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Home Opinião

Homo Melancholichus

Paulo José Costa, psicólogo clínico por Paulo José Costa, psicólogo clínico
Maio 28, 2022
em Opinião
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“Espero logo serei”, afirma o filósofo alemão Ernst Bloch no seu livro O Princípio da Esperança.

A melancolia é uma condição da existência, e nesse estado confluem muitos sentimentos dicotómicos: ligeireza e peso; ameaça e serenidade; temor e encantamento.

É curiosa a definição que Italo Calvino concede à melancolia: “tristeza despojada de peso”.

É um facto que a melancolia pode eclodir sob a forma de recordações conscientes do passado real, ou sob contornos inconscientes de um imaginário esperado.

Ter a impressão de que algo nos faz falta, mas não saber exactamente o que é, e por essa razão, ir em busca do que se reconhece como tendo sido perdido.

A melancolia incita à criatividade, alimentando um sentimento nostálgico pelo passado.

Se desconstruirmos a palavra ‘nostalgia’, que provém do grego “nostos” (regresso) e “algos” – cujo campo semântico inclui vocábulos como ‘dor’, ‘tristeza’ ou ‘sofrimento’ – percebemos o seu carácter ambivalente, uma espécie de mágoa que integra consolo e esperança, dor acompanhada de alento interconectando-se em permanência.

A melancolia pode transformar-se em medo e levar-nos ao distanciamento do outro.

Hannah Arendt apelida-a de “virtude mais elevada do Homem”, potenciando o consolo e o sentido de solidariedade pela capacidade de nos emocionarmos.

Desde a Antiguidade até ao Renascimento que é fundamento da arte e do pensamento, e a sua ligação com a sabedoria está bem patente na gravura mais famosa da época renascentista – a alegoria de Albrecht Dürer (Melancolia I, 1514).

Podemos mesmo afirmar, perante esta imagem, que a alma sobrevive se mantiver acesa a chama das emoções antagónicas, sem que nenhuma delas se extinga.

Saudade e insatisfação são sinónimos de melancolia, anseios agridoces de que alguma coisa esperançosa (mas ausente), nunca possa estar de todo presente.

Clarice Lispector, peculiarmente, caracterizou a saudade “um pouco como a fome: só passa quando se come a presença [do objecto do nosso anseio].

Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda”.

Esta concepção remete para um anseio transcendente, uma realidade imprecisa, numa inquietude inaudita que parece contemplar um sentimento de desejo de fundição com o outro, para alcançar a experiência de unificação absoluta.

Estamos perante outra virtude: a consciência da perda e transitoriedade da vida.

O amor e a arte são os melhores antídotos para a melancolia, experiências que poderão transportar-nos para a interioridade.

Quem usa a expressão criativa ama, pintando, escrevendo, compondo, dançando, representando, comovendo-se, movendo-se num ritmo presente, ainda que com rasgos de passado e horizontes de futuro.

Captando as subjectivas e irregulares pulsões da vida, o homem, por via da arte e do amor, sustém o tempo no que Maurice Blanchot designou de “onde as coisas não têm nome e nada é definitivo”.

Um “ponto obscuro” que os poetas e os artistas exploram até à exaustão, submetendo-se à ordenação simbólica da linguagem e da matéria indizível.

Arte e amor são formas de ensejo livre que nos renovam.

Perseverar na espera é o corolário da melancolia. Tal pressupõe o esvaziamento das expectativas e representações que impossibilitam a mudança.

Por isso é tão acutilante a premissa de Epicuro, a respeito do estado emocional a que aludimos, pausa contemplativa que antecede a exploração de novas possibilidades, numa era em que os momentos de reencontro connosco são cada vez mais escassos: “A melancolia é descansar em si mesmo”.

Etiquetas: opiniãoPaulo Costa
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