Afinal o que é isto dos CorCunda? “Um projecto… uma banda… um projecto de banda, formado por três corcundas”, brinca Ângelo Calvete, que com Paulo Martinho (Piggy) e Pedro Marques (Slaughter) têm feito estremecer a casa de ensaios e, em breve, prometem fazer vibrar o público, com “rock pesado”, “agressivo”, a fazer lembrar sonoridades de outros tempos, daquelas made in Marinha Grande.
“Eu e o Piggy não estávamos a tocar e fomos desafiados pelo Gonçalo Santos, dos Ayamonte Cidade Rodrigo, para voltarmos aos projectos musicais. Começámos em 2019, mas a pandemia travou-nos”, conta Calvete. “Como outros elementos da formação inicial acabaram por sair, o Piggy, que costuma estar na guitarra, e eu, que costumo ser vocalista, pensámos em rodar nos instrumentos, para sair da nossa zona de conforto e fazer qualquer coisa diferente. E juntamo-nos ao Slaughter, para conseguirmos reunir [LER_MAIS]influências de vários quadrantes.”
“O Piggy, que foi guitarrista de bandas como No More Rock n Roll Business, Ease e A Maniact, assume desta vez o papel de baterista. Eu, que fui vocalista de No More Rock n Roll Business, Man hate Man e A Maniact, tento agora tocar guitarra e canto. E o Pedro Marques, que actualmente integra também os Hermosa Beach e Hate Disposal, assume o baixo.”
“Iniciámos os ensaios no Clube de Músicos da Marinha Grande, agora temo-nos reunido na sede das Figueiras. Entretanto, já lançámos um tema nas redes sociais, “The Void”, gravado e misturado pelo Nuno Rancho, com um vídeo editado pelo Pedro Slaughter e estamos surpreendidos com tantas visualizações”, conta Calvete.
“Parece-me que há um certo saudosismo da vida musical de há uma décadas, que a cidade tinha. Não se vêem muitos miúdos a formar bandas. Estamos cá para abanar isto de novo”, promete o vocalista. “Sempre tocámos para nós, para nosso divertimento. Mas as coisas estão a alinhar-se e pode ser bom dar a conhecer o que estamos a fazer.”
Entretanto, os CorCunda estão a preparar mais três temas e o primeiro concerto está marcado para dia 25 de Fevereiro, às 22 horas, no Clube de Músicos. Por essa altura, esperam lançar um EP.
Piggy também observa que a cidade de hoje em nada se compara à dos anos 90, quando havia “mais de uma dezena” de bandas alternativas, que quase todos os fins-de-semana davam concertos. “Se as há, não saem da garagem. Não sei se é por falta de espaços para se apresentarem ou se é falta daquele efeito corrente, de uns puxarem outros. Mas também pode ser isto de trabalhar, ter filhos e deixar de ter tempo”, supõe.
“Nós estamos na música, porque não vivemos sem ela. E dá-nos imensa pica sentir que, mesmo sem sermos músicos profissionais, há pessoal a gostar do que fazemos.É a nossa fonte de inspiração para continuar”, nota o Piggy.
Pedro, o elemento caladinho da banda, diz que sempre gostou de ouvir o Piggy e o Calvete. “Faziam-me lembrar os Faith no More, que são uma das minhas referências como baixista.”
Desafiado a integrar os CorCunda, para onde levou “mais peso, mais corpo” às músicas, Pedro lembra que de início sentiu que estava a entrar num comboio em andamento, tentando acompanhar “duas pessoas que são como irmãs, que percebem de música e que já sabem o que esperar um do outro”.
Agora, é retirar o máximo prazer de tocar. Afinal, “já lhes começo a conhecer os tiques”. Piggy reconhece-lhe o mérito, a dedicação e, sobretudo, a paciência. “Eu e o Calvete vamos tocar toda a vida. Tivemos foi de encontrar alguém que nos aturasse.”