique “um núcleo de duas ou três pessoas” que possa depois propor a actividade a outros territórios. “Se correr bem, ficará como actividade regular de O Nariz”, avança.
A abertura do Acaso acontecerá a 21 de Setembro, com O meu pequeno país, a primeira produção de O Nariz que, quase 30 anos depois, é apresentada com uma “nova abordagem” à peça escrita por Luís Mourão, que tem agora “interferências de textos” de autores como Descartes ou António Morais. “É um espectáculo mais longo, falado em quatro línguas – português, castelhano, inglês e francês – e com quatro actores, mais um do que tinha. É uma peça completamente diferente”, revela Pedro Oliveira, responsável pela encenação e um dos actores.
Sobre o conteúdo, o responsável fala de O meu pequeno país como uma peça que aborda o tema da guerra e da ocupação do território, funcionando como “uma alegoria sarcástica do que se passou, passa e passará enquanto houver engenharia de guerra”. “Há um militar, que tem uma campa térrea, com um tomateiro, uma alface e uma couve. É o seu pequeno país, que começa a ser disputado por outros”, desvenda o encenador.
O programa do Acaso prossegue no dia 22, com a sessão Contos ao Pôr-do-Sol, levada a cabo pelo O Nariz, em Alvados, Porto de Mós. O cartaz do festival inclui ainda artes circenses, espectáculos de marionetas, de música-poesia, de máscaras e de teatro-mimo, entre outras expressões artísticas, com uma oferta heterogénea que pretende surpreender, com apresentações que “de outra maneira não vinham a Leiria”.
É o caso, entre outros, dos espectáculos que assinam Francis J. Quirós (teatro gestual), Andrea Rios (acrobacia aérea), Mireia Miracle (espectáculo de clown de interacção com o público, dança e humor) ou Chris Blaze (‘Ninja do fogo’).
Na 29ª edição do festival participam O Nariz, Companhia da Esquina, Glenmy Rodríguez, Saaraci Coletivo Teatral, Particulas Elementares, Alúa Teatro, Marimbondo, Companhia eLe, Teatro Só, El Perro Azul, Teatro Extremo, Teatro Nacional 21, Art’Imagem e Teatro Amador de Pombal.
Em termos musicais, estão previstas as actuações de Rodrigo Cavalheiro e de Iúri Oliveira, que fará uma “experiência sonora” com o público recorrendo a vários instrumentos, e o espectáculo A liberdade é uma ilha, com Lúcia Moniz, Samuel (cantor de Abril) e o pianista Nuno Tavares.
O Acaso volta a encerrar com o micro-festival O Portão, onde será exibido, novamente, o filme O Mister da Estrada de Sintra. “Será um dia para apresentações livres de actores e músicos, em que cada um poderá fazer o seu improviso”, adianta Pedro Oliveira.