Parece que estamos de facto a assistir ao fim da hegemonia dos Estados Unidos da América como potência em termos comerciais, financeiros e até militares.
Os últimos números da Organização Mundial do Comércio (OMC) reforçam este cenário.
No passado ano o total de exportações foi de 2,263 triliões de dólares para a China, bem na frente dos Estados Unidos da América com 1,547 triliões e da Alemanha com 1,448 triliões de dólares.
Até o papel do dólar como “moeda do comércio” é colocado em causa, como comprovam as recorrentes quedas nas bolsas americanas que acabam por afetar os mercados financeiros internacionais que levam a pedidos de outros países para reformar o sistema financeiro internacional e encontrar uma alternativa ao dólar.
Há muitos países que propõem usar os direitos especiais de saque (DES) – instrumento monetário criado pelo Fundo Monetário Internacional, em 1969, para completar as reservas oficiais dos países membros, no dia 3 de março do presente ano 1 DES equivalia a 1,23 euros – como uma alternativa ao dólar.
Várias organizações [LER_MAIS] internacionais e regionais já usam os DES como “moeda” para as suas trocas comerciais.
A própria China, em 2009, propôs que os DES fossem a base para uma nova moeda global. Proposta novamente referida pelas autoridades chinesas como resposta à guerra comercial da Administração Trump.
Bancos centrais um pouco por todo o mundo têm vindo a reduzir o peso do dólar nas suas reservas de moedas internacionais.
Por exemplo, no passado ano, o Banco Central Russo reduziu o peso do dólar nos seus ativos de 46% para 22%, aumentando o volume das reservas em yuanes e euros.
Também a India e a Turquia reduziram substancialmente as reservas de dólares e aumentaram as reservas em euros, que já representam mais de um quinto de todas as reservas de moedas nos bancos centrais.
*Professor e Investigador
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990