Durante quase 18 meses, houve sessões de educação emocional e de literacia, encontros onde se falou da história e da cultura ciganas e oficinas criativas, onde, por exemplo, se construiram caixas flamencas e criaram placas com frases escolhidas pelos moradores para identificarem as suas casas.
O GiraComigo, mais um projecto de inclusão social que a InPulsar levou a cabo no bairro social da Cova das Faias, chegou ao fim, mas deixou “sementes” de inclusão, como foi sublinhado por vários intervenientes que hoje participaram na sessão de encerramento do programa.
Pegando no exemplo das caixas flamencas, Lisete Cordeiro, directora-geral da InPulsal, frisa que os instrumentos feitos pelos participantes no projecto vão ficar e permitir que as crianças e os jovens possam “continuar a trabalhar a música, uma questão que valorizam”.
Fica também o mural, criado por um artista e por moradores, que participaram “em todas as fases do projecto”, bem como as placas que estão a ser colocadas nas casas, com frases escolhidas pelas famílias. Ficam ainda as aprendizagens em áreas como a literacia que permitiram, por exemplo, que alguns adultos, que “nunca tinha ido à escola”, conseguissem construir “pequenos textos”, como relatou Rita Felizardo, técnica da InPulsar durante a sessão realizada esta tarde.
Trabalhar competências sociais
Iniciado em Junho de 2021, o GiraComigo teve como público-alvo 40 crianças, jovens e adultos, residentes no Bairro Social Cova das Faias. Lisete Cordeiro explica que este “é um complemento do projecto Giro Ó Bairro e que procurou trabalhar “competências sociais e pessoais e mobilizar alguns dos saberes da comunidade cigana”, com vista à promoção da “inclusão social das crianças, jovens e adultos ciganos, através de oficinas para o desenvolvimento de competências sócio-emocionais” e a “dinamização de espaços de participação cívica”.
Desta vez, além dos técnicos da InPulsar, foram envolvidas a Escola de Emoções, que desenvolveu sessões na área das competências emocionais, e a Ribalta Ambição, uma associação cigana, que também desenvolveu algumas oficinas, com o objectivo de “aumentar o seu sucesso escolar e profissional, fomentar uma maior participação na comunidade maioritária e reduzir o estigma associado às comunidades ciganas”.
Valorizar cultura cigana e continuar a estudar
Segundo Lisete Cordeiro, uma das mensagens que se procurou passar é que “não se deixa de ser cigano nem se perde a cultura por continuar na escola”. Ou seja, que se pode “valorizar a cultura cigana e dar-lhe mais força” na escola continuando a estudar, à semelhança do que sucede com os elementos da associação Ribalta Ambição, que “são quase todos licenciados”.
Presente na sessão, a vereadora da Acção Social da Câmara de Leiria, Ana Valentim, destacou o trabalho da InPulsar através de projectos “com impacto muito positivo na comunidade” e no apoio a grupos vulneráveis. Salientou ainda a aposta da associação na capacitação pelas artes”, com resultados “muito interessantes” na área da inclusão. O GiraComigo é mais “uma semente” deixada pela associação no Bairro da Cova das Faias, concluiu a autarca.