Meu Caro Zé,
Vais estranhar a minha pergunta e, como não tens mais informações, até poderás pôr a hipótese de elas terem sido adiadas ou, no limite, que já não havia União Europeia.
Neste último caso, o título seria diferente, como por exemplo, “Para onde foi a União Europeia?”. E olha que, estudando bem a situação, esta outra pergunta também não é descabida.
Mas voltemos à pergunta do título, que vou procurar analisar através do substantivo e do adjetivo que aí figuram. Comecemos pelo adjetivo: europeias?
A avaliar pelo que se tem passado até agora, as questões verdadeiramente europeias e, também, a lógica, os objetivos, os direitos e os deveres de Portugal nesse contexto são, praticamente, assuntos inexistentes, ou seja, começo quase a dar uma resposta negativa à segunda pergunta, que disse que não trataria, com base no modo como a Europa é tratada pelos putativos candidatos às tais eleições.
É que o que se vê são as quezílias internas, o atirar culpas, o aproveitamento de incompetências políticas, a que não são alheios objetivos de atrapalhar também a governação, saindo, afinal, o tiro pela culatra”.
É o que acontece quando se quer transformar eleições ditas europeias em eleições primárias nacionais! E aqui, “quem não tiver culpa que atire a primeira pedra”.
Passemos agora ao substantivo: Eleições!
Tanto quanto se apregoa, num espaço verdadeiramente democrático, os representantes do povo são eleitos por este, devendo ser, [LER_MAIS] portanto, responsabilizados perante os que os elegem. E é isso que acontece?
Não foi por acaso que escrevi “putativos candidatos”. É que alguns não são verdadeiramente candidatos.
Já são deputados, mesmo antes de o serem, pois os diretórios dos seus partidos já decidiram, por ordem, muitos dos que o vão ser, mesmo antes do escrutínio popular.
A prova disso é que dentro dos maiores partidos já houve zangas sérias por causa do modo como os “lugares” (isto é, os que espera que dê acesso certo a deputado!) são distribuídos.
É isto democracia, ou ainda há muito a fazer para o seu progresso para evitar a crescente alienação de muitos, cada vez mais, putativos (agora sim!) eleitores?
Por exemplo, se houvesse uma eleição num círculo uninominal, Pedro Marques seria eleito? E não só ele, evidentemente.
Quer dizer, a um tempo, não temos nem verdadeiras eleições, nem europeias. Espero que estes dias que faltam as tornem, ao menos, mais europeias. E o leitor, por favor, vá votar, nem que seja em branco.
É que a experiência mostra que o peso relativo das abstenções nestas eleições nos diversos países é um fator não irrelevante para as decisões europeias.
E Portugal precisa da Europa e esta de Portugal.
Até sempre,
*Professor universitário
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfio de 1990