Fala-se sobre a doença, identificam- -se formas de promover a saúde mental e de “desconstruir temáticas” e capacitam-se pacientes, profissionais e comunidade para que possam ser “agentes promotores da destigmatização”.
É assim que procura funcionar o grupo anti-estigma, criado no âmbito do Hospital de Dia do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospital de Leiria (CHL), unidade que abriu há um ano, nos Andrinos, e que funciona como internamento intermédio.
“No processo terapêutico é extremamente importante que os utentes compreendam e aceitem as suas doenças, sendo que, para tal, é fundamental a redução do estigma associado”, frisa Cláudio Laureano, director do Serviço de Psiquiatria do CHL.
O médico explica que o grupo funciona “de forma interna e integrada” nas actividades de psicoterapia de grupo do Hospital de Dia, sendo dinamizado por uma médica (Ana Poças), uma psicóloga (Joana Correia) e uma terapeuta ocupacional (Carina Reis).
Conta ainda com o suporte da equipa de enfermagem e assistentes operacionais da unidade. O objectivo final é combater o estigma que ainda está associado às patologias do foro mental.
“O ser humano tem vindo a demonstrar uma cruel necessidade de distinguir a diferença com a afirmação do próprio e do seu grupo através da depreciação e preconceito do outro. A doença mental é exemplo disso mesmo e permanece como um rótulo desonroso para quem tem o infortúnio de viver com ela, quer pelo doente mental ser considerado perigoso quer por ser considerado fraco”, afirma Cláudio Laureano.
[LER_MAIS] O médico frisa, contudo, que “a estigmatização não é exclusiva da pessoa com doença mental, afectando ainda psiquiatras, psicólogos, instituições psiquiátricas e profissionais que trabalhem na área” e que “tudo isto limita e atrasa a procura de ajuda especializada”.
O grupo anti-estigma do Hospital de Dia do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental do CHL vai dar-se a conhecer, no próximo dia 23, num encontro a realizar no auditório do Hospital de Santo André, a partir das 9 horas.
Durante a sessão, haverá também uma conferência subordinada ao tema Estigma face à doença mental – Que realidade? Será ainda apresentado o projecto Vozes de Esperançada associação Encontrar+se, sediada no Porto.