Todo o ser humano tem direitos e deve ser respeitado e ser respeitador. Cada indivíduo vai descobrindo e construindo a sua identidade pessoal e realiza-se enquanto homem ou mulher. É alguém que na sua idiossincrasia é ser biopsicossocial, cultural e espiritual. Nunca é um ser fechado e acabado, mas está em crescimento para a maturidade.
Cada vida começa com dons inatos, ADN, cromossomas, que vão determinar as características físicas: cor do cabelo, estrutura física, etc. A pessoa é corpo, tem corpo, mas é mais do que corpo. Não é só materialidade. Tem inteligência, tem coração, tem afetividade. É ser com espiritualidade, tem abertura à transcendência e pode transcender-se.
A sexualidade é componente da corporalidade e da mente. Deve ser entendida, vivida e integrada no contexto do amor, dos afetos, abertura à vida, e sã relação interpessoal. Aponta-se para o amor oblativo e não possessivo.
A afetividade tem de ser bem direcionada e equilibrada. A sexualidade, na vertente mais genital, está orientada para o serviço à vida e bem do casal. As relações interpessoais do casal requerem uma ética com valores: unidade, fidelidade, indissolubilidade, respeito. Tudo em ordem à felicidade individual, familiar, e da sociedade.
Todavia, nas comunidades, vivem-se várias tendências e orientações sexuais. Referimos a orientação heterossexual, a grande maioria da população, e a orientação homossexual, uma das tendências das minorias, mas muito significativa.
Por exemplo, em França, julga-se que o fenómeno homossexual ronde os 4% da população. Tema tabu e de preconceitos. Há muitas perguntas com más respostas e muitas perguntas sem resposta.
Os psicólogos, os moralistas, os guias espirituais, os legisladores, têm mais dúvidas do que certezas. Indico dois autores e dois livros com reflexão sobre a temática: Xavier Thévenot, francês (Homosexualités masculines) e Domenico Pezzini, italiano (As mãos do Oleiro, um filho homossexual: o que fazer?).
[LER_MAIS] Nomeio duas associações que acolhem e ajudam homossexuais: “David e Jonatan”, em França, e “La Fonte”, na Itália. Domenico estrutura o seu livro em quatro partes: acolher, compreender, ajudar, e testemunhos.
Thévenot, a partir de um inquérito a homossexuais cristãos, faz uma reflexão aprofundada, na busca de uma moral cristã sobre o tema. E apresenta as condicionantes que influenciam a conduta sexual: fatores somáticos, sociais e psico-educativos.
Não vale tudo no campo da sexualidade. Alguém diz que é “um assunto mais do pescoço para cima do que do pescoço para baixo”. Há lei natural, lei divina, e lei civil. Os cristãos seguem a moral cristã.
Na pirâmide de necessidades de Maslow, não está a “urgência sexual”. Porém, ninguém pode viver sem amar, nem viver sem ser amado. Do nascimento à idade adulta, há etapas de crescimento e processos de aprendizagem e de maturação.
Os jovens passam pelas crises e discernimento. Os jovens precisam de acompanhamento e de ajudas. Os jovens sabem que há amor sem sexo e sexo sem amor? Sabem que o órgão sexual mais importante é o cérebro?
Independentemente da orientação sexual, todos os crentes (casados, solteiros, celibatários) são chamados à castidade, aos relacionamentos não degradantes da dignidade da criança, do homem ou da mulher. Os atos das homossexualidades são questionados, porquê?São contrários à castidade, não são complementaridade afetiva e sexual, excluem o dom da vida.
Os homossexuais não podem ser condenados ou discriminados pelo facto de o serem. Também não devem ser exibicionistas. Deve-se-lhes dignidade, acolhimento e ajuda.
A moral cristã não condena as pessoas ou tentações, mas os atos. Há tendências que são de natureza transitória.
*Padre
Texto escrito de acordo com a nova ortografia