Volvida uma década desde que foi inaugurada, a horta comunitária da Marinha Grande tornou-se essencial para muitos, especialmente para os imigrantes que têm chegado à cidade, explica ao nosso jornal Luiz Branco, coordenador do projecto.
“Cerca de 50% do espaço é ocupado por estrangeiros, pessoas de Cabo Verde, Ucrânia, Moldávia, entre outras nacionalidades, que residem na cidade, e que não têm alternativas para cultivar”, nota o coordenador, surpreendido, pela positiva, com a dinâmica que o projecto conquistou ao longo de dez anos.
Ruslan Chura, de 43 anos, é um dos utilizadores desta horta. Começou a cultivar neste espaço “há quatro ou cinco anos, pouco depois de ter chegado à Marinha Grande”. Já tinha o hábito de trabalhar a terra, [LER_MAIS]quando vivia na Ucrânia e por cá continuou.
“Moro num apartamento, não tenho terreno nenhum. Daqui saem frutas e legumes mais saborosos e poupa-se algum dinheiro”, justifica Ruslan. Framboesas, morangos, curgetes, tomates, peninos, beringelas e feijões são alguns dos produtos que tem retirado da horta.
Natural da Ucrânia, também Olga Holoshchuk, de 40 anos, tem utilizado este espaço desde há “três ou quatro anos”. São várias as razões pelas quais usa a horta. Não só pela frescura dos legumes e das frutas, que “fazem bem à saúde”, mas também para “poupar dinheiro” e para “ocupar o tempo”, conta Olga, que já leva consigo o filho de 10 anos, a quem está a ensinar algumas dicas de agricultura.
Situado na zona da Guarda Nova, o terreno, de 400 metros quadrados, é constituído por 60 lotes, que estão totalmente ocupados, havendo “sempre pessoas a perguntar se há áreas vagas”, comenta Luiz Branco.
Presentemente, a horta é usada por 25 utilizadores, alguns com várias parcelas, sendo que, desde 2013, já passaram pela infra-estrutura mais de 100 famílias, frisa o coordenador.
Neste projecto, “o objectivo não é fazer dinheiro”, aponta Luiz Branco, referindo que arrendar um lote custa um euro por mês, valor simbólico destinado à compra de combustível para um motor que possibilita fazer as regas.