A procura de casa por parte de compradores estrangeiros diminuiu nos últimos três anos, mas mesmo assim em 2021 representou cerca de 16% de todo o tráfego do portal Imovirtual (era 23% em 2019).
De acordo com um estudo desta plataforma, Porto, Lisboa e Braga são as cidades eleitas pelos estrangeiros. Leiria, Aveiro e Setúbal estão igualmente entre os distritos mais escolhidos para comprar casa.
Dados facultados ao JORNAL DE LEIRIA pelo Imovirtual revelam que no ano passado os franceses foram a nacionalidade que mais procurou casa no distrito de Leiria (11,5%).
Seguiram-se os brasileiros (10,8%) e os suíços (10,2%). Também os ingleses (4,18%), os alemães (3,6%), os angolanos (2%) e os holandeses (1,3%) procuraram habitação no distrito, que foi igualmente alvo da preferência de norte-americanos, espanhóis e luxemburgueses, embora de forma menos intensa (valores na ordem dos 0,7%).
Que atractivos apresenta o distrito para captar o interesse de compradores estrangeiros?
“A região é fantástica. E os preços são mais acessíveis do que nas grandes cidades”, aponta Rui Cardeira, proprietário da Century 21 Cardeira e Costa, confirmando que franceses, brasileiros e suíços são os que mais procuram habitação no distrito.
Os franceses querem passar cá a reforma, os brasileiros vêm em idade activa, à procura de trabalho, e os helvéticos procuram maioritariamente uma segunda habitação.
As motivações de cada grupo influenciam a escolha do tipo de casa e do local.
Assim, franceses e suíços procuram sobretudo casas térreas, com piscina, em zonas mais calmas ou nas praias. “A Pedra do Ouro está a ser muito procurada”, diz Rui Cardeira.
Já os brasileiros preferem sobretudo apartamentos nas cidades, para ficarem mais próximos do local de trabalho.
O empresário diz que depois de uma quebra na procura devido à pandemia, agora se nota uma retoma. Mas “há pouca oferta e muita procura, e a escassez faz subir os preços”, reconhece.
Perto da praia e da serra, a pouca distância de Fátima, a uma hora de Lisboa e a hora e meia do Porto. Estas são algumas das mais-valias de Leiria, segundo Teresa Mesquita, gerente da Remax Inn, com escritórios em Leiria, Batalha e Marinha Grande.
Também ela refere que os franceses vêm sobretudo para passar cá a reforma, detendo já algum conhecimento do País e da região, devido ao contacto com emigrantes no seu país.
Já os brasileiros chegam à região sobretudo para trabalhar e numa fase inicial arrendam casa, ocorrendo a aquisição apenas em fase posterior, quando reúnem um conjunto de condições que lhes permitem aceder a crédito bancário.
Ainda segundo o Imovirtual, no ano passado a maior descida na procura de casa em Portugal registou-se no mercado norte-americano (queda de 79%).
Em contrapartida, subiu a procura por parte de holandeses (24%), luxemburgueses (22%), alemães (16%), suíços (13%) e franceses (8%).
Ao mesmo tempo, verificou-se um “crescimento significativo” de interessados portugueses dos 18 aos 24 anos (135%) e acima dos 65 anos (130%) a procurar casa.
Brasil (20% do total de estrangeiros), França (15%), Suíça (10%), Estados Unidos (9%) e Reino Unido (8%) são os países que mais procuraram casa em Portugal em 2021, um top 5 igual a 2020.
Já em 2019, o top era encabeçado por Estados Unidos (30%), Brasil (20%), França (10%), Suíça (7%) e Reino Unido (7%)
“É expectável que se verifique uma recuperação do interesse estrangeiro em Portugal. De acordo com dados do Banco de Portugal, o investimento directo estrangeiro em imobiliário tem sido significativo, mantendo um crescimento elevado de 8,2%, ainda que fosse de cerca de 10% em 2019. É também interessante e positivo analisarmos um aumento de interesse pelo mercado nacional por parte de diversos países europeus”, comenta Ricardo Feferbaum, director-geral do Imovirtual.
Mercado
Leiria: escritórios mais procurados
No ano passado, Leiria foi a única cidade onde se registou um aumento da procura de escritórios: 4% face a 2020 e 24% face a 2019. De acordo com o Imovirtual, em 2021 houve uma “quebra generalizada na procura de escritórios” em relação ao ano anterior em todas as principais cidades, mas sobretudo em Coimbra (30%), Braga (17%) e Aveiro (15%). Já em comparação com 2019, as maiores quebras de procura por escritório são em Coimbra (45%), Lisboa (43%) e Porto e Braga (32% em ambos os casos). Ao mesmo tempo, a nível nacional, em 2021, face a 2019, regista-se um aumento significativo da procura por terrenos (42%), quintas e herdades (28%) e moradias (15%), que já em 2020 tinham registado aumentos significativos na procura.