Autenticidade é a palavra que melhor define a Fini, uma marca de gelados que são produzidos em Porto de Mós, de forma artesanal, que se inspiram na mais pura tradição italiana, e que já conquistaram o paladar de muitos portugueses, ou não fossem eles estar disponíveis em cerca de 260 pontos de venda do País. Há ciência e paixão nesta insígnia, como explicou Maria Ramadas, que em 2011 deu início a este doce negócio, com o seu sócio, João Fino.
A Fini Premium Gelato, marca 100% portuguesa de gelados, arrancou com a abertura de uma gelataria em Sesimbra (loja que ainda hoje mantém), onde quatro pessoas apenas, incluindo a própria Maria Ramadas, produziam e vendiam ao público gelados de iogurte com diferentes coberturas. Uma ideia que a empresária achou interessante nos tempos em que viveu fora do País.
O público gostava, mas pedia mais, recorda Maria Ramadas. Por isso, ainda nesse mesmo Inverno, foi tempo de fazer as malas e aprender os truques do autêntico gelado italiano. As receitas então aprendidas serviram para inspirar e lançar a Fini numa multiplicidade de outros sabores, confeccionados de forma artesanal.
Mas não fazia sentido deixar o negócio crescer a partir de Sesimbra, dada a ligação dos sócios à região de Leiria.
Assim, seria no antigo armazém de cerâmica da família de João Fino que esta marca se viria a implantar e a crescer. Mas a crescer com cautela.
É nesta indústria “gigantesca”, como bem sabe Maria Ramadas, que esta marca nacional, ainda relativamente pequena, vai conquiconquistando o seu mercado, sempre através da autenticidade.
“Há gelados de morango sem um único morango!”, confidencia Maria Ramadas, salientando que os artigos da Fini são a antítese de tudo isso.
Porque os seus gelados são mesmo de fruta, e já há um público muito fidelizado a esta marca de Porto de Mós, basta que se mude o lote e já há quem venha perguntar a que se deve o gosto diferente. Isto só acontece porque se trabalha realmente com fruta fresca, que sempre acabava por divergir nem que seja na sua acidez, explica a empresária.
Tal como a cor do gelado, que tem realmente a cor da fruta que lhe dá corpo. Pois aqui não existem corantes, nem conservantes nem qualquer tipo de pasta processada.
O princípio é sempre o mesmo. Vamos fazer gelado de fruta? Então trabalha-se a fruta. Espreme-se o limão, ou laranja, ou as camarinhas… “Esse é daqueles que dão muito trabalho a fazer”, garante Maria Ramadas.
E se a ideia é fazer gelado de brownie de chocolate e avelãs, então compra- se a farinha, o chocolate, os ovos e as avelãs, faz-se primeiro o brownie e a partir daí se constrói depois o gelado. E se for de caramelo salgado? Segue-se a mesma regra.
Actualmente, a Fini disponibiliza 12 sabores fixos: baunilha, doce de leite, avelã, chocolate, limão, manga, kibana, morango, stracciatella de café, chocolate branco com maracujá, cheesecake de frutos silvestres e manteiga de amendoim com banana.
Além destes, durante o ano, produz 20 ou 30 outros sabores, de edição limitada, que dependem também da disponibilidade dos ingredientes frescos e da inspiração da chef.
Maria Ramadas admite que muito lhe tem ajudado a sua formação em Biologia Solar e Molecular, porque equilibrar um conjunto simples de ingredientes exige também grande dose de ciência: “quanto menos ingredientes se usam, mais importante é perceber as estruturas de cada um deles. E esse conhecimento científico tem sido uma grande ajuda”.
[LER_MAIS] O público rende-se a misturas de sabor inesperadas, seja pela utilização de algumas especiarias ou até de alguns vegetais, como a abóbora, exemplifica Maria Ramadas.
“Durante o Inverno já fizemos um gelado de doce de ovos, com amêndoa torrada, que nos estão constantemente a pedir para repetir. E durante o Verão apostamos em sabores mais simples, como framboesa, mirtilo com gengibre e lima. Vamos agora produzir um de cereja”, adianta a empresária. “E a trabalheira que foi fazer gelado com o sabor das pipocas do senhor Sabino, de São Pedro de Moel?”, recorda Maria Ramadas.
Nos sorvetes, é só fruta a mostrar o seu melhor. Adiciona-se água e açúcar. E nada de leite, nada de natas. São vegan e podem ser apreciados por quem é intolerante à lactose, explica Maria Ramadas. E o único espes-sante utilizado em todos eles é naturalíssimo: goma de alfarroba, revela a empresária.
Nenhum lote é feito para durar muito tempo. Este ano foi atípico, mas, por norma, numa semana de Verão fabrica-se no máximo três toneladas de gelado.
A Fini tem alguns pomares próprios e além disso trabalha directamente com os produtores, prioritariamente com produtores locais, seja os de pera rocha do Oeste ou os de framboesas e mirtilos de Pataias, exemplifica Maria Ramadas.
Actualmente são dez os colaboradores da Fini, sendo que há Verões onde a equipa chega a duplicar, entre colaboradores da fábrica, da loja de Sesimbra, também do armazém no Algarve. Por todo o País há 260 pontos de venda da Fini, que trabalha em articulação com os seus parceiros. Em São Pedro de Moel, por exemplo, no Inverno trabalham com o Café da Praia. Já no Verão, a marca tem o seu próprio quiosque também próximo do areal.
Os gelados são servidos em pequenos frascos de vidro e com colheres de plástico biodegradável. E a própria fábrica funciona com apoio de painéis solares. A preservação do ambiente é uma das preocupações da empresa.
Quanto ao futuro, esse está cheio de projectos. Apesar de já assegurar entregas ao domicílio na zona da Grande Lisboa, a Fini está a trabalhar mais nesse processo e pretende em breve avançar com a sua loja online. Está também a estabelecer contactos com a grande distribuição para começar a comercializar gelados, em formato familiar, numa grande superfície.
A internacionalização da marca, inicialmente no mercado Espanhol, é outro dos seus objectivos, confidencia Maria Ramadas.