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Home Abertura

Há um ano, Maksym e Evgeniy viajaram 3.300 quilómetros para salvar as famílias do conflito na Ucrânia

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Fevereiro 24, 2023
em Abertura
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Há um ano, Maksym e Evgeniy viajaram 3.300 quilómetros para salvar as famílias do conflito na Ucrânia
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Numa esplanada em Monte Redondo, pela manhã, o sol soa a liberdade. Maksym, que já fala a língua do país de acolhimento, brinca com o amigo, diz que Evgeniy “não quer aprender português”. E ri-se: “é preguiça”.

Há um ano, com a agressão da Ucrânia pela Rússia a desencadear os primeiros combates e bombardeamentos, os dois viajaram de carro durante 3.300 quilómetros para salvar as famílias da guerra e colocá-las em lugar seguro.

Depois de atravessarem Portugal, Espanha, França, Itália, Eslovénia e Hungria, entre lágrimas reencontraram-se com os familiares na fronteira com a Ucrânia, do lado de cá, em solo húngaro, na vila de Tiszabecs.

Evgeniy trouxe a filha (à data, com apenas dois anos de idade) e a mulher; Maksym resgatou a mãe, a sobrinha (ainda bebé) e a cunhada.

Ao todo, a primeira missão de resgate coordenada pelo município deslocou para Leiria um grupo de 21 ucranianos, que agora procuram refazer as coordenadas de uma existência abruptamente condicionada pelo perigo.

“Queremos ficar. A nossa zona da Ucrânia está muito destruída. Não tem vida”. Maksym, que já estava em Portugal, a trabalhar, quando a ofensiva russa começou a 24 de Fevereiro, conta que o pai permaneceu sozinho, semanas a fio, na região do Donbass. “Ele ficou em casa, durante cinco meses, num quarto debaixo da terra. Não podia sair para a rua. De um lado, russos, do outro lado, ucranianos. E a aldeia fica dentro”.

Para se alimentar, “pepinos salgados”, e, “às vezes”, algumas conservas, distribuídas por militares. Já se juntou ao filho em Portugal, mas a saúde não é a mesma. “Não pode andar. Músculos, ossos, não funcionam”, explica Maksym, que continua a procurar ajuda para o pai e até agora não conseguiu, junto da Segurança Social, qualquer apoio. “Cinco meses, uma cadeira e um balde para fazer chichi. Sem luz, sem nada”.

A mãe, entretanto, saiu de Leiria e está a viver nos Estados Unidos. Do grupo de 21 ucranianos, uma parte continua em Leiria, outra parte relocalizou-se noutros países e também há quem tenha regressado à Ucrânia.

“O coração dela está na Ucrânia”

Quando os tanques enviados por Putin consumaram a invasão, há um ano, Evgeniy também se encontrava em Portugal, mas tinha chegado apenas algumas semanas antes. Após uma temporada em Monte Real, actualmente vive na Guia, numa “casa maior”, com a mulher, Alyona, e a filha, Amina.

Só ele tem trabalho, no sector da construção. Enquanto refugiadas, Alyona e a filha recebem prestações sociais do Estado português. Estão todos legais. E reconhecem a rapidez do processo. “Temos todos números, podemos trabalhar”. A mãe quer aprender português e empregar- se, mas Amina “não tem vaga” na escola, adianta Maksym. “Ela já pediu, mas… Para a semana, vamos falar com o presidente da junta de freguesia”.

Leia também: Nadia regressou à Ucrânia: “Vive-se com a guerra à nossa volta”

A habitação também tem sido um problema, adiantam ao JORNAL DE LEIRIA. “Muito difícil. Não há. Zero. Ou cara”. Desde que estão em Portugal, não sobra dinheiro no quotidiano de Alyona e Evgeniy. Como em todos os agregados familiares, há contas para pagar. Renda, luz, água e outras despesas. “Muito complicado”. No entanto, também há “calma” e “segurança”, que são importantes, nesta fase. “O coração dela está na Ucrânia, mas ela quer ficar”, diz Maksym, que é funcionário de uma fábrica de cerâmica, sobre Alyona. E ele acrescenta: “Já não gosto de ver notícias. Não temos notícias boas, só todos os dias pior”.

À distância, a vida prossegue. As famílias de Maksym e Evgeniy mantêm-se próximas, apoiam-se e nos fins-de-semana encontram tempo para celebrar a amizade. “Nós gostamos, sábado e domingo, gostamos de viajar”. Já conhecem Peniche, Nazaré, São Martinho do Porto, Lisboa, o Douro, o Algarve, a Serra da Estrela. E gostam do sol, do calor português. “Temos de nos apoiar uns aos outros”

“Temos de nos apoiar uns aos outros”

A invasão da Ucrânia pela Rússia iniciou- se a 24 de Fevereiro e logo na semana seguinte, no dia 4 de Março, saiu de Leiria a primeira caravana humanitária organizada pela Câmara de Leiria, com destino a Tiszabecs, na Hungria. Um trajecto de 6.600 quilómetros (ida e volta) e seis dias de viagem. O município acolheu a iniciativa da comunidade ucraniana em Leiria, que manteve contactos com o país de origem, para resgatar pessoas e remeter donativos. A missão – que o JORNAL DE LEIRIA integrou e acompanhou na estrada – contou com apoio do Grupo Movicortes e da Matcerâmica.

Leiria enviou um camião com produtos alimentares e diversos artigos doados por particulares e empresas, além de cinco viaturas (em algumas delas também seguiram bens) que serviram para trazer para Portugal um grupo de 21 ucranianos, que aguardavam na fronteira. Nas derradeiras horas de 9 de Março, foram dos primeiros a instalar-se no Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, embora alguns deles, logo na primeira noite, tenham ficado alojados com amigos ou familiares.

Para Olena e o filho, Vlad, a antiga escola primária da Martinela é agora casa, um lar para onde se mudaram em Abril do ano passado. Entretanto, Olena conseguiu trazer a mãe para Portugal e para a Martinela. Vivem com Alina e a filha, Sofia, outra família que veio no grupo de 21 ucranianos que chegou ao Estádio Magalhães Pessoa a 9 de Março. Já se conheciam, na Ucrânia. São da mesma região, perto de Kiev.

No começo, as ajudas do Município de Leiria, e de cidadãos particulares ou empresas, tornaram tudo mais fácil, mas, com o tempo, chegaram as despesas e as primeiras dificuldades. Pagam renda e dependem do salário, que é curto. “É por isso que temos menos dinheiro… menos, menos dinheiro”, explica Olena. “Pagamentos, pagamentos, mais e mais… mas, ainda assim, é óptimo termos esta casa”. E o rendimento é o suficiente? “Mais ou menos. É realmente bastante difícil”. Os preços, pressionados pela inflação, também pesam. “Temos de nos apoiar uns aos outros”.

Olena e Alina (em cima) com Vlad e Sofia (Foto de Ricardo Graça)

Olena e Alina estão ambas empregadas na indústria, na mesma unidade. “O trabalho não é usual para nós, na Ucrânia não trabalhávamos numa fábrica. É difícil, mas temos de ganhar dinheiro”. Não contavam continuar em Portugal, um ano após o início do conflito. “Claro que não. Todos os dias esperamos que [a guerra] páre, mas não pára. Vivemos e esperamos”.

Regressar à Ucrânia não é uma possibilidade. Neste momento, seguramente, sentem-se acolhidas e escolhem permanecer. “Temos trabalho, temos tudo o que precisamos”, confirma Olena. “Claro que sentimos falta das nossas famílias e amigos, mas é muito cedo. É muito perigoso e está a tornar-se cada vez mais perigoso”. E se a guerra terminar? “Realmente, não sei”. Olena ainda tem o marido na Ucrânia e Alina a mãe. “Muito frequentemente, é perigoso e eles estão realmente assustados”. As condições de vida pioraram, lá, com salários mais baixos e bens essenciais mais caros. Tudo está diferente. “Tudo”.

Em Portugal, Vlad frequenta o primeiro ciclo na escola do Arrabal e apaixonou-se pelo futebol. Sofia, que jogava voleibol na Ucrânia, é aluna do ensino secundário (desloca-se para Leiria de autocarro) e já fez várias amizades, que “ajudaram muito”.

Além do trabalho, das compras e da organização da rotina diária, entre as refeições e o estudo dos mais novos, o grupo tenta, sempre que possível, sair de casa. “Quando estava calor, praia. O oceano, porque realmente ajuda a relaxar”. Muitas vezes, a Nazaré, que consideram “um lugar mágico”. Também já conhecem Lisboa.

“Gosto muito de Portugal, mesmo. É um amor meu para sempre. Gosto realmente da Natureza, da atmosfera, das pessoas”, comenta Olena, que quase se sente forçada a acrescentar. “Estou aqui contra os meus planos, logo, há momentos em que estou infeliz”.

Vlad e Sofia já começam a dominar o português. O mais novo “é como uma esponja”. Longe do ambiente urbano de Kiev, a tranquilidade da aldeia, na Martinela, é talvez o que precisam, por enquanto. E os bons vizinhos fazem com que se sintam integrados. “Temos sorte”, diz Olena. “São muito simpáticos”.

Habitação e salários preocupam

A presidente do núcleo de Leiria da Associação dos Ucranianos em Portugal, Yuliya Hryhor’yeva, avançou à agência Lusa que o acesso à habitação e à saúde (neste caso, devido à barreira linguística) são os principais problemas que enfrentam os refugiados da Ucrânia em Portugal. Os preços dos bens e os poucos rendimentos dos refugiados são outras dificuldades. Há ainda situações de exploração laboral e de refugiados que aguardam há vários meses para que lhes sejam atribuídos números de contribuinte ou de utente, sem os quais não podem ter ajudas, por exemplo, da Segurança Social.

Até à data, o núcleo de Leiria da Associação dos Ucranianos em Portugal apoiou 100 famílias refugiadas e continua a ajudar algumas. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, Leiria recebeu centenas de pessoas fugidas dos bombardeamentos. Logo nos primeiros dias, os municípios da região prepararam-se para receber 1.500 refugiados. Só a Câmara de Leiria, acolheu 300 – e ainda mantém apoio aos que solicitam, segundo a vereadora Ana Valentim, citada pela Lusa.

O município faz, actualmente, um trabalho de acompanhamento aos 10 deslocados de guerra que estão numa casa cedida pelo Seminário Diocesano de Leiria. No bairro da cimenteira Secil permanecem 15 pessoas. Há 50 alunos refugiados da Ucrânia a frequentar escolas do concelho de Leiria.

Etiquetas: Leiriaucrânia
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