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No rosto, está ainda espelhado o cansaço de três dias e quatro noites a caminhar em direcção a Fátima. Foram mais de 200 quilómetros palmilhados, entre Penafiel e a Cova da Iria, que deixaram marcas no corpo, mas que “ajudam a alma”.
Encontrámos Filomena Neves na tarde de segunda-feira, a descansar debaixo de um toldo, armado com a ajuda da carrinha de apoio que a acompanhou, a ela e a uma amiga, nesta viagem, a décima segunda que faz desde 2005.
Será aí, num terreno localizado junto à Avenida D. José Alves Correia da Silva, que passará as noites seguintes, na esperança de conseguir ver, “em pessoa”, o Papa Francisco. Isto, se não voltarem a pedir-lhe para que desmonte a tenda improvisada. Seria a terceira vez.
“Quando chegámos, instalamo-nos no parque em frente [parque 12], mas disseram-nos que não podíamos ficar, porque seria apenas para excursões. Mudámos para outro e também tivemos de sair. Vamos ver se nos deixam ficar por aqui”, conta Filomena, que lamenta a falta de um espaço onde os “peregrinos de pé rapado” possam pernoitar.
“Há muita gente, como nós, que não pode pagar para ficar num hotel. Já se vem preparado para fazer sacrifício, mas devíamos ter um mínimo de condições”, defende a mulher, com a anuência do casal amigo com quem viajou.
“Com tanto dinheiro que aqui cai, o Santuário já podia ter criado um centro de acolhimento. O problema é que os peregrinos de 'pé rapado' não interessam”, acusa Filomena Neves, enquanto explica como organizaram a logística para passar os dias até à chegada do Papa: dormirão dentro da carrinha ou debaixo do toldo, onde instalaram.
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