Benjamin Roman Jr, 53 anos de idade, nascido nos Estados Unidos numa família originária de Porto Rico, criado em Nova Iorque no Harlem de sotaque espanhol e depois no Bronx, pai de duas crianças, menino e menina, que também já vivem em Portugal, pintor, fotógrafo e poeta, é o proprietário da mais recente galeria de arte em Alcobaça, de portas abertas no coração do centro histórico da cidade, junto ao rio Alcoa e muito perto do Mosteiro, no número 1 da Rua Doutor Brilhante.
“Portugal dá-me paz”, resume. E inspiração. “As cores”, “o pôr do sol”, “as horas douradas”, “a arquitectura”, entre muitos outros motivos que encontra do lado de cá do Atlântico, garantem a força e a energia para novos retratos e paisagens, maioritariamente realizados em aguarela. Estão disponíveis na galeria da Rua Doutor Brilhante, a Benjamin Roman Fine Art Gallery, juntamente com alguns trabalhos de fotografia e de poesia, de que também é autor.
A mudança para Portugal, com residência permanente há menos de um ano, depois de visitar o País enquanto turista, tem “muitas razões” que a explicam. “O clima, as pessoas, a comida, e, para um artista como eu, é o céu”, diz ao JORNAL DE LEIRIA. “É história e é lindo. Eu, realmente, apaixonei-me”.
O que está para trás no percurso de Benjamin Roman Jr é tudo menos um conto de fadas. “Estou vivo e nem sei como é possível”, comenta. “Várias vezes na minha vida me apontaram uma arma. Vi muitas coisas más”. A criminalidade, a insegurança, o racismo, a violência, levam-no a descrever a América como “um lugar muito perigoso”.
Abandonados na infância, ele e a irmã viveram num orfanato até a avó paterna os localizar e acolher no Bronx, no 13.º piso de um prédio de habitação social, num bairro assombrado por perigos e desafios, durante os anos 70 e 80. “Ela não me deixava ir para o exterior a horas tardias”, descreve. “Por vezes, não nos deixava sair, de todo, e por causa disso passei muitas horas em casa a desenhar”.
Em 1992, Benjamin conseguiu a primeira exposição, na Universidade de Nova Iorque. Estudou no Fashion Institute of Technology e na Jersey City University. Diz-se influenciado por artistas plásticos como Alphonse Maria Mucha e Ferdinand du Puigaudeau, tanto como pelo ilustrador e pintor Norman Rockwell.
Em Alcobaça, está a experienciar uma nova etapa na relação com a arte, que também é o meio para proporcionar aos filhos um ambiente seguro. E, sempre, rodeado de cavaletes, tintas e pincéis. “Internamente, gravito em direcção à beleza. Quando pinto, tento pintar algo positivo”.