A varanda do Paço da Rainha do Castelo de Leiria é um dos pontos obrigatórios de qualquer visita ao monumento, sobretudo pela vista única que proporciona sobre a cidade. Mas pode também ser a oportunidade de observar um dos dois casais de falcões peneireiro que, há anos, têm o seu ninho debaixo da varanda.
José Artur Pinto, professor de Ciências Naturais no Colégio de Nossa Senhora de Fátima, localizado nas proximidades do Castelo, é um apaixonado pela observação de aves. Há cerca de cinco anos, começou a acompanhar os falcões que ali vivem e já lhes conhece as rotinas.
Diz que são, “pelo menos”, dois casais, que sobrevoam a cidade logo pela manhã, fazendo-se ouvir “na perfeição”. Depois, “praticamente desaparecem” durante o dia. “Vão para zona dos Campos do Lis, onde se alimentam.
Mas, ao final da tarde, regressam ao Castelo e ao ninho que têm por baixo do Paço da Rainha”,[LER_MAIS] relata o professor, que é orientador do Clube de Observação de Aves daquele colégio e colaborador, como voluntário, do Centro de Interpretação Ambiental de Leiria.
José Artur frisa que o falcão peneireiro-vulgar (denominado cientificamente por falco tinnunculus) é uma espécie “relativamente comum” em meio urbano. “O nome peneireiro vem do movimento que faz quando pára no céu e que se assemelha ao do peneirar da farinha”, explica.
O site avesdeportugal.pt refere que se trata de um falcão “bastante regular em ambientes urbanos, facilmente reconhecível pela sua capacidade de pairar enquanto procura as suas presas”, que é comum em Portugal Continental, sendo “mais abundante em zonas agrícolas e nas imediações de aglomerados urbanos”.
O peneireiro-vulgar é um falcão “residente”, pelo que se observa durante todo o ano.
Nas próximas semanas, “começam a aparecer as crias”, que irão apreender a voar no morro do Castelo e que seguirão depois a sua vida. “Completa-se o ciclo”, como frisa José Artur, mas aqueles casais mantêm-se fiéis ao seu espaço de nidificação.
Curioso é que o local escolhido fica a dezenas de metros da Torre da Buçaqueira (ou Torre dos Sinos), existente junto à Igreja de Santa Maria da Pena, onde se abrigariam falcões e outras aves de rapina usadas pela realeza nas suas caçadas.